Jesus, por bom senso, deveria assinar com Fla até final de 2021
Negociação parece no fim. Treinador protelou muito e insiste em fechar até junho do próximo ano, mas Fla quer evitar novo desgaste como o de agora
Futebol|Eduardo Marini, do R7
Para alegria dos rubro-negros, a novela da renovação do contrato do treinador português Jorge Jesus com o Flamengo parece estar no capítulo final. Após várias idas e vindas, são grandes as chances de acerto nos próximos dias.
Os valores dos novos salários e premiações para o Mister e seus auxiliares parecem acertados. O que ainda pega é o prazo de contrato. O técnico prefere um compromisso de um ano, até junho de 2021. O Flamengo deseja que o contrato termine pelo menos em dezembro do mesmo ano, quando chegará ao fim o mandato do atual presidente, Rodolfo Landim.
O Flamengo não divulga detalhes de negociações antes do final, mas informações dão conta de que a questão do tempo de compromisso é a única que ainda impede a assinatura.
Jorge Jesus, como qualquer profissional, tem todo o direito de lutar pelo tempo de contrato de trabalho que considera ideal. Mas, na avaliação do que seria sensato cada lado ceder neste momento, parece ser mais justo que o técnico aceite um contrato, no mínimo, até o final de 2021.
JJ fez um trabalho brilhante desde que colocou os pés na Gávea, é verdade. Com talento, liderou a equipe na caminhada rumo a dois títulos sonhados há anos: o Brasileirão e a Libertadores. Teve chances reais de conquistar o Mundial de Clubes.
Mas também foi remunerado por esses feitos como nenhum outro treinador na história do futebol brasileiro em um período tão curto. Recebeu algo entre R$ 1,3 milhão e R$ 1,5 milhão mensais até agora, a um câmbio definido em contrato, em junho de 2019, em R$ 4,40. Isso com remuneração da comissão técnica à parte.
Diante do sucesso à frente do Flamengo, Mister, com a compreensão dos cartolas rubro-negros, protelou a renovação pelo tempo que quis, na esperança de ser convidado para trabalhar em um gigante europeu do porte de Barcelona, Real Madrid, Bayern de Munique ou um grande clube inglês.
O fato de Jesus ter assinado o primeiro contrato com Flamengo até o próximo 20 de junho, no meio da temporada brasileira, indicava a intenção de estar livre para assumir um clube europeu em início de trabalho. Mas a interrupção dos campeonatos europeus e as mudanças no calendário de retorno, frutos da pandemia de coronavírus, diminuíram a possibilidade.
Apesar da intenção de deixar sempre o caminho livre para um grande europeu, Jesus, também é verdade, em momento algum demonstrou rejeitar a ideia de continuar no Flamengo. Mas, desde o início das negociações, ainda na virada do ano, deixou claro que desejava um aumento de salário, com equivalência em euros, para renovar.
O problema é que, na assinatura do primeiro compromisso, no início de junho de 2019, um euro valia R$ 4,40. Com o furacão causado pela pandemia, a moeda europeia bateu, nesta segunda-feira (18), em nada menos do que R$ 6,23.
No ambiente interno brasileiro, apenas esse salto representa um aumento de 41,6%. Pode-se argumentar que JJ é europeu e que, na Europa, onde voltará a viver, um euro é um euro. Verdade, mas há que se ter o mínimo de compreensão diante de um acréscimo tão grande para o empregador, ainda que por efeito da disparada do câmbio.
Em função do aumento, JJ teria concordado com um reajuste percentual menor do que pedira, algo em torno de 50%. Terá um aumento mais modesto. Mas, em contrapartida, receberá premiações ainda maiores, em caso de conquistas, do que a grana pesada que já encaixou de bônus pelas taças levantadas ao lado de seu grupo.
Aparentemente fechados esses pontos, resta a questão do prazo de contrato. O Flamengo não deseja ter novamente o desgaste de negociar com JJ no meio do ano que vem, como ocorre agora. Diante da atitude tolerante que a diretoria teve com o técnico em todo o processo, parece mais do que justo.
Quanto ao Mister, apesar de tudo o que construiu e que merece ser colocado na mesa de negociação, o mínimo que poderia fazer, até em resposta ao tratamento que ainda recebe, é aceitar a renovação com prazo final, no mínimo, em dezembro de 2021.
Mesmo porque se surgir uma proposta astronômica, pornográfica, de um gigante europeu ali na frente, em qualquer período do contrato, e Jesus resolver partir, sabemos todos que será praticamente impossível mantê-lo na Gávea.
O vice-presidente de futebol do Flamengo, Marcos Braz, tascou, noe domingo (17), uma de suas mensagens cifradas ao lado de uma foto de JJ no Twitter. “Vamos em frente”, escreveu. Nesta segunda-feira (18), Cacau Cotta, diretor de Relações Externas do clube, fez referência ao dia 9 de janeiro de 1922, o Dia do Fico, quando o príncipe regente Dom Pedro I comunicou que permaneceria no Brasil, desrespeitando as ordens da Corte Portuguesa.
Ao menos nas insinuações, o otimismo do lado do Flamengo parece grande.
Falta Mister JJ dar o seu Fico – e que seja com bom senso, até ao menos o final de 2021.
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