Rodrygo e Vinícius Júnior se revezam em 'gangorra' de comparações
Ambos viveram, em pouco tempo, fases distintas após a chegada ao Real Madrid, quando foram questionados de maneira desproporcional
Futebol|Eugenio Goussinsky, do R7
As idas e vindas do futebol enganam como um drible de Garrincha. Muitas vezes repetem o movimento, gingando antes de dar o mesmo drible. De repente, a certeza anterior se torna erro de avaliação.
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A ânsia de elevar uns ao estrelato e reduzir outros ao fracasso, neste caso, funciona como o marcador de Garrincha. Ela sempre cai na mesma tentação.
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E é driblada com facilidade pelos acontecimentos posteriores. Com os dribladores Vinícius Júnior e Rodrygo, do Real Madrid, acontece algo semelhante.
Logo que Rodrygo chegou ao Real Madrid, em agosto de 2019, começaram as comparações entre ele e o seu compatriota, ex-flamenguista que iniciou em agosto 2018 no Real.
E, como muitas vezes as comparações são injustas e precipitadas, sucessivas teses foram dribladas desde então.
Entre outubro e novembro de 2019, falou-se que Rodrygo estava ofuscando Vinícius Júnior, e que este estava ameaçado de se tornar uma decepção. Iniciou-se, entre ambos, uma gangorra fabricada.
Rodrygo, com seu talento nato, não precisou de muito tempo para encantar, com boas atuações. Numa delas, marcou três gols, contra o Galatassaray, pela Champions, em 6 de novembro. Vinícius, naquela ocasião, nem era convocado para compor o elenco madrilhenho.
Bastaram poucos meses e o início da nova temporada, para a situação se inverter. Agora é Rodrygo quem não tem sido chamado para os jogos do time principal.
E Vinícius Júnior, que há pouco era questionado, voltou a ser reverenciado com boas atuações, como na partida contra o Barcelona, em que marcou um dos gols na vitória por 2 a 0.
Isso vem para mostrar que, de um lado ou de outro, as comparações, dotadas de julgamento cruel, são descabidas.
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Falar, por exemplo, que Rodrygo não tem agradado é tão precipitado quanto as observações anteriores sobre Vinícius.
Isso sem contar que, muitas vezes, os técnicos europeus, inclusive Zidane, costumam ter um grau de rigidez a mais com jogadores brasileiros.
Rodrygo e Vinícius Júnior, de maneira diferente, têm talento e ginga para, entre idas e vindas, mostrar que, no futebol e na vida, as coisas mudam.
Esta trilha repetitiva já teve como alvo Felipe (hoje na seleção), Rodrigo Caio, Willian (craque do Chelsea), Willian Arão e vários outros cujo nível técnico foi questionado.
Pouco tempo depois, eles se tornaram jogadores consagrados.
Agora é a vez destes dois jovens. A jogada é manjada. Mas eles são bons de ginga. Rodrygo e Vinícius buscam, novamente, mostrar como se faz para driblar um crítico.
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