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Veja como o PSG e o futebol francês irão lucrar com a chegada de Messi

Investimento no jogador se alia a interesses do Qatar em ampliar mercados, valorizando o PSG e o futebol até a Copa de 2022

Futebol|Eugenio Goussinsky, do R7

Fair Play financeiro do PSG não deve ser afetado com a contratação de Messi
Fair Play financeiro do PSG não deve ser afetado com a contratação de Messi Fair Play financeiro do PSG não deve ser afetado com a contratação de Messi (STEPHANE DE SAKUTIN/AFP)

O PSG não deverá ter lucros diretos com a contratação de Messi, um jogador que é genial, mas que, com 34 anos, tende a ir se desvalorizando, em relação aos valores de mercados, a cada ano, segundo o economista Denis Rappaport, mestre em Administração pela Duke University (EUA).

A ideia do PSG é investir em Messi sem pensar em lucrar com ele em alguma futura negociação. O objetivo é investir nele para ter lucros em médio e longo prazos, ampliando mercados para um país, o Qatar. Tudo isso, por meio de ganhos comerciais com iniciativas ligadas indiretamente à contratação, como aumento das receitas com transmissão e venda de produtos licenciados. 

O clube, então, se consolidará como a nova grande potência europeia no futebol, valorizando também o futebol francês, que deverá ter um forte aumento de receitas. 

"Dificilmente o PSG ganhará dinheiro (diretamente) com todos esses jogadores como Messi, alguns deles já veteranos. A estratégia é de projetar o clube e também o Qatar. Eventualmente isso poderia levar à uma valorização que compensasse o investimento. Mas, em termos financeiros, é uma estratégia de alto risco", avalia.

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Alto risco é o que tem pautado essa política no clube. Alto risco, buscando alto retorno. Messi é o auge deste projeto do governo do Qatar para promover a Copa do Mundo no país em 2022 e, ao mesmo tempo, firmar o PSG como o clube mais valorizado da Europa.

O clube foi adquirido em 2011 pela Qatar Sports Investiments, fundo ligado ao governo do Qatar, que investiu pelo menos 2 bilhões de euros (R$ 12,3 bilhões) na agremiação. Com o PIB de 176 bilhões de dólares (R$ 917 bilhões), 60% vindos de exportações de petróleo, o país quer diversificar a economia e ampliar as relações comerciais com a Europa. Atualmente, elas ainda estão mais centralizadas na Ásia.

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Neste cenário, a gestão do PSG busca lidar com os altos gastos no futebol trabalhando com as receitas ano a ano, de acordo com o Fair Play financeiro determinado pela UEFA. Para, em um contexto maior, inserir o governo do Qatar em contratos bilionários em vários países, inclusive para participar de obras de infraestrutura e de negócios ligados a petróleo, energia e sustentabilidade. Um olho no futebol, outro nas relações comerciais e diplomáticas.

Pelas regras de Fair Play da Uefa, ao contrário do determinado pela Liga Espanhola, cada clube tem de prestar contas sobre o seu equilíbrio financeiro, apontando que não gastou mais do que arrecadou, no fim de cada temporada. O PSG até registrou no ano passado um déficit de 126 milhões de euros (R$ 772,6 mihões), segundo a Sports Value, e, se fosse pela legislação espanhola, não poderia contratar Messi.

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As receitas do PSG ficaram abaixo das expectativas no ano passado (foram de 541 milhões de euros em vez de 635 milhões de euros).

Mas, como a diretoria do PSG prevê rendimentos maiores com patrocínios, que fizeram as receitas nesta temporada subirem de cerca de 40 milhões de euros (R$ 245 milhões) para 299 milhões de euros (R$ 1,83 bilhão), há uma certeza de que elas crescerão ainda mais com a chegada de Messi.

A camisa 30 do Paris Sait-Germain já está à venda e certamente levará a um boom na venda do produto, aumentando receitas, assim como valores vindos do uso da imagem, transmissão e bilheteria, entre outros.

Com isso, haverá como justificar os gastos, de cerca de 40 milhões de euros (R$ 245 milhões) por ano, acrescidos de um bônus de assinatura de 30 milhões de euros (R$ 183,9 milhões), com a contratação de Messi.

Na Espanha, isso não poderia ocorrer porque a legislação já limita os gastos antes da temporada e, como o Barcelona não tinha como acrescentar receita em curto prazo, com venda de produtos, aumento de valores de transmissão ou até a venda de jogadores presos a contratos, não encontrou verba para manter Messi.

"As regras da França são diferentes da Espanha. Na Espanha o clube não pode gastar mais do que arrecadou no ano anterior. Na França, o limite se refere ao ano atual. Assim, o PSG terá um ano para buscar receitas que não o desenquadrem do Fair Play Financeiro. Como na Espanha o limite se refere à temporada anterior e, no ano passado, com a pandemia, as receitas caíram muito, realmente não havia como cumprir a regra mantendo o Messi", resume Rappaport.

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Segundo informou o Estado de S. Paulo, Pedro Daniel, executivo da EY, também foi por essa linha, ressaltando a necessidade de se considerar as receitas diretas e indiretas que o PSG terá após a chegada de Messi. O PSG e, claro, o governo do Qatar, conforme ressaltou ao jornal outro executivo, Pedro Trengouse, especialista em gestão esportiva da FGV.

"O PSG é hoje um dos clubes mais bem estruturados do mundo. É literalmente um clube-estado, que tem todos os recursos necessários para lidar com o time de craques que montou".

O lema do Barcelona, "Més que un club" (Mais que um clube, em catalão) expressa a importância do clube em relação a valores como cidadania, direitos sociais e igualdade, fortalecidos com a resistência à ditadura de Francisco Franco (1936-1973).

Tal lema, em outro sentido, também vale para o PSG, como símbolo da abertura de mercados, diplomacia, visão de governança, interesses políticos. Lema este, ligado, ao mesmo tempo, a objetivos do governo do Qatar e à identidade de uma Paris moderna. O PSG também pode ser considerado "Més que un club". Ou, em francês, "Plus qu'un club".

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