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Do Vasco à velocidade: o esporte no repertório de Erasmo Carlos

Canção em homenagem ao Cruz-Maltino e muita irreverência fazem parte das músicas que 'Tremendão' fez 

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Um dos maiores nomes da música brasileira, Erasmo Carlos deixou em seu acervo canções que falam sobre o esporte. O cantor, compositor e ator, que morreu aos 81 anos nesta terça-feira no Rio de Janeiro, invariavelmente fez menções ao Vasco, seu clube de coração.

A mais conhecida dos torcedores cruz-maltinos atende pelo nome de "Nosso Vasco Campeão". Lançada em 1998 para um disco temático pelos 100 anos de fundação do clube, a canção foi escrita por Erasmo e seu parceiro mais constante, o também vascaíno Roberto Carlos.

A gravação foi especial para Erasmo Carlos por outro motivo: ele dividiu os vocais com Gugu Esteves. Seu primogênito, que se chamava Carlos Alexandre Esteves, morreu em 2014, aos 40 anos, após ter sofrido um acidente de moto. Gugu foi apresentador da Vasco TV.

O "Tremendão" ainda interpretou a música no show "Vamos Todos Cantar de Coração", que se transformou em DVD em 2012.

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NOSSO VASCO CAMPEÃO (Roberto Carlos / Erasmo Carlos)

Que bonito é o início da constelação

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De estrelas amarelas,

Na bandeira do Vascão

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Sai da frente

Que o nosso Vasco vai passar

Grande como é sua torcida

Unida pra fazer seu time campeão, mas que emoção

Nas águas da vitória eu vou nadar

E no Maracanã vou festejar

Cruz de malta no peito do almirante,

Fé em Deus, nosso eterno comandante

Obrigado..

A bola vai rolar, o bicho vai pegar

E a rede balançar

Encantado..

Por essa multidão de preto e branco,

É a cruz de malta no lugar do coração

Erasmo Carlos
Erasmo Carlos Erasmo Carlos

Erasmo 'criou' saga de piloto de corrida em canção (Fotos: Reprodução/TvReprodução/Twitter

O cantor e compositor ganhou projeção no decorrer do iê-iê-iê. Neste período, escreveu "Parei na Contramão" em parceria com Roberto Carlos e as versões de "Splish Splash" e "O Calhambeque" (ambas na voz de RC). Posteriormente, Erasmo ganhou projeção com "Festa de Arromba", "O Caderninho", "Vem Quente Que Eu Estou Fervendo" e "Você Me Acende".

O fascínio com histórias de velocidade já era visto em parcerias como "Eu Sou Terrível" e "O Homem da Motocicleta". Até que, em 1969, foi lançada "Johnny Furacão", que contava as desventuras de um piloto que corria em busca de seu sonho.

Johnny queria chegar ao panteão dos irmãos Fittipaldi, de Camilo Cristófaro e Marivaldo Fernandes.

JOHNNY FURACÃO (Erasmo Carlos / Roberto Carlos)

Esta é a história de Johnny Furacão

Cara que bem cedo desejou ser campeão

Vivia alimentando esse desejo profundo

Da pista ele queria ser o melhor do mundo

Juntou dinheiro, ninguém queria

Mas Johnny testava seu carro todo dia

Sonhava ter um dia seu nome no jornal

E o povo gritando que ele era o maioral

Vinte segundos ele conseguiu na milha

Tratava sua Porsche como se fosse filha

Tala dez gasolina de avião

Assim era o carro de Johnny Furacão

Tudo pronto, não falta nada

Só a vitória e o beijo da namorada

Mas afinal chegou o grande dia

Tanta gente assim há muito tempo que eu não via

Camilo, Marivaldo, os irmãos Fittipaldi

Em corrida assim não se existe campeão que falte

A largada, disputada

Johnny sai na frente num pique diferente

Alguém comenta na multidão

Bicho esse cara ainda vai ser campeão

A vitória já vai chegando

Johnny, de alegria, já está chorando

Está pensando no que vai dizer

Não pode aparecer chorando na TV

Falta pouco para ele ser o maioral

Quando o carro quebra na curva principal...

Zico e Pelé
Zico e Pelé Zico e Pelé

'Zico tá no Vasco, com Pelé': brincadeira de Erasmo se tornou 'verdade (Fotos: Reprodução/TvReprodução/Twitter

Já em 1981, no LP "Mulher" (onde, além da faixa-título, também estourou a canção "Minha Superstar"), a paixão vascaína voltou a entrar em cena no repertório de Erasmo Carlos. A canção "Pega na Mentira" trouxe um verso que talvez entregasse um desejo do compositor: "Zico tá no Vasco com Pelé". Curiosamente, ambos os atletas vestiram a camisa cruz-maltina.

O "Rei do Futebol" foi o primeiro, em um Combinado Santos-Vasco. Naquele período, os dois elencos formaram um combinado para participarem da Taça Morumbi, um torneio amistoso internacional. Pelé estampou a cruz de malta em seu peito em três partidas.

O eterno camisa 10 marcou três gols na goleada por 6 a 1 sobre o Belensenses (POR). Depois, foi responsável por fazer os gols do Combinado Santos-Vasco tanto no empate em 1 a 1 diante do Dinamo Zagreb, da Iugoslávia, quanto no 1 a 1 com o Flamengo.

