'Ídolo foi o jogador': Por que torcida está na bronca com volta de Ceni?

Rogério Ceni está de volta ao Morumbi. Horas depois de anunciar a saída do técnico argentino Hernán Crespo, o São Paulo informou que o ex-goleiro está de volta ao clube. Mais do que isso, a estreia acontecerá já nesta quinta-feira (14), contra o Ceará, pela 26ª rodada do Campeonato Brasileiro.

Se fosse há um ano, talvez essa notícia não tivesse nenhuma rejeição. No entanto, a relação de Rogério com a torcida são-paulina se desgastou após a ida dele para o Flamengo, em novembro do ano passado. Hoje, uma parte dos torcedores sequer queria a volta do ex-goleiro.

Em seu perfil no Instagram, a Torcida Independente, principal organizada do clube, disse que Rogério precisa se desculpar com a torcida para voltar a ter o apoio dos são-paulinos. Além disso, o comunicado da uniformizada deixa claro que "ídolo foi o jogador. O técnico ainda é zero história e deve pedido de perdão".

Um dos maiores ídolos da história do clube, Rogério é o atleta que mais vezes vestiu a camisa do São Paulo (1.227 jogos), além de ter sido o capitão em títulos importantes como Copa Libertadores e Mundial de Clubes, em 2005, e o tricampeonato Brasileiro, entre 2006 e 2008.

A primeira experiência de Rogério Ceni como treinador de futebol também foi no São Paulo. Em 2017, ele comandou a equipe Tricolor em 35 jogos, com 14 vitórias, 11 empates e 10 derrotas, atingindo um aproveitamento de 50,5%.

Quando Rogério foi demitido, os torcedores atribuiram a má campanha do time, que estava na zona de rebaixamento do Brasileirão, à gestão do Carlos Augusto Barros e Silva, o Leco, que acabou vendendo jogadores que fazem parte do time-base do técnico.

Depois do São Paulo, o ex-goleiro foi contratado pelo Fortaleza. Na equipe cearense, ele foi campeão do Campeonato Brasileiro da Série B, bicampeão estadual e conquistou uma Copa do Nordeste, entre 2018 e 2020. Nesse meio tempo, ele ficou um curto período no time do Cruzeiro que acabou rebaixado.

Enquanto estava no Fortaleza, e também passou a ser idolatrado no Tricolor Cearense, os torcedores do São Paulo seguiam prestando homenagens ao ex-goleiro, inclusive fazendo festas unificadas entre as duas torcidas nas partidas realizadas no Castelão e no Morumbi, para exaltar a história de Rogério nas duas equipes.

A relação só mudou quando Rogério assumiu o Flamengo. O desgaste começou porque Rogério supostamente já tinha um acordo com o presidente do São Paulo, Júlio Casares, à época candidato, que o ex-goleiro seria técnico do Tricolor nesta temporada de 2021. No entanto, um mês antes das eleições no Morumbi, o técnico aceitou o convite do Rubro-Negro para trabalhar no Rio de Janeiro.

Depois disso, já como técnico da equipe carioca, o ex-goleiro se tornou alvo das críticas da torcida do São Paulo após declarar que a torcida do Flamengo "é diferente". Torcedores avaliaram que a declaração foi um menosprezo aos são-paulinos que o idolatraram por mais de duas décadas.

Para o presidente da torcida organizada Dragões da Real, André Azevedo, essa declaração de Rogério foi "fator predominante" para ele encontrar rejeição na volta ao clube agora.

"Ele deve, sim, pedido de desculpas a uma torcida que sempre o venerou. Acima de tudo, nos sentimos traídos, mas torço para que toda decisão seja melhor para o clube e vou torcer para dar certo", disse Azevedo.

Soma a isso o mau desempenho que ele teve no Cruzeiro, e as críticas que ele recebia da torcida do Flamengo, que cobrava por um melhor futebol da equipe, mesmo com os títulos do Campeonato Brasileiro, Supercopa do Brasil e Campeonato Carioca.

Agora, resta ao torcedor são-paulino, conforme afirma Azevedo, "mesmo não querendo Rogério Ceni, a expectativa é não ter razão, e que ele dê certo".

O treinador foi regularizado no BID (Boletim Informativo Diário), da CBF, e ficou liberado para treinar o time. Ainda na noite de quarta, Rogério foi ao Morumbi para dar seu primeiro treino.

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