Özil justifica aposentadoria da seleção: 'racismo e desrespeito'
Jogador criticou tratamento recebido por ele pela Federação Alemã de Futebol e explicou encontro com presidente turco
Futebol|David Plassa, do R7
Mesut Özil usou as redes sociais para anunciar a aposentadoria da seleção alemã e rebater críticas recebidas após ter posado ao lado de Recep Tayyip Erdogan, presidente da Turquia.
"O tratamento que recebi da Federação Alemã de Futebol e muitos outros faz com que eu não queira mais vestir a camisa da equipe nacional", escreveu o jogador.
"Racismo e desrespeito"
Özil disse se sentir "indesejado" e acredita que as realizações dele no time alemão foram "esquecidas". E foi além: "Pessoas com experiências racialmente discriminatórias não devem ter permissão para trabalhar na maior federação de futebol do mundo, que tem muitos jogadores de famílias com herança dupla."
Curta a página R7 Esportes no Facebook
O jogador também atribuiu a decisão a eventos recentes e completou: "Não vou mais jogar pela Alemanha em nível internacional enquanto eu tiver esse sentimento de racismo e discriminação."
Encontro com o presidente turco
Em visita a Londres no mês de maio, Erdogan convidou Özil (atualmente no Arsenal) e o companheiro de seleção alemã Ilkay Gündogan (Manchester City) para um encontro em um hotel, que também contou com a presença do jogador turco Cenk Tosun, do Everton.
Alemães de origem turca, Özil e Gündogan foram repreendidos no país que defendem em campo. Erdogan é uma figura política controversa e, na época da foto, tentava a reeleição para o cargo que já ocupa há 15 anos. Outra crítica ao líder turco é a maneira violenta com a qual lida com opositores.
De acordo com o jornal britânico Independent, Oliver Bierhoff, diretor esportivo da seleção alemã, chegou a sugerir que os jogadores não fossem autorizados a representar o país na Copa da Rússia.
"As duas últimas semanas me deram tempo para refletir e tempo para pensar sobre os eventos dos últimos meses. Consequentemente, quero compartilhar meus pensamentos e sentimentos sobre o que aconteceu", escreveu Özil no Twitter.
Özil conheceu o presidente turco em 2010, após partida entre Alemanha e Turquia em Berlim, e explica que os dois já se cruzaram diversas vezes pelo mundo desde então. O jogador afirma estar ciente de que a foto causou enorme repercussão na mídia alemã, mas reforça que não teve intenções políticas.
"Como disse, minha mãe nunca me deixou perder de vista minha ancestralidade, herança e tradições familiares", escreveu. “Para mim, ter uma foto com o presidente Erdogan não era sobre política ou eleições, era sobre eu respeitar o cargo mais alto do país da minha família."
Özil ainda argumenta que é jogador de futebol e não político. Além disso, contou ter conversado com o presidente turco sobre o mesmo tópico de sempre: "(...) — o futebol—, pois ele também era um jogador em sua juventude", completou.
O jogador não poupou a mídia alemã, que para ele retratou algo diferente do ocorrido: "Para mim, não importava quem era o presidente, importava que fosse o presidente. Ter respeito pelo cargo político é uma visão que tenho certeza de que tanto a rainha quanto a primeira-ministra Theresa May compartilharam quando também receberam Erdogan em Londres."