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Japão começa a contar o prejuízo gerado pelo adiamento dos Jogos

Turismo, transporte, mercado imobiliário e indústria de brindes estão entre os setores mais afetados. Até a venda de imóveis da vila dos atletas foi suspensa

Esportes|Eduardo Marini, do R7

O comércio de brindes foi fortemente afetado com o adiamento dos Jogos
O comércio de brindes foi fortemente afetado com o adiamento dos Jogos O comércio de brindes foi fortemente afetado com o adiamento dos Jogos

Horas depois do anúncio oficial do adiamento dos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020, na terça-feira (24), os japoneses começaram a contabilizar perdas e prejuízos gerados pelos seguidos cancelamentos de ações e negócios ligados à maior competição de modalidades do mundo.

Reportagem do Yomiuri Shimbun, um dos maiores jornais nacionais do Japão, mostra que os setores mais atingidos são os de turismo e mercado imobiliário, que acumulam perdas vindas do adiamento com os efeitos negativos provocados pela pandemia de coronavírus. A indústria e o comércio de brindes relacionados às competições também foram fortemente afetados.

“Essas indústrias estão sendo duramente atingidas pela disseminação do novo coronavírus. Agora surgem desistências em várias áreas da economia por causa do adiamento das Olimpíadas. A sensação de crise é forte”, admite o jornal.

O comitê organizador dos Jogos e seus parceiros internacionais reservaram mais de mil quartos na rede hoteleira da região de Tóquio, entre eles vários em ícones do setor no país, como o Imperial Hotel e o Keio Plaza Hotel.

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O adiamento provocou pedido de cancelamento definitivo de uma fatia importante dessas reservas, com solicitação de reembolso. Os empresários do setor torcem para que ao menos uma parte importante desses agendamentos seja apenas adiada para quando os Jogos forem realizados, e não totalmente anulada pelos clientes.

O mesmo ocorre com as milhares de reservas feitas por turistas internos e internacionais, familiares de atletas, veículos de comunicação, oficiais, multinacionais, patrocinadores e outras organizações de todos os cantos do mundo ligadas aos Jogos Olímpicos.

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Numa pesquisa realizada pelo ministério que cuida do turismo no Japão, 97 hotéis, pousadas e empresas de hospedagem relataram que as reservas para março e abril caíram 90%. Líderes do sindicato do setor temem que alguns empreendimentos, sobretudo os lançados no embalo dos Jogos, não suportem o baque do cancelamento somado ao da pandemia.

As agências de viagens sofrem de forma semelhante. A quantidade de reservas e pedidos de clientes em março despencou 74% em 47 pequenas e médias empresas do setor em todo o país, mostra a pesquisa do ministério.

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Uma fonte do Yomiuri Shimbun revelou que a empresa de turismo KNT-CT Holdings, ligada à gigante Kinki Nippon Tourist Corporation, revisou para baixo o resultado financeiro que será anunciado, no próximo dia 24 de abril, nas demonstrações financeiras do ano fiscal que se encerrará em março de 2020. O lucro com que o grupo contava até o início do último trimestre de 2019 será substituído por déficit e prejuízo, garante o entrevistado.

Outro setor afetado é o de transporte. Centenas de contratos de ônibus fretados para atletas, oficiais, funcionários temporários e voluntários nos Jogos foram cancelados. Pelos cálculos da Japan Bus Association, a organização representante dos empresários de ônibus no país, a receita de 62 empresas integrantes da associação deverá diminuir em 79% em março – e provavelmente ainda mais entre abril e junho.

A queda de procura motivada pela combinação de coronavírus e adiamento das Olimpíadas afeta também a aviação comercial e o sistema ferroviário, incluindo um orgulho do país: os trens-bala japoneses. As companhias aéreas domésticas registraram um recuo acentuado nas reservas em março, de 60% nas rotas internacionais e 45% nas domésticas.

No mercado imobiliário, a segunda etapa de vendas, para uso depois dos Jogos, dos imóveis das Harumi Flags, as vilas de atletas, jornalistas e de parte dos oficiais, marcada para o final de junho, foi suspensa, com importante prejuízo para as empresas envolvidas. A ideia, no momento, é realizar esses negócios apenas após o final das Olimpíadas quando ela for realizada. A data de liberação para novos proprietários ocuparem os imóveis das vilas também deverá ser adiada.

Estimativas feitas antes da pandemia e do adiamento pelo instituto de pesquisas econômicas japonês Dai-ichi, com base nas taxas de crescimento dos países que abrigaram as Olimpíadas mais recentemente, davam conta de que os Jogos de Tóquio 2020 poderiam injetar até 1,7 trilhão de ienes, equivalentes a R$ 76,4 bilhões, no Produto Interno Bruto (PIB) do Japão nos próximos 20 anos.

O coronavírus e o “até 2021, Jogos - pelo menos” forçaram os disciplinados e quase sempre precisos japoneses a rever o cálculo. Infelizmente, para baixo.

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