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BRASILEIRO 2022

Em gravação, Marin agradece a J.Hawilla por propina: 'Muito bom'

Delator do Fifagate, dono da Traffic falou sobre direitos de transmissão

Futebol|Dado Abreu, do R7

José Maria Marin é um dos três réus julgados pela Justiça dos EUA
José Maria Marin é um dos três réus julgados pela Justiça dos EUA

Em mais uma tarde do Caso Fifa na Corte do Brooklyn, em Nova York, o empresário J. Hawilla, dono da Traffic, apresentou nesta terça-feira (5) gravações telefônicas entre ele e o ex-presidente do Flamengo Kléber Leite, da Klefer Marketing Esportivo.

Os grampos indicam que os executivos brasileiros teriam discutido o pagamento de subornos para o atual presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), Marco Polo Del Nero, e seus antecessores José Maria Marin e Ricardo Teixeira.

Após o suposto pagamento da propina, Marin teria agradecido ao próprio J. Hawilla em jantar nos Estados Unidos: "Foi muito bom". 

De acordo com o jornalista Ken Bensinger, que cobre o processo nos Estados Unidos, em um dos áudios, que seria de 2014, Hawilla teria tentado induzir Leite a assumir sua participação no esquema de corrupção, no que o interlocutor, suspeito, respondeu: "Acho que por telefone é perigoso, sabe? Melhor falarmos sobre isso pessoalmente", afirmou Kléber Leite.


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Entretanto, em 31 de março de 2014, o dono da Klefer enviou à Hawilla uma mensagem de texto com informações sobre valores de pagamento. "Antes era 1.5. Agora, contando passado e futuro, acrescente 2.0", dando a entender, segundo Hawilla, que o plano era aumentar em milhões o valor enviado ilegalmente aos chefes da CBF. 


O delator da Traffic também apresentou à Corte cópias de transferências bancárias à Klefer no valor de R$ 1 milhão, presumivelmente a sua parte no pagamento dos subornos. Na descrição do depósito: "Copa do Brasil 2013". Vale lembrar que os direitos de transmissão da Copa do Brasil de 2013 e 2014 foram adquiridos pela Traffic, porém, meses depois a empresa de J. Hawilla e a Klefer firmaram um acordo para compartilhar custos e lucros da competição entre 2013 e 2022.

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Ainda no depoimento desta terça-feira, Hawilla disse que um mês após firmar a parceria, Kléber Leite o encontrou para dizer que havia entrado em um acordo para pagar subornos. "Deveríamos pagar R$ 1,5 milhão por ano", revelou o empresário. "Ele [Leite] disse que seria R$ 500 mil para cada um: Teixeira, Marco Polo e Marin". 


Com as propinas devidamente pagas, o delator brasileiro gravou secretamente José Maria Marin durante um jantar em Miami, em abril de 2014, e perguntou ao então presidente da CBF sobre o pagamento do suborno. "Nós resolvemos tudo", teria respondido Marin. "Foi muito bom", completou o ex-presidente da CFB.

Foi em 2014 que J. Hawilla passou a colaborar com as autoridades norte-americanas, se declarou culpado por crimes de corrupção e obstrução de justiça e concordou em pagar US$ 151 milhões (R$ 494 milhões) ao governo dos Estados Unidos. Até o momento, ele devolveu US$ 20 milhões (R$ 64 milhões) aos cofres públicos e solicitou um novo prazo para encerrar a dívida alegando falta de recursos. "Quando a investigação se tornou pública foi um escândalo e a Traffic perdeu muito do seu valor de mercado", disse Hawilla, que também culpou o momento da economia brasileira pela dificuldade financeira.

Procurado pela reportagem do R7, Kléber Leite respondeu por meio de um comunicado da Klefer, no qual a empresa acusa a denúncia de J. Hawilla de "mentirosa e irresponsável" (leia a defesa da empresa na íntegra).

Os advogados de José Maria Marin refutam a participação de seu cliente em qualquer evento ilícito. José Roberto Batochio, que defende Del Nero no caso, afirmou que no período compreendido pela investigação seu cliente não era presidente da CBF e, portanto, não assinou contratos sob suspeita.

Ricardo Teixeira também diz serem inverídicas as acusações contra ele, mