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Coluna do Bichara: Verão na Europa e inverno na Ferrari

Durante a disputa do GP da França, vencido por Max Verstappen neste domingo (24), a cena da corrida foi, sem dúvidas, o acidente sofrido por Charles Leclerc enquanto liderava

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Em 1932 um francês inventou uma bebida à base de erva-doce, o pastis, e criou uma marca, a Ricard, que hoje é líder de mercado com mais de 40 milhões de litros vendidos em todo mundo. Em 1970 esse mesmo francês, chamado Paul Ricard, construiu no Sul da França um autódromo de F1 que leva o seu nome. E lá, uma vez mais, sob um sol escaldante, foi disputado o GP da França (que infelizmente ano que vem estará fora do campeonato, provavelmente sendo substituído por Kyalami, na África do Sul).

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A segunda metade da temporada começou na sexta com uma ou outra novidade: Nick de Vries (campeão da GP2 e piloto reserva) treinando pela Mercedes (9º lugar, pouco mais de meio segundo atrás de Russel), Carlos Sainz de motor novo e por isso condenado a largar ao final do pelotão, e Lewis Hamilton comemorando seu 300º GP trocando gentilezas com Fernando Alonso (com quem dividiu a McLaren de 2007, e, numa entrevista, concedeu o título de principal rival).

Com o asfalto de Le Castelet fervendo, já se antevia protagonismo para a estratégia de pneus. No sábado a classificação transcorreu sem surpresas, com os donos da casa, Pierre Gasly e Esteban Ocon, sendo eliminados antes do Q3. Mick Schumacher teve sua volta deletada por conta da chatice dos limites de pistas, já criticada em nossa última coluna. O Q3 foi animado, com 7 equipes diferentes disputando as 10 primeiras posições, e acabou decidido pela inteligente estratégia da Ferrari que lançou Carlos Sainz para dar o vácuo para Charles Leclerc, o que lhe rendeu preciosos décimos e a pole position. Max Verstappen cravou a 2ª posição, seguido de Sergio Perez, Hamilton, Lando Norris (que se meteu entre as Mercedes) e George Russel.

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No domingo Leclerc largou bem, defendendo a ponta e fazendo valer a superioridade da Ferrari em termos de velocidade de reta (335 km/h contra 328 km/h das Red Bull). O monegasco foi seguido de perto por Verstappen, que, no entanto, não chegou a dar o bote. Enquanto isso Sainz fazia uma bela corrida de recuperação, e, com seus pneus duros, já ocupava a 10ª posição na volta 13.

Após a parada de Verstappen, Leclerc não estava sendo perseguido nem pressionado por ninguém; vinha, na pista, mais sozinho do que órfão em filme de Carlitos. E falhou miseravelmente, perdendo a traseira, rodando, e indo parar na barreira de pneus. No que pareceu ser o momento exato da batida o piloto gritou e atribuiu a culpa ao acelerador (que, lembrando, travou na Áustria). Mas em seguida, mais calmo, ele assumiu que não houve falha mecânica, e que tudo não passou de um erro seu. A Ferrari, por sua vez, explicou que o áudio onde o piloto dizia que o acelerador estava travado dizia respeito ao momento imediatamente posterior à batida, quando ele tentava se desvencilhar da barreira de pneus.

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O safety car foi despachado, e todo mundo aproveitou para trocar pneus. Na relargada liderança tranquila para Verstappen, que seguiu soberano para a vitória. A emoção ficou na disputa pelas outras posições, com Sainz seguindo muito bem, mas perdendo suas chances de pódio por decisões de pit duvidosas da Ferrari (talvez ambas equivocadas, considerando que o pit lane em Paul Ricard é o mais longo da temporada, perdendo-se, aproximadamente, 30 seg em cada parada) e principalmente por um time penalty de 5 segundos por conta de uma barbeiragem do time no box que quase causou uma batida com Alex Albon. A equipe italiana segue se atrapalhando. Parece que atira as flexas e depois vai no barranco colocar o alvo.

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Mais para o final da prova Russel e Perez protagonizaram uma bela briga pelo 3º lugar. O mexicano chegou a passar reto na chicane, o que revoltou o piloto da Mercedes (que aliás gosta de um mimimi pelo rádio). Mas logo em seguida, numa relargada ele foi pra cima realizando uma bela ultrapassagem sobre Perez, que parecia estar passeando. Mostrou que quem dá sopa pra malandro é carcereiro...

Assim tivemos duas Mercedes no pódio – além de Russel, Hamilton num belo 2º lugar – e a Union Jack tremulando duplamente em solo francês.

Em seu GP 300, Hamilton obteve seu 4º pódio consecutivo, mostrando que vem descontando “no braço” a performance mediana da Mercedes. Correu, inclusive, sem o dispositivo de hidratação, e parecia realmente esgotado ao final da prova. Pouquíssimos pilotos atingiram os 300 GPs e nenhum deles venceu após esse marco. Acredito piamente que mais uma vez Hamilton será uma exceção.

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Verstappen, o vencedor, abriu 63 pontos de diferença sobre Leclerc, e girou mais uma rosca no parafuso do título. Faltando 10 corridas para o fim da temporada, se o monegasco vencer 9 e o atual campeão chegar em 2º em todas elas, estarão empatados na última prova. Ou seja, o holandês já parece com uma mão na taça do bicampeonato. Não há dúvida que o ferrarista é um grande piloto. A diferença dele para Verstappen é mínima, assim como também mínima é a diferença do sushi para o peixe morto. O holandês simplesmente não erra. Corre com a precisão do trovão que sucede o raio.

Por outro lado, apenas 7 pontos separam Leclerc de Perez. Também digno de registro é o fato de que Russel está apenas um único ponto atrás de Sainz na disputa do 4º lugar no campeonato (144 x 143), o que demonstra, além da recuperação das Mercedes, a incrível regularidade do inglês. Entre os construtores o time alemão parece já ameaçar a equipe italiana, e está apenas 44 pontos atrás (314x270) – exatamente o número máximo de pontos que cada esquadra pode ganhar por corrida.

No pelotão intermediário a Alpine passou a McLaren, se firmando como a 4ª força. Allez les Bleus!

Na semana que vem teremos a prova da Hungria (circuito lentíssimo, onde o setup dos carros é igual ao de Mônaco) última antes do intervalo de verão na F1. Se bem que, para a Scuderia, a coisa está mais é para o inverno - de sua desesperança.

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