Artista com nanismo sobe o tom sobre denúncias e detalha participação em festa de Yamal
Evento pode resultar em sanção da Justiça contra o astro do Barcelona, caso conclua-se que houve violação dos Direitos da Pessoa com Deficiência
Jogada 10|Do R7

A polêmica comemoração dos 18 anos de Lamine Yamal segue dando o que falar nas redes sociais. Depois da formalização da denúncia contra a joia do Barcelona, por parte da ADEE (Associação de Pessoas com Acondroplasia e Outras Displasias Esqueléticas ), o assunto sobre a contratação de artistas com nanismo voltou às pautas nesta terça-feira (15). Isso porque um dos funcionários presentes no evento decidiu romper o silêncio sobre as acusações e debates em torno do tema.
A ADEE classificou a participação dos contratados como “espetáculo que usa pessoas com deficiência para provocar ridicularização”. A associação acusa Lamine de violar a Lei Geral dos Direitos da Pessoa com Deficiência e anunciou, em nota, que adotaria medidas legais e sociais sobre o caso. A ação visa “salvaguardar a dignidade dessas pessoas” e combater práticas que “ferem valores éticos fundamentais em uma sociedade igualitária”.
Diante da denúncia, o Ministério dos Direitos Sociais da Espanha solicitou que o Ministério Público, o Provedor de Justiça e o Gabinete de Crimes de Ódio verifiquem a possibilidade de infração à legislação vigente. Embora a norma não preveja punições criminais, ela proíbe, desde 2022, a participação de pessoas com deficiência em atividades recreativas que gerem humilhação ou escárnio.
Profissional defende atividade legal
A reação contrária à denúncia partiu diretamente de um dos quatro artistas contratados para atuar na festa. Em declaração à rádio catalã ‘RAC1’, o animador rejeitou qualquer alegação de abuso e pediu respeito à profissão. “Ninguém nos faltou ao respeito. Deixem a gente trabalhar em paz. Somos pessoas normais que fazem o que querem fazer de forma absolutamente legal”, afirmou.
O artista alegou que tanto ele quanto os colegas participaram voluntariamente da celebração, atuando com dança, mágica e distribuição de bebidas. Segundo o relato, os artistas mantêm contratos formais e realizam trabalhos similares em diversos tipos de eventos, dentro dos limites que conhecem e respeitam.
“Sabemos o nosso limite e nunca o ultrapassamos: não somos macacos de feira”, pontuou.
Ainda na entrevista, o profissional demonstrou incômodo com o histórico de posicionamentos da ADEE. Ele acusa a entidade de não oferecer alternativas reais de capacitação nem oportunidades de emprego para os profissionais que critica.
“Há anos essa associação nos prejudica. Querem impedir um trabalho que amamos, mas nunca ofereceram cursos ou empregos para ninguém”, completou.
Estética da festa projetada por Yamal
O evento, que marcou a maioridade do atacante, contou com uma estética inspirada na cultura gângster — com elementos visuais como notas de dinheiro cenográficas, correntes douradas, armas falsas e trajes estilizados. Participaram da festa companheiros de clube, além de artistas como Bizarrap, Bad Gyal, Quevedo e Ozuna.
A festa, porém, começou a ganhar contornos polêmicos a partir da declaração da modelo espanhola Claudia Calvo. A mulher recusou o convite para o evento e afirmou que os organizadores exigiam atributos físicos específicos de algumas convidadas. Como, por exemplo, tamanho de seios, cor dos cabelos e formato corporal.
Lamine não se pronunciou oficialmente nem sobre a denúncia, tampouco sobre as declarações. Caso a Justiça considere a acusação procedente e determine que houve ofensa grave à legislação, o jogador poderá enfrentar multa que pode chegar a 1 milhão de euros, conforme estipulado pela ADEE em sua argumentação pública.
Questionamento ético e divisão de opiniões
A polêmica desencadeou uma discussão mais ampla sobre o limite entre entretenimento e respeito à diversidade corporal. Enquanto a associação argumenta que o uso de artistas com nanismo reforça estigmas e inferioriza pessoas com deficiência, profissionais envolvidos afirmam que a crítica generaliza e desvaloriza seu direito de exercer funções dignas, devidamente contratadas e remuneradas.
“Éramos apenas mais umas pessoas na festa. Todos se divertiram muito. Todo esse alarido aconteceu só porque era a festa de Lamine”, finalizou o artista.