Você se reúne com os amigos para jogar futebol, eventualmente paga o aluguel da quadra e tem que ficar lá embaixo da trave levando bolada. Pior do que isso, não contribui em nada para o ápice da brincadeira que é justamente fazer gol. Nem todo mundo gosta disso e aí se dá o primeiro problema da pelada: "quem vai para o gol?". Uma classe chamada "goleiro de aluguel" surgiu resolver o antigo problema e ainda elevar o nível das partidas sem improvisação.
Até antes da pandemia do novo coronavírus, quando era liberado jogar futebol, se o time precisasse de um goleiro, bastava fazer uma convocação em comunidades virtuais dedicadas ou até utilizar um aplicativo específico que tudo estava resolvido. O preço por um goleiro de aluguel varia de acordo com a região do país, mas dá para encontrar um bom camisa 1 por cerca de R$ 25 para cada uma hora de jogo. Em alguns casos, é preciso arcar também com transporte do jogador.
Bruno do Nascimento Costa, de 23 anos, goleiro de cadastro número 101 no aplicativo "Goleiro de Aluguel", ainda consegue tirar uma renda extra com as partidas que faz nas horas vagas. Morador de Curitiba (PR), ele estuda e trabalha durante a semana, mas sempre arruma um jeito para praticar esporte, fazer o que gosta, conhecer gente nova e ainda receber uma grana.
“Fui um dos primeiros goleiros do aplicativo. Entrei logo que fiz meus 18 anos, em 2015.”, lembrou Bruno, que revelou até ter pago um tratamento dentário com o dinheiro extra. “Já usei a renda do aplicativo pra várias coisas. Comprei meu celular, meu ar-condicionado e fiz a extração dos meus quatro dentes do siso com o dinheiro que ganhei jogando como goleiro de aluguel."
Mas há quem queira ser goleiro de aluguel justamente para se manter mais próximo da profissão que sonhou. Thiago Capelato, de 20 anos, mora em São Paulo e não vê a hora de poder voltar a jogar, quando as quadras forem novamente liberadas. A garantia, assim como entre os profissionais, não há, mas pode ser medida pela pontuação de cada um.
“É muito vantajoso ser um goleiro de aluguel, principalmente pra quem gosta de jogar. Eu mesmo, por exemplo, faço esse trabalho mais pela prática do esporte do que pelo dinheiro. Óbvio que a gente gosta de ganhar dinheiro com isso, mas meu foco é mais na prática do esporte, poder jogar um futebolzinho sempre”, disse Capelato.
Por renda extra ou por prazer pelo esporte, os goleiros de aluguel são unânimes na promessa de fechar o gol mesmo no jogo mais amistoso.
*estagiário sob supervisão de André Avelar
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