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Ao L!, Zé Maria fala sobre sua missão na Lusa: 'Ajudar a ter dias melhores'

Ídolo fala sobre desafios que tem encontrado para fazer a Portuguesa, mesmo em meio à grave crise financeira, sonhar com o título da Copa Paulista

Lance

Lance|Do R7

A gratidão que tem pela Portuguesa fez Zé Maria atravessar os portões do Canindé para fazer parte de um árduo desafio no clube. Confiando nas experiências que já viveu como jogador com a camisa da Lusa, ele agora comanda a equipe na busca pelo título da Copa Paulista (competição que dará uma vaga na Série D de 2020 ao seu vencedor).

Ao LANCE!, o ex-lateral (que tem passagens por clubes como Flamengo, Vasco, Palmeiras, Parma-ITA, Inter de Milão e um currículo vitorioso pela Seleção Brasileira) detalha como tem sido a luta para montar a equipe em meio aos empecilhos causados pela grave situação financeira da Portuguesa. Além disto, confia em uma reação após seus comandados terem patinado nas primeiras rodadas da Copa Paulista e garante:

– Com todo amor, respeito e gratidão que tenho pelo clube no qual comecei jogando, quero contribuir para a Portuguesa viver dias melhores.

LANCE!: Como é voltar à Portuguesa, clube que o revelou, e logo com a responsabilidade de ser o treinador da equipe?


Zé Maria: Olha, é inegável que voltar ao clube onde comecei para este cargo é uma experiência nova. Já vinha de trabalhos como treinador na Europa, na África, mas aqui é diferente. Cresci na Portuguesa, joguei com Dener, Zé Roberto... Agora, é uma pena por eu chegar neste momento tão conturbado, em tempos diferentes dos quais vivi.

L!: Qual panorama o presidente Alexandre Barros apresentou para você ao chegar?


Um panorama de muitas dificuldades, tanto dentro quanto fora do campo. Eu até tinha outras propostas, sabia que ia esbarrar no problema econômico, mas quando estava na Albânia e vi que as piscinas do Canindé iam ser aterradas e aquela situação triste, percebi que não podia dizer "não". Mas lamento em especial porque os resultados na Copa Paulista ainda não são os que a gente esperava na competição.

L!: A que você atribui o mau início da equipe na Copa Paulista (em quatro jogos, a Portuguesa obteve uma vitória, perdeu três partidas e amarga a lanterna do Grupo 3)?


O time vem criando muitas chances a cada partida, tem mais posse de bola, mas não consegue chegar aos gols. Além disto, estamos cometendo erros defensivos quando menos esperamos. Bom, mas quero destacar uma coisa: quando falo em falhas defensivas, estou atribuindo a todos, porque a marcação começa lá no ataque.

L!: De que forma a lesão do Dida na primeira rodada (durante a derrota por 3 a 0 para o o Desportivo Brasil) e a chegada de atletas no decorrer da competição têm afetado seus planos?

É, aconteceu este problema com o Dida. Perdemos nosso goleiro titular de cara e tivemos de buscar alguém no mercado para repor esta baixa. O fato dos reforços chegarem durante a competição traz sim, um grande desafio. Chegaram cinco recentemente. Eles vêm de metodologias de trabalhos variadas, e eu preciso adaptá-los à minha ideia de jogo em um tempo muito curto, devido à disputa da Copa Paulista. Mas, com a nossa experiência, acredito que possamos dar condições para eles.

L!: A Portuguesa passou por uma situação curiosa há alguns dias: mesmo em meio à Copa Paulista, foi à Bolívia e realizou um amistoso com o Oriente Petrolero (a partida, realizada em Santa Cruz de La Sierra, terminou empatada em 0 a 0). Como foi para vocês encarar esta maratona?

Olha, de fato este amistoso não estava programado inicialmente. Os dois clubes combinaram e, por ter sido logo depois do jogo com o Corinthians, claro que causou um pouquinho de confusão. Tivemos uma viagem desgastante e comprometeu um pouco nosso rendimento na partida contra o Juventus. Naquele jogo, inclusive, perdemos um pênalti aos três minutos (o Moleque Travesso venceu por 1 a 0). Mas é claro que entendemos a situação do clube. A Lusa precisa arrecadar dinheiro, e ainda tinha aquele orgulho da equipe voltar a fazer um amistoso internacional depois de tanto tempo.

L!: Com sua experiência no clube, o que você costuma passar para os jogadores da Portuguesa?

Sempre digo que está nos pés deles o desejo de se manter em alto nível. Alerto que a conquista da Copa Paulista com a Portuguesa deixará o nome deles na história. Jogador de futebol é muito ambicioso. E o fato da competição dar uma vaga na Série D é uma motivação a mais. Podemos dar ao clube um calendário extenso de jogos no ano que vem. E, mesmo após este início ruim na competição, eu digo: com o passar do tempo, os resultados vão surgir.

L!: Antes de ter voltado à Portuguesa, você colecionou trabalhos como treinador em vários países. O que ficou de aprendizado?

Na verdade, meu começo como treinador foi semelhante ao início como jogador,. Eu demorei a deslanchar. Comandei o Città di Castelo, na Série D italiana. Depois, fui para o Catanzaro, clube de muita tradição e que tinha como objetivo inicial não cair. Dali, fui para a Romênia, comandar o Ceahlăul, time que lidava com problemas financeiros e, mesmo assim, conseguimos revelar jogadores. E no Quênia também tive um trabalho bem gratificante com o GOR Mahia. Quando assumi, a equipe estava na décima-segunda colocação mas, aos poucos, ajustamos e alcançamos o segundo lugar. Depois, tive a missão de assumir o Tirana, equipe muito forte da Albânia, mas que lutava para voltar à elite, e nós conseguimos conquistando o título. Foram trabalhos com muita luta.

L!: Em que os seus trabalhos anteriores contribuíram para você lidar com este momento da Portuguesa?

Acho que contribuíram para implementar este modelo de valorizar a base. Inclusive, têm muitos jovens no elenco da Portuguesa, com muitos sonhos, com ambição, e isto é importante.

L!: Na próxima segunda-feira, contra o Taubaté, a Portuguesa mais uma vez mandará um jogo fora do Canindé. Como é lidar com estas mudanças de planos?

O Canindé é nossa casa, né? Temos de ser respeitados lá. Mas a gente sabe da situação do clube, que tem de promover eventos como as festas junina e julina para arrecadar dinheiro. Mesmo assim, vamos com tudo no duelo com o Taubaté (o palco do confronto será o Estádio Prefeito José Liberati, em Osasco). Será difícil, eles também precisam da vitória. Mas sabemos que uma vitória pode nos fazer sonhar alto na competição.

L!: Qual recado você deixa aos torcedores da Portuguesa?

Sou suspeito para falar da torcida, porque discuti muitas vezes pelo bem do clube. Conversei com o pessoal dos Leões (da Fabulosa, organizada da Lusa). Eles entenderam, têm ido aos jogos. Cabe a nós fazermos nossa parte em campo.

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