Há três anos na Polônia, jogador do Fluminense luta para crescer no futebol
Alan Fialho, 22 anos, é adorado pela torcida do Arka, time pelo qual atua
Futebol|Do R7*


Quantas crianças brasileiras não sonham em serem jogadoras de futebol? Alan Fialho, 22 anos, era uma delas, a diferença entre ele e vários outros é que não deixou que lhe dissessem que ser atleta profissional era apenas um desejo da infância.
Atualmente, o zagueiro é jogador do Fluminense, mas está empresado para o Arka, time da segunda divisão da Polônia, país onde joga há três anos e onde luta para consolidar sua carreira. Mas, para chegar até o país europeu, o caminho do brasileiro foi longo.
Aos 11 anos, Alan jogava no São Paulo. Com 13 foi para o Grêmio Barueri e, aos 16 saiu do clube. Chamado para jogar apenas um partida pelo Juventus, chamou atenção de outro time, o Audax. “Foi esse clube que me formou. Como zagueiro, aprendi muito lá”, conta Alan.
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No Fluminense, o zagueiro jogava pelo time sub-23, foi capitão da Copa São Paulo e atuou muito bem. Pelo desempenho que teve na competição e na pré-temporada, em parte feita na Polônia, recebeu duas propostas: ficar no time carioca e jogar pelo sub-20 ou ir para o Legia Varsóvia, time europeu que é, atualmente, o campeão polonês.
Mirando chances na Europa, Alan decidiu pela segunda opção e provavelmente, a mais difícil: ir para longe de casa. “A adaptação foi e ainda é difícil, especialmente pelo frio e pela língua. No Legia foi mais fácil porque lá tinham três brasileiros e três portugueses”, conta.
O polonês foi um dos motivos pelos quais o zagueiro apareceu na mídia há algum tempo. Quando estava no time B no Legia, foi observado pela comissão técnica da seleção local por quatro jogos, nos quais se esforçou muito e se destacou. Pouco tempo depois, recebeu a notícia de que seria convocado para jogar na seleção polonesa. Todos os veículos noticiaram, no entanto, quando estava indo para o hotel encontrar o resto do elenco, soube que sua convocação estava revogada.
“Foi bem ruim, porque criei uma grande expectativa”, relembra o jogador. A mudança de ideia aconteceu porque o presidente da federação polonesa tinha declarado meses antes que ninguém que não falasse polonês fluente jogaria na seleção, e, quando Alan foi convocado, muitos foram atrás do presidente para lembra-lo do que tinha dito. O zagueiro assume que ainda não tem o domínio do idioma: “Falo pouco polonês, só o necessário. É uma língua difícil”.
Depois de seis meses no time B do Legia, foi para a equipe principal, mas a situação não era fácil. A equipe tinha zagueiros muitos experientes e, por isso, Alan acabava não jogando.
Quando o empréstimo acabou, a proposta que surgiu foi do Arka, time onde joga atualmente. Contratado pelo presidente, Alan não foi aprovado pelo técnico. “O time inteiro podia se machucar, ele não me colocava”, conta. Mas, para sorte do zagueiro, com três derrotas seguidas e na zona de rebaixamento, o treinador caiu e o brasileiro ganhou uma oportunidade que não deixou passar em branco. Jogou muito bem e, nos três jogos seguintes marcou gol e deu uma assistência.
Foi com boas atuações que Alan ajudou o Arka a se recuperar e ganhou a torcida. “Dizem que eu sou muito raçudo, e isso contagia os torcedores. Entrei no time titular como se fosse minha vida e o Arka começou a ganhar sem parar”, afirma o jogador. Envergonhado, ele assume que foi muito responsável pela virada do clube polonês, que acabou em sexto lugar no campeonato. Foi eleito melhor jogador do time e melhor zagueiro de toda a competição.
Alan conta que seu maior sonho não é ser um ídolo no futebol, mas fazer o bem para o mundo e ajudar as pessoas, o esporte é um meio de fazer isso e conquistar o carinho da torcida faz parte. “Nunca tinha vivido isso antes, é uma coisa que eu sempre sonhei. Quero dar um bom exemplo para a molecada, não só no futebol, mas por ser honesto e fazer o bem para os outros”, conta o zagueiro.
Em 2015, o brasileiro recebeu uma proposta do Linense para jogar o campeonato paulista e ficou em seu país natal. No entanto, o atual técnico já tinha jogadores de confiança e o zagueiro não teve tanto espaço para mostrar seu potencial.
Voltou para o Arka e tinha perdido espaço na equipe. Até segunda-feira (2) não era titular do time, mas, mais uma vez, teve uma chance e a agarrou: marcou dois gols no jogo e entrou para a seleção da rodada, além de ter recebido inúmeras mensagens da torcida, que agradecia pela atuação na partida.
Nos momentos em que o futebol não vai bem, estar longe de casa, da família e dos amigos é difícil. Emocionado, o jogador assume que em alguns momentos pensou em parar, como quando saiu do Grêmio Barueri, mas preferiu seguir seu sonho: “São três anos longe da minha família e, quando as coisas estão dando errado ou simplesmente diferente do que você quer, você acaba pensando em ter outra vida, mas não me arrependo de nada”.
Questionado sobre como é ver todos os amigos estudando, ele não mostra arrependimentos. “Meu sonho sempre foi esse, eu não poderia fazer outra coisa da minha vida. Eu amo treinar, eu amo essa vida, sempre quis chegar longe e fazer tudo que eu fiz”, fala Alan.
No momento, o objetivo do brasileiro é fazer com que o Arka consiga subir para a primeira divisão do campeonato polonês. “Se conseguir ajudar, tudo pode acontecer”, projeta o zagueiro.
*Anita Efraim, estagiária do R7