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BRASILEIRO 2022

Técnico mais longevo do Paulista ajudou a construir o São Caetano de 2000 e hoje tenta resgatar o clube

Azulão luta contra o Rio Claro para retornar à elite do futebol do Estado

Futebol|Do R7

Luis Carlos Martins é o atual comandante do São Caetano
Luis Carlos Martins é o atual comandante do São Caetano

No centro do gramado do estádio Anacleto Campanella, a reportagem pede para o técnico Luís Carlos Martins confirmar o mês e o ano em que foi contratado para comandar o São Caetano. Nem ele parece se lembrar. "É... Eu cheguei aqui... Acho que foi em 2014, não?". De fato.

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Para ser mais exato, foi em setembro de 2014. Pode não ser uma data tão distante assim, mas, por se tratar de futebol brasileiro, não deixa de ser uma marca expressiva. Entre as três principais divisões do Campeonato Paulista (séries A1, A2 e A3), ele é o técnico que está há mais tempo num mesmo clube. São mais de dois anos e meio de trabalho contínuo.

Nesta terça-feira (2), ele estará à beira do campo para comandar o São Caetano no jogo de volta das semifinais da Série A2, contra o Rio Claro, no Anacleto Campanella. A primeira partida, no sábado (29), terminou empatada por 2 a 2. Agora, quem vencer garante uma vaga na Série A1 do Campeonato Paulista de 2018. Um novo empate leva o confronto para os pênaltis. Água Santa e Bragantino fazem o outro jogo desta fase.


"Ser o técnico mais longevo do Paulista é uma boa marca. Eu fico tão concentrado no campeonato que nem pensava nisso. O treinador tem que ter resultado. Se não tiver, não adianta. E aqui estamos tendo mais resultados positivos [que negativos]", disse Martins, que tem 61 anos.

O São Caetano terminou a primeira fase da Série A2 na segunda posição, atrás apenas do Água Santa. Em 19 jogos, teve dez vitórias, quatro empates e cinco derrotas. Fez 32 gols e tomou 19. Garantiu a classificação para a semifinal com duas rodadas de antecedência.


Antes disso, porém, Martins passou por momentos dolorosos no clube, que chegou, com outros técnicos, à final da Libertadores (2002) e do Brasileiro (2000 e 2001) e até foi campeão do Paulista (2004), mas hoje não está nem na Série D.

No ano passado, por exemplo, esteve muito perto de subir para a Série A1, mas foi eliminado pelo arquirrival Santo André nas quartas de final depois de uma derrota por 2 a 1 na casa do adversário e empate por 0 a 0 no Anacleto Campanella.


Em 2015, o São Caetano quase conseguiu voltar à Série C. Teve a melhor campanha na fase de grupos, mas caiu diante do Botafogo-SP nas quartas de final. Assim como contra o Santo André, perdeu o primeiro jogo por 2 a 1 e empatou em casa por 0 a 0.

"A gente fica uns três dias chateado, pensando, analisando. Tanto contra o Botafogo como contra o Santo André, a bola não quis entrar. Martelamos o jogo inteiro. O time jogou bem. Eu brinco para o pessoal rezar um pouquinho mais", afirmou Martins, que chegou a receber ofertas para sair do São Caetano, mas recusou.

Ainda em 2015, o clube não subiu para a Série A1 do Paulista por causa de um ponto. Em 2016, foi eliminado da Copa Paulista (que dá vaga na Série D do Campeonato Brasileiro ou na Copa do Brasil) nos pênaltis, na semifinal, pela Ferroviária.

Apesar disso, os números de Martins nesta passagem pelo Azulão são bons. Em 92 jogos, são 51 vitórias, 24 empates e 17 derrotas. Um aproveitamento de 64%.

Rei do Acesso

Martins treinou muitas equipes do interior de São Paulo e teve muito sucesso nas séries inferiores. Por isso, ganhou o apelido de "Rei do Acesso". São tantos que até o próprio treinador tem dificuldade de enumerar. "Eu acho que foram uns 16 acessos", disse ele. Levantamento feito pela reportagem indica 14, sendo 13 deles em São Paulo.

Em 2012, por exemplo, ele conquistou o título da Série C e ascendeu com o Oeste à Série B do futebol nacional. Trata-se do único título nacional do clube de Itápolis.

"Eu me sinto bem [por ter esse apelido]. Há muitas divisões [no futebol brasileiro] e tenho realmente bastante acesso. Já salvei também alguns times de rebaixamento. Mas não gosto nem de falar nessa palavra, Deus me livre...", brinca.

Bem conhecido no interior do Estado, Martins chegou a treinar dois times ao mesmo tempo. Foi em 2004. Ele estava no Mirassol e tentava levar o time para a Série A2 do Paulista. Na Série B do Brasileiro, o Marília buscava a elite do futebol brasileiro e tinha também o medo de ser rebaixado, já que, na época, seis equipes eram rebaixadas. Então, contataram Martins.

Segundo o treinador, como os presidentes dos dois clubes eram amigos, fizeram o acordo. O técnico se dividiu em dois por 28 dias. Resultado: subiu o Mirassol para a Série A2 e chegou a classificar o Marília para a segunda fase da Série B (só faltou o acesso).

"Eu ficava dois dias em Mirassol e três dias em Marília. O meu auxiliar ficava no Mirassol. São coisas que acontecem na vida da gente que, às vezes, não damos valor, mas graças a Deus as coisas acontecem positivamente", afirmou.

Martins diz não se espelhar em nenhum técnico. Afirma que extraiu o que viu de positivo em alguns treinadores que estiveram ao seu lado em sua carreira. Para ele, o treinador brasileiro não está ultrapassado. E estudar na Europa pode ser uma boa, mas só se for por um longo período.

"Eu até concordo se o cara for para fora e ficar uns cinco anos estudando. Mas se for para ficar 15 dias não tem como. O treinador brasileiro de hoje tem que ser do passado, presente e futuro. Tem que estar atento a tudo. Eu, por exemplo, como estou na Série A2, analiso o campeonato inteiro e todos os adversários. O treinador tem que estudar a competição que ele está disputando. E você não pode ter vergonha de aprender", afirmou.

O Azulão de 1999

Martins está em sua segunda passagem pelo São Caetano. A primeira aconteceu em 1999. Neste ano, ele levou o time ao quadrangular final da Série A2 do Paulista e à semifinal da Série B, mas não conseguiu o acesso em nenhuma das ocasiões.

No ano seguinte, com Jair Picerni no comando da equipe, o São Caetano despontaria no cenário do futebol nacional ao subir para o Paulista e chegar à final do Brasileiro (Copa João Havelange), contra o Vasco. Martins participou da construção deste time.

Foi ele quem trouxe, por exemplo, o volante Claudecir e o zagueiro Serginho, que morreu em 2004, para o clube. O ex-meia Zinho, que teve passagens por Grêmio e Portuguesa, também chegou ao time por indicação de Martins. Grato ao São Caetano pelo passado e pelo presente, o técnico vê este possível acesso com um sabor mais do que especial.

"Tive muitos acessos, mas o que eu queria mesmo é subir o São Caetano... Estou muito satisfeito aqui e espero fechar esse campeonato com chave de ouro", disse. Apenas um jogo o separa dessa realização.

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