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BRASILEIRO 2022

Tomara que seja o fundo do poço da seleção brasileira

Se não há mais para onde cair, o time brasileiro deve iniciar um processo de reestruturação que vem sendo adiado há muito tempo

Seleção brasileira|Por Maurício Noriega

Brasil foi derrotado pela Argentina por 4 a 1 nesta terça-feira (25) ABNER DOURADO/PERA PHOTO PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO - 25/03/2025

Há duas formas bem diretas de se analisar a humilhação imposta pela Argentina ao Brasil na noite de 25 de março de 2025. A primeira é achar que foi apenas uma noite atípica, dessas que o futebol produz de vez em quando.

A segunda é entender que a camisa mais importante do futebol mundial chegou ao fundo de um poço no qual está caindo há décadas. Tomara que prevaleça a segunda forma.

Quando o Brasil engatou três finais de Copa do Mundo consecutivas, entre 1994 e 2002, os problemas estavam todos lá, escancarados. Loteamento de convocação para agradar empresários, venda de amistosos da seleção sem nenhum critério técnico e convocações suspeitas.

A chamada Era Ricardo Teixeira deu duas Copas do Mundo ao futebol brasileiro, mas vieram no pacote escândalos administrativos que colocaram o FBI no encalço dos dirigentes brasileiros.


Paralelamente, a fábrica de vacinas em forma de craques, as categorias de base do futebol brasileiro, também estava sendo loteada entre empresários, com o firme propósito de abastecer o mercado de segunda

linha da Europa com jogadores robotizados e moldados para servir a um modelo de jogo específico, deixando de lado suas raízes históricas. Tempos em que o poderoso Shaktar Donetsk, da Ucrânia, era base da seleção.


Os 7 a 1 foram um aviso desesperado das defesas do organismo. Um alerta de que o sistema imune não conseguiria mais dar conta de tantos ataques simultâneos. Estavam na comissão técnica dois treinadores campeões mundiais. Experientes, tarimbados. Não houve como estancar o processo infeccioso instalado.

O que se aproveitou da sequência mágica de 1994 a 2002? Qual a mudança estrutural, de processos e de formação de jogadores e treinadores que se instalou? Recordo da reação de muitos colegas comentaristas ex-jogadores ao saber que a Bélgica seria adversária do Brasil nas quartas da Copa da Rússia. Era cumprir tabela e esperar o adversário da semifinal. Talvez os mesmos tenham pensado de forma semelhante diante da Croácia, quatro anos mais tarde.


A soberba está enraizada nas entranhas do futebol brasileiro. Dos treinadores que pensam ter descoberto a roda de bobo, aos jogadores que entendem que são a rara estirpe dos melhores, aqueles que são capazes de resolver um jogo quando quiserem. Foi-se o tempo.

Jogadores e torcida argentina tiraram sarro da seleção brasileira após o fim do jogo LUCAS GABRIEL CARDOSO/AGIF - AGÊNCIA DE FOTOGRAFIA/ESTADÃO CONTEÚDO - 25.03.2025

Mas se a noite inesquecível da humilhação em Buenos Aires é mesmo o fundo do poço, é preciso que se transforme no marco da virada. Do profissionalismo acima das relações familiares e de amizade. Da capacidade acima da conveniência. Da competência acima das campanhas midiáticas. Da análise séria acima da audiência oportunista.

Material humano ainda existe. O elenco nacional tem dois dos melhores jogadores do mundo na atualidade, Vini e Raphinha. Tem jogadores muito bons atuando em alto nível e talentos jovens que chamam a atenção do mundo. É impossível que desses ingredientes saia apenas uma sopa rala e sem sabor.

Dois caminhos se abrem agora.

Com todo o respeito ao ser humano, o profissional Dorival Júnior assinou sua demissão em Buenos Aires. Quis dançar samba numa casa de tango em San Telmo. O caminho explosivo e sedutor pede por um grande treinador europeu consagrado. Guardiola, Klopp, Ancelotti, Mourinho. Pelo estilo de jogo e pela declarada devoção ao futebol brasileiro, Guardiola seria o ideal.

O segundo caminho seria copiar o que fez a Argentina e apostar num jovem com carreira nas categorias de base. Não acho que seja função de jornalista

fazer campanha ou pedir nomes. Mas me permito sinalizar para a análise de um com esse perfil: André Jardine. Tem carreira vencedora na base, foi campeão olímpico e triunfou no futebol profissional mexicano.

Há vários bons nomes, com passaporte brasileiro ou não, que podem dar conta do processo. O apelo político e midiático do Flamengo, com o promissor e capaz Filippe Luis.

Batemos no fundo lodoso. Que comece a subida rumo à saída do poço!

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