Em tempos de pandemia, Modric recorda drama da guerra
O jogador do Real Madrid, que atuou no retorno do Espanhol, no domingo (14), falou sobre a perda do avô quando menino e tem ajudado seu país
Futebol|Eugenio Goussinsky, do R7
A história do croata Luka Modric, 34 anos, passou a ser mundialmente conhecida principalmente após ele chegar à final da Copa do Mundo de 2018, com a Croácia, e, meses depois, ganhar o prêmio de melhor do mundo da Fifa.
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Mas, agora, em tempos de pandemia, o jogador do Real Madrid, que já atuou no retorno do futebol, no último domingo (14), voltou a falar de outro sofrimento, ocasionado pela guerra em seu país, que vivenciou durante sua infânica.
A Guerra de Independência da Croácia, ocorrida entre entre 1991 e 1995, pegou Modric, literalmente, de calças curtas. E com a bola nos pés, entre destroços.
Ele era um menino, que, dos seis aos 10 anos, viveu o drama da guerra dos croatas contra o JNA (Exército Popular Iugoslavo) e mais tarde contra minorias sérvias na Croácia.
Ao Gazzetta dello Sport, Modric revelou a tristeza que marcou essa época na qual perdeu seu querido avô, também Luka, assassinado na frente de casa, e viu seu pai, Stipe, ir para a guerra.
Nascido em vilarejo perto da cidade croata de Zadar, Modric teve uma infância pobre e, com os bombardeios na guerra, foi transferido com sua família para um hotel comunitário em Zadar.
Lá, a bola foi uma grande companheira. A mãe até o incentivou a praticar esportes para superar o trauma dos combates. Mas a ausência do avô é um vazio que sente até hoje.
"Tinha uma ligação muito forte com o meu avô. Levava-me com ele à caça e fazia de mim o seu ajudante. Fez-me sentir especial. Perdi-o com seis anos e nessa idade foi difícil entender que nunca mais voltaria a vê-lo", contou Modric.
Ele conta que, assim como a bola, a inocência da infância o ajudou durante a guerra.
"Aos sete ou oito anos de idade, os traumas vivem-se de maneira diferente. O medo não é tão aterrador. Vivia no hotel Kolovare com a família e muitos amigos.
Jogávamos bola e escondíamo-nos no hotel. Quando ouvíamos as sirenes, sabíamos o que fazer: correr para o abrigo. Ali, em segurança, voltávamos a jogar", ressalta.
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Agora, durante a pandemia, ele resolveu contribuir com os meninos que, assim como ele já precisou, necessitam de uma ajuda mais urgente.
Veículos de imprensa croata informaram que, no início de abril, ele doou 100 mil euros para o hospital de sua cidade natal, Zadar, com o objetivo de combater a covid-19.
Torcedor do Hadjuk Split na infância, Modric nunca atuou por sua equipe de coração, por não ter sido aprovado em teste. Consideraram que o corpo franzino o impediria de encarar os adversários.
Ele acabou fazendo carreira no rival Dínamo de Zagreb, onde chegou aos 16 anos e, após períodos de empréstimos (Zrinjski Mostar, da Bósnia-Herzegovina, e Inter Zapresic, da Croácia) se consagrou conquistando títulos e chegando à seleção croata.
De lá, seu destino foi o Tottenham, por onde atuou em quatro temporadas. Em 2013 foi contratado pelo Real Madrid, onde, neste momento, discute a renovação de seu contrato, que vence no fim da temporada 2020/2021. Sua intenção, segundo revelou, é renovar o vínculo e encerrar a carreira no clube espanhol.
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