Advogado defende exposição da foto do corpo de Maradona em julgamento: ‘Estratégias de comunicação’
Imagem das condições do maior ídolo do futebol argentino serviram de embasamento na acusação por homicídio contra sete réus
Jogada 10|Do R7

A foto que expôs o corpo de Diego Armando Maradona – e não será reproduzida neste site – causou polêmica nos primeiros dias do julgamento de sua morte, na Argentina. Em meio às críticas, o advogado Fernando Burlando, representante de Dalma e Giannina Maradona, filhas do astro, tratou a imagem como uma ”estratégia de comunicação aceitável” em casos como este. Ele defende a necessidade da exibição para embasar o pedido de condenação dos sete réus acusados de homicídio.
Burlando defendeu sua tese durante entrevista ao canal ‘El Trece’, que tem participado da cobertura do julgamento. O advogado reconheceu que trata-se de uma imagem ”dura”, justificando o impacto dos familiares no momento de exibição, porém necessária em sua análise.
“Estratégias de comunicação. O que o promotor fez é aceitável. Bom mostrar e representar graficamente tudo. De certa forma, para mim, pessoalmente, parece uma foto muito dura, mas que trata a realidade da condição do Diego. Assim, desse jeito, eles o medicavam e mudavam seus medicamentos como se ele fosse realmente um animal, e não um ser humano. Ele não conseguia dizer nada, nem mesmo se deveria estar hospitalizado ou não”, declarou Fernando.
Tratamento inacessível às filhas
Ainda ao canal, Burlando esclarece que suas clientes não tiveram acesso ao pai durante a internação domiciliar. Elas tampouco participavam das tomadas de quaisquer decisões sobre suas condições no período em que esteve sob monitoramento.
Diego passou seus últimos dias de vida – entre 11 e 25 de novembro – internado em uma residência que supostamente serviria para tratamento domiciliar. O astro necessitava de cuidados médicos integrais após uma cirurgia na cabeça em decorrência de um acidente doméstico. O local, no entanto, é citado por Burlando como “uma pocilga inadequada”.
“Uma pocilga, uma imundície raramente vista, inadequada para internação domiciliar. Quero que eles [acusados] descrevam o quão sujo isso foi. O que vem a seguir para o Médico? Sem dúvida, todas as ações que essa gangue de bandidos realizou não lhes deixarão outra alternativa senão a prisão”, relatou o advogado.
Em 2021, uma junta médica nomeada para investigar as circunstâncias concluiu que os profissionais de saúde do astro agiram de forma “inadequada, deficiente e imprudente” e que o deixaram morrer após “12 horas de agonia”. A investigação também enfatizou as más condições da residência em que Diego estava.
Julgamento da morte de Maradona
Os médicos sentados no banco dos réus responderão por “homicídio simples com dolo eventual”. Ou seja, quando há consciência de que sua negligência pode resultar na morte do outro. Os promotores públicos veem provas de displicência suficientes para levá-los a julgamento, e se condenados, as penas variam de oito a 25 anos de prisão.
Com audiências até julho, o julgamento envolverá um total de 120 testemunhas entre parentes, médicos, peritos, amigos e jornalistas. Estarão no banco dos réus o neurocirurgião Leopoldo Luque, a psiquiatra Agustina Cosachov, o psicólogo Carlos Diaz, a coordenadora médica Nancy Forlini, o coordenador de enfermagem Mariano Perroni, o médico Pedro Pablo Di Spagna e, por fim, o enfermeiro Ricardo Almiro.
Maior nome da história do futebol argentino, Diego Maradona morreu em Tigre, na zona metropolitana de Buenos Aires. Diego Armando sofreu uma parada cardiorrespiratória na manhã do dia 25, em meio ao processo de recuperação da cirurgia, e não resistiu.
A Justiça da Argentina decidiu levar os profissionais a julgamento cinco meses depois, em abril de 2023. Em documento, a Câmara de Apelações e Garantias de San Isidro afirma que o grupo “incorreu em ações e omissões defeituosas, determinantes para o resultado da morte ora imputada”.
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