Já o Galinho vestiu a camisa vascaína em 1993. Convidado para o jogo de despedida de Roberto Dinamite dos gramados, Zico entrou em campo no Maracanã junto com o elenco do Vasco. Vestindo a camisa 9, o craque tentou tabelas com Dinamite durante 45 minutos na partida na qual o Vasco perdeu para o La Coruña (que tinha Bebeto) por 2 a 0.

A canção ainda cita outra figura folclórica do Rio de Janeiro: o "Beijoqueiro". José Alves de Nunes se notabilizou por aparecer em diversos eventos dando beijos em celebridades (entre eles, jogadores de futebol) e, vez ou outra, estava no Maracanã.

PEGA NA MENTIRA (Erasmo Carlos / Roberto Carlos)

Zico tá no Vasco, com Pelé

Minas importou do Rio, a maré

Beijei o beijoqueiro na televisão

Acabou-se a inflação

Barato é o marido da barata

Amazônia preza a sua mata

Pega na mentira, pega na mentira

Corta o rabo dela, pisa em cima

Bate nela, pega na mentira..

Já gravei um disco voador

Disse a Castro Alves seu valor

Em Copacabana não tem argentino

Sou mais moço que um menino

Vi Papai Noel numa favela

O Brasil não gosta de novela

Pega na mentira, pega na mentira

Corta o rabo dela, pisa em cima

Bate nela, pega na mentira...

Sônia Braga é feia, não é boa

Já não morre peixe, na lagoa

Passa todo mundo no vestibular

O amor vai se acabar

Carnaval agora é um dia só

Sem censura e guaraná em pó

Pó, pó, pó...

Pega na mentira, pega na mentira

Corta o rabo dela, pisa em cima

Bate nela, pega na mentira...

Dinamite, Roberto Carlos e Erasmo Carlos (Reprodução / Facebook)
Dinamite, Roberto Carlos e Erasmo Carlos (Reprodução / Facebook) Dinamite, Roberto Carlos e Erasmo Carlos (Reprodução / Facebook)

Erasmo Carlos em foto com Dinamite e Roberto Carlos no lançamento do filme 'Minha Fama de Mau' (Reprodução / Facebook)

Em seu disco "Pra Falar de Amor", lançado em 2001, Erasmo Carlos utilizou o futebol como alegoria para contar situações nas quais as pessoas ficam sem saída. E assim surgiu a expressão "me avisa quem vai ficar no gol!", referência a uma posição ingrata tanto nas peladas quanto no futebol profissional.

A música, de autoria apenas de Erasmo Carlos, tem uma letra bem irreverente e com uma boa reflexão. O "Tremendão" ainda deixa como legado discos do quilate de "Erasmo Carlos e Os Tremendões", "Carlos, Erasmo", "Sonhos e Memórias", "Erasmo Carlos Convida" (Volumes 1 e 2), "Amar Pra Viver ou Morrer de Amor", "Santa Música" e "Amor É Isso", entre outros.

QUEM VAI FICAR NO GOL? (Erasmo Carlos)

Paulo gravou um disco que não tocou em nenhum lugar

Se o povo não escuta, não cai no gosto e não vai comprar

É que o rádio só toca o que o povo quer escutar

E o povo só compra o que ouviu o rádio tocar

Me avisa quem vai ficar no gol!

Quando o salário aumenta, a voz do povo quer festejar

É mais uma graninha no fim do mês pra poder gastar

Só que pra ter o aumento o dinheiro sai de algum lugar

E seja de onde for, é o próprio povo quem vai pagar

Me avisa quem vai ficar no gol!

Quem vai ficar no gol!

Quem vai ficar no gol!

Quem vai ficar no gol!

Pagou uma nota preta por um sapato italiano

Grife das mais famosas, seus pés na moda, era o seu plano

Examinando o bicho, ficou com cara de imbecil

Embaixo da palmilha estava escrito "made in Brazil"

Me avisa quem vai ficar no gol!

João fez aniversário e convidou uma multidão

Num restaurante caro, comemorou com muita emoção

Todos comeram muito e beberam mais do que já se viu

Quando chegou a conta, o garçom gritou: Seu João sumiu!

Me avisa quem vai ficar no gol!

Quem vai ficar no gol!

Quem vai ficar no gol!

Quem vai ficar no gol!

Rosa, namoradeira, amava Antônio e Sebastião

Só que eles eram gêmeos e ela curtia a situação

Entre seus dois amores, um belo dia, ela se distrai

Quando nasceu o filho, os irmãos disseram: "é cara do pai!"

Põe a rede na baliza

E me avisa quem vai ficar no gol

Quem vai ficar no gol!

Quem vai ficar no gol!

Quem vai ficar no gol!

Quem vai ficar...

Quem vai ficar...

Quem vai ficar no gol!

E aí, Alcides

Vem cá, vem cá, vem cá

Vê só, rapaz

O cara nasceu, cresceu com o pai dizendo

Meu filho, seja honesto, um dos mandamentos é a honestidade

Não roube nunca, jamais

E aí o cara vai crescendo

Daqui a pouco ele vê na manchete do jornal

Fulano dá desfalque no dinheiro público

Aí ele vai ver, é o pai dele

Que vergonha! Alguém tem que ficar no gol

Alguém tem que ficar no gol

Quem é que vai ficar no gol?

Alguém tem que ficar no gol

Porque este país precisa que alguém fique no gol

Porque ninguém quer ficar no gol

Alcides, me diga, isso é possível?

Não é, não é

Alguém tem que ficar no gol neste país...

Quem vai ficar no gol?

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