O dia em que Piá comprou uma balada só para poder entrar de bermuda
Ex-jogador contou a história em entrevista exclusiva ao Canal Cosme Rímoli
Futebol|Do R7

O ex-meia Piá contou em entrevista exclusiva ao Canal Cosme Rímoli sobre o dia em que decidiu comprar uma balada porque foi proibido de entrar no local vestindo uma bermuda. O caso aconteceu em Limeira, no interior de São Paulo, em 1999.
A façanha, movida por uma mistura de orgulho, ousadia e “molecagem”, como ele mesmo define.
Barrado na porta da boate
Tudo começou em um sábado à noite, quando Piá, já consagrado como jogador do Santos e campeão do Rio-São Paulo de 1997, decidiu curtir a noite em Limeira com seus amigos.
O destino escolhido foi a Weekend, a boate mais badalada da cidade na época, conhecida segundo o jogador como o point dos “bacanas”. Com dress code rigoroso, o local não permitia entrada com tênis, bermuda ou boné — exatamente o visual de Piá naquela noite.
“Num sabadão eu cheguei lá de bermuda, tênis e boné. Eu, jogador do Santos, que tinha sido campeão na Inter de Limeira, cheguei lá e queria entrar. E o pessoal falou: ‘Pô, Piá, você não pode entrar assim, é norma’. Eu disse: ‘Como assim? Eu entro em qualquer lugar do Brasil do jeito que eu quero, e na minha cidade eu não vou poder entrar?’”, relatou o ex-jogador.
Diante da negativa, Piá saiu da boate, mas a história não acabou ali. No dia seguinte, durante um churrasco em sua chácara, ele tomou uma decisão impulsiva.
“Cheguei pra minha irmã, Rosângela, que cuidava das minhas coisas, e falei: ‘Segunda-feira você vai lá e compra o Weekend’. Ela perguntou: ‘Como assim?’. Eu disse: ‘Quero comprar a boate porque não me deixaram entrar de bermuda, tênis e boné’”, contou Piá, rindo da própria ousadia.
R$ 500 mil e uma Mercedes branca
Na segunda-feira, Rosângela seguiu as ordens do irmão e negociou com o dono da Weekend. “O dono disse: ‘Pô, fala pro Piá que não era nada contra ele, eu nem sabia’. Mas eu queria comprar”, lembrou.
O negócio foi fechado por R$ 500 mil, valor que equivaleria à cerca de R$ 2,2 milhões hoje. Assim, aos 27 anos, o jogador se tornou dono da boate mais exclusiva de Limeira.
Piá colocou o irmão como gerente, contratou amigos como seguranças e manteve as festas programadas, mas com uma condição. “Eu falei: ‘No próximo sábado, eu vou lá de bermuda, tênis e boné’”, revelou. E assim foi.
No fim de semana seguinte, com a boate lotada e a fila cheia de “esporte chique”, Piá estacionou sua Mercedes branca na porta, subiu a escada e entrou, para espanto dos frequentadores.
“Todo mundo olhando: ‘Oxê, como ele entrou de bermuda?’. Eu entrei porque comprei a balada”, disse, com um sorriso de satisfação.
O prazer da “molecagem” e o fim da aventura
Para Piá, a compra da boate foi mais do que uma exibição de poder — foi uma questão de orgulho. “Na época, eu era moleque, né? Fazia molecagem. Queria mostrar que, na minha cidade, eu entrava onde quisesse. Era uma bobeira, mas era o prazer de dizer: ‘Agora eu vou mostrar pra todo mundo que eu entro’”, confessou.
A aventura como dono de boate, porém, durou apenas dois anos. A administração virou um problema quando começaram as brigas familiares. “Meu irmão queria mandar, minha irmã queria mandar, a família toda querendo mandar mais que o outro. Eu falei: ‘Gente, eu comprei a balada pra curtir, pra beber, pra baladar, e vocês estão brigando? Fecha aí, vende que eu não quero mais’”, contou Piá.