Felipão se reinventa após 7 a 1 e guia Palmeiras na conquista do deca
Treinador venceu preconceitos após humilhação na Copa de 2014 e levou o time alviverde ao deca nacional com campanha praticamente irretocável
Futebol|Cesar Sacheto, do R7
Felipão é campeão com o Palmeiras, mais uma vez. A história do treinador com o clube alviverde ganha mais um capítulo de sucesso, assim como a biografia do técnico.
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Paizão, exigente, rabugento. Seja qual for o adjetivo utilizado para falar sobre a personalidade dele, é preciso reconhecer a estrela de um profissional que superou um período difícil na carreira e agora volta à lista dos grandes nomes da categoria no país.
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Inferno astral
Antes do retorno ao Palmeiras, ocorrido em agosto passado, depois de uma experiência no futebol chinês, Luiz Felipe Scolari não era unanimidade nem mesmo entre os torcedores do clube paulista. O treinador, que recentemente completou 70 anos, era visto como ultrapassado por muitos e também carregava o peso da vexatória eliminação do Brasil na Copa de 2014 na goleada alemã por 7 a 1, no Mineirão.
Porém, logo na apresentação oficial no clube, Felipão deixou claro que as críticas não o incomodariam e não demonstrou preocupação com o preconceito daqueles que o consideravam superado.
Fator Felipão
Palmeirense fanático e declarado, o jornalista Reinaldo Gottino, apresentador do programa Balanço Geral SP, da RecordTV, entende que a chegada do treinador foi determinante para o crescimento do time na temporada e a conquista de mais um título brasileiro para a sala de troféus do clube.
"Se tivesse outro técnico, estaríamos em quinto ou sexto lugar, brigando em outra parte da tabela, mas não na ponta. Faltava comando para o outro técnico [Roger Machado]. Tem jogo que não tem que jogar bem, tem que ganhar. E isso aconteceu com o Palmeiras. Tudo tem que conspirar ir para o mesmo lado. Tem que ser a favor", frisou Gottino.
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O jornalista Robson Morelli, editor de esportes do Estadão, tem opinião semelhante. Para o comentarista, Felipão foi essencial na campanha vitoriosa do Palmeiras, tendo guiado a equipe alviverde para uma arrancada impressionante após o retorno da Copa do Mundo. Sem o experiente treinador, o time poderia não ter o mesmo desempenho.
"Felipão mudou a cara do Palmeiras. Ele sabe motivar elencos. É vencedor. Carrega o 7 a 1 nas costas e sobrevive com isso. Fosse outro, estaria acabado. Não é um estrategista, não tem muitos conceitos táticos, mas é um técnico que tem o grupo é só pensa em vencer. Cobram dele jogar bonito, mas não é muito a dele. Ele joga para ganhar. Sempre. Na sua concepção, isso é o que conta. Respeito", enfatizou Morelli.
No entanto, a relação do técnico com a imprensa foi observada como um ponto negativo no retorno de Felipão ao futebol paulista.
"Meu único senão desta campanha é excluir os jornalistas. Treinos fechados não ajudam em nada. É balela isso que os dirigentes pregam. É para encobrir a incompetência de muitos técnicos. Não se mostrar. Por isso vemos jogos tão ruins, com jogadores medíocres. Quando os treinos eram abertos, a exposição era maior e os times eram melhores também. Todos eram melhores. Nesse sentido, andamos para trás", finalizou o jornalista.
Números de Felipão no Palmeiras
Scolari reestreou no Palmeiras no empate em 0 a 0 com o América Mineiro, em Belo Horizonte, pela 17ª rodada do Brasileirão deste ano. Desde então, foram 21 jogos de invencibilidade no Nacional e a taça garantida neste domingo (25), após confronto com o Vasco da Gama.
O treinador já comandou o time alviverde em 436 Jogos, tendo obtido 210 vitórias, 118 empates e 108 derrotas (((ATUALIZAR NÚMEROS))). Felipão é o segundo técnico que mais vezes dirigiu o Palmeiras na história, atrás apenas de Oswaldo Brandão.
Por outro lado, Scolari é recordista à frente do Palmeiras em jogos do Brasileirão, Copa do Brasil e da Libertadores. Foram 185 partidas no Brasileiro (75 vitórias, 60 empates e 50 derrotas), 47 na Copa do Brasil (27 vitórias, 13 empates e 7 derrotas) e outras 34 na Libertadores (17 Vitórias, 6 empates e 11 derrotas).
Início da história de Felipão no clube
A relação de Felipão com o Palmeiras começou em 1997, após uma passagem pelo futebol japonês e do sucesso obtido no Grêmio. No primeiro ano à frente do Alviverde, o técnico chegou à final do Campeonato Brasileiro, mas o time foi superado pelo Vasco — foram dois empates (0 a 0) em duelos disputados no Morumbi e no Maracanã.
Na segunda temporada com o Palmeiras, Felipão levou o clube ao título da Copa do Brasil, competição que garantiu uma vaga entre os participantes da Copa Libertadores do ano seguinte. No mesmo ano, o técnico ainda faturou a Copa Mercosul, torneio precursor da atual Copa Sul-Americana.
A conquista da Libertadores
Em 1999, Felipão montou um time forte, técnico, habilidoso para a disputa da Libertadores. Assim, o Palmeiras superou adversários como Vasco, Corinthians e River Plate até chegar à dramática decisão contra o Deportivo Cali-COL, no antigo Estádio Palestra Itália, vencida pelos brasileiros na disputa de pênaltis.
O goleiro Marcos, o lateral-direito Arce, o volante Cesar Sampaio, o meia Zinho, os atacantes Paulo Nunes, Evair, Oséas e Euller se tornram em alguns dos heróis daquele elenco e também eternizaram os seus nomes na galeria de ídolos palmeirenses.
Outras títulos
Com o Palmeiras, Felipão ainda chegou à final da Libertadores de 2000 e à semifinal do torneio continental no ano seguinte (2001), mas foi vencido pelo Boca Juniors nas duas oportunidades. Pouco depois, ele assumiu a seleção brasileira e levou o país à conquista do pentacampeonato mundial na Copa de 2002.
Uma década mais tarde, em 2012, o treinador levou a equipe alviverde à conquista da Copa do Brasil. O comandante ainda participou da conquista do Torneio Rio-São Paulo de 2000.
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