Jornalistas estrangeiros falam sobre repercussão da morte de Pelé: ‘Foi maior lá fora do que aqui no Brasil’
Repórteres do exterior que faziam a cobertura na porta do hospital afirmam que esperavam uma 'comoção maior' em solo brasileiro
Futebol|Pietro Otsuka, do R7
Um dia após a morte de Pelé, dezenas de jornalistas disputavam espaço na porta do hospital Albert Einstein, na zona sul de São Paulo, onde morreu, na quinta-feira (29), o Rei do Futebol. Entre eles estava Patrício de la Barra Nazif, repórter chileno e correspondente da rádio Cooperativa, do Chile, e de outros veículos da Colômbia e Argentina.
Em entrevista ao R7, o jornalista, que disse que teve o privilégio de entrevistar o Atleta do Século em quatro oportunidades, afirmou que esperava uma "comoção maior" sobre a morte de Pelé no Brasil e ressaltou que, no exterior, a repercussão foi maior.
"Esperava uma comoção maior, com milhares de pessoas nas ruas, como aconteceu, por exemplo, quando Ayrton Senna morreu. Pelo que Pelé significou para o futebol brasileiro e internacional, principalmente, com três Copas do Mundo, dois Mundiais. Uma pessoa que foi espetacular em todos os aspectos, acessível", revelou.
Durante seus anos de profissão, Nazif ouviu histórias, diretamente da boca do Rei, sobre sua chegada ao Santos, o temor de Dona Celeste com a saída do filho de Bauru, sobre a Copa do Mundo de 1962, no Chile, entre tantas outras. "Sempre com um sorriso, e sempre atencioso. Foi um prazer ouvi-lo."
Quando soube da morte do Pelé, Nazif, que mora no bairro do Paraíso, logo se dirigiu para a porta do Albert Einstein. "Foi uma consternação muito grande, me ligavam de todas as partes do mundo, perguntavam se tinha muita gente aqui, como estava na porta do hospital. Eu acho sinceramente que o Pelé, pela figura, por tudo que ele fez pelo futebol brasileiro e pelo Brasil, teria uma repercussão muito maior. Vamos ver como será no velório", contou.
"O mito de Pelé vive"
Kristian Almblad, correspondente da América do Sul da DR News, o principal veículo de comunicação da Dinamarca, revela que, em seu país, "tudo parou" quando chegou a notícia da morte de Pelé. "Foi o assunto principal na Dinamarca. O sentimento era de que Pelé não era só brasileiro, mas um cidadão do mundo", disse.
Almblad, que também cobriu a morte de Diego Maradona, há dois anos, é dinamarquês, mas mora no Brasil e tem dois filhos nascidos em solo tupiniquim. Para ele, enquanto jornalista e amante de futebol, o impacto da morte do Rei foi grande.
"Senti uma tristeza de verdade. Tenho dois filhos que amam futebol. Imagina meninos com 8 e 6 anos que já sabem quem é Pelé. Nunca viram ele, viram vídeos no YouTube, as coisas que ele fez, mas o mito dele vive porque eu falei para eles. Então é uma coisa que não precisa ser brasileiro para ser orgulhoso de 'conhecer' o Pelé", contou o jornalista.
Ele sempre foi fora de série%2C realmente um personagem que diria que transcendeu não só o futebol%2C mas a fronteira do Brasil. No exterior%2C onde ele fosse%2C estava sempre rodeado. Principalmente crianças%2C que nunca viram ele jogar. Pelé era uma figura tão mais importante que o Papa%2C cetamente mais conhecido. Uma pessoa sensacional. Em todos os aspectos
"Tristeza absoluta"
Diego Alberto, jornalista da rádio Caracol e do portal Gol Caracol, da Colômbia, era outro que estava no Albert Einstein para cobrir a morte do Rei. Ele revela que a cobertura em seu país foi diária desde o dia 29 de novembro, quando Pelé deu entrada no hospital.
"Muitos de nós rezamos para que Pelé pudesse sair desse episódio, dessa enfermidade. Nesses últimos dias, que foram muito difíceis, acompanhamos minuto a minuto tudo o que chegava sobre o Rei, sobre sua doença. Foi uma tristeza absoluta quando soube da morte dele", disse.
"Infelizmente as últimas notícias que chegavam sobre ele mostravam uma imagem de um Pelé já muito debilitado, com semblante pesado. E, claro, isso nos afetava como jornalista e sobretudo como amante de futebol. É uma perda, junto à de Maradona, sem dizer quem foi melhor ou pior, das mais grandes que vivi nessa profissão", completou Alberto.
O Rei do Futebol será velado na Vila Belmiro, em Santos, na segunda-feira (2), às 10h. O velório será aberto ao público e continuará até terça-feira (3), quando será realizado um cortejo pela cidade do litoral paulista. O corpo de Pelé será sepultado no cemitério vertical Memorial Necrópole Ecumênica.
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