Ex-zagueiro da seleção, Álvaro abre o jogo e fala sobre a luta contra o alcoolismo
Atleta confessou que até já treinou embriagado e que também pensou em tirar a própria vida
Futebol|Do R7, com Esporte Fantástico

O zagueiro Álvaro, que começou a brilhar no São Paulo e que até já jogou pela seleção brasileira, é um dos muitos exemplos de jogadores de futebol que se envolveram com o álcool e não tiveram um bom resultado com essa relação. Ele revelou, em entrevista exclusiva ao Esporte Fantástico, que já treinou embriagado e que também pensou em tirar a própria vida.
Ele foi campeão nacional pelo Flamengo, sul-americano pelo Inter de Porto Alegre, destaque no Atlético-MG, passou pela seleção olímpica de 2000 e hoje, veterano jogador com 35 anos, atua pelo Bragantino, na Série B do Campeonato Brasileiro.
O jogador conta que a dependência começou com um hábito saldável. Transferido para a Espanha em 2002, Álvaro passou a tomar um cálice de vinho no jantar. Logo, a taça se tornou garrafas e em todas as refeições. Depois vieram cerveja, pinga e o descontrole.
— Passei seis, sete anos bebendo muito. A bebida se torna parte de você. Você levanta de manhã e não consegue. Você tem que beber para o seu dia se tornar melhor.
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Ele disse ainda que chegou a ficar dias embriagado, chegando no treino com alta dose de álcool no sangue.
Na volta ao Brasil, em 2008, o zagueiro tinha que esconder o vício. A primeira vítima foi o Inter, do então técnico Tite.
— Eu levava escondido para a concentração. Na época, o Tite e o Fernando Carvalho [ex-presidente e dirigente esportivo do clube] gostavam muito de mim e nem se davam conta que eu estava com esse problema.
O alcoolismo, segundo Álvaro, é comum no futebol e ele ataca a postura dos dirigentes, que preferem esconder o problema.
— Um jogador que está em evidência, com 23 ou 24 anos, jamais vai expor esse jogador a uma situação dessas. E, às vezes, esse menino já está em um estágio elevado.[sic]
O zagueiro tornou pública a dependência para ser um exemplo, mas confessou que já tentou tirar a própria vida.
— Você quer matar a sua dor, então você até chega a pensar em suicídio.
Álvaro preferiu defender a vida e, em junho de 2010, decidiu que não beberia mais. Ele se lembrou de um mau exemplo na família: o pai, que morreu em decorrência do alcoolismo.
O atleta confessou também que teve recaídas e disse que o pior dessa fase é ter que recomeçar tudo do zero. E foi exatamente o que aconteceu com ele, já que o zagueiro ficou quase três anos afastado do mundo da bola até voltar pelo Linense, no Campeonato Paulista. Apesar de encaminhar o fim da carreira longe dos grandes clubes, ele vê isso com bons olhos.
— O principal de tudo não foi os anos que eu perdi no futebol, mas foi os anos que eu ganhei de vida.
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