Tiago Nunes tem parte da culpa, mas não merece ser demitido
Treinador falha no comando da equipe no segundo jogo, mas é competente e busca um futebol corajoso. O Corinthians não arrumaria hoje nada melhor
Futebol|Eduardo Marini, do R7
Corinthians dois, Guaraní do Paraguai um, na Arena Corinthians, pela Copa Libertadores 2020.
Apesar do triunfo, o Timão, com a derrota por um a zero na partida de ida, está, uma vez mais, fora da Libertadores na fase prévia da competição.
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Não seria justo, no entanto, que a eliminação custasse o cargo ao treinador Tiago Nunes.
As poucas partidas deste início da temporada, incluindo as duas da Libertadores, foram suficientes a constatação de que o Corinthians de Nunes propõe um futebol mais combativo, vistoso, corajoso e digno do tamanho do clube do que o visto sob a batuta dos anteriores Fábio Carille, Jair Ventura e Oswaldo de Oliveira.
Esse negócio de obrigação no futebol é cascata pura. Pressupõe que algo está decidido antes de ser jogado – e, se for assim, não seria necessário haver jogo. Dito isso, é preciso reconhecer que o Corinthians perdeu, antes de tudo, para suas falhas técnicas, táticas e de planejamento na partida, o que inclui uma parcela para o treinador.
Fez dois a zero com facilidade aos 31 minutos da primeira etapa.
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Teve uma hora para, empurrado pela torcida, pressionar o adversário e arrumar o terceiro gol salvador. Mas, apesar de todo o conforto do placar e do ambiente, não demonstrou coragem e estratégia para apertar os paraguaios em busca do objetivo tão importante para a temporada.
Tomou o gol aos sete da segunda etapa. Técnico e jogadores tiveram, portanto, mais de 40 minutos, incluindo os descontos, para acalmar os nervos e encontrar a saída. E isso contra uma equipe que exibe grandes fragilidades e inconstâncias, apesar de ainda não ter perdido no Paraguai neste início de temporada.
Os dois cartões amarelos e o vermelho que tiraram Pedrinho do jogo foram justos. E Cássio chegou na bola, chegou a tocar nela, mas falhou na firmeza para afastá-la.
Tiago Nunes falhou.
Esteve longe de mostrar a frieza e a habilidade de comando exibidas até o ano passado no comando do Athletico-PR, que renderam à equipe paranaense uma Copa do Brasil, entre outras conquistas. Mas, ainda assim, merece continuar seu trabalho.
O treinador se esforçou claramente para trazer reforços de peso, mas foi impedido, fundamentalmente, pela incapacidade de investimento do Corinthians neste momento de cofre vazio.
Por isso, o correto é dividir o custo da eliminação entre jogadores, cartolas e o técnico.
Provavelmente com a menor parte da conta para o treinador, que é correto, competente e ainda tem coisas boas a oferecer ao clube.
Mesmo porque, diante do que o mercado tem a oferecer no momento, o Corinthians não teria como arrumar coisa melhor.
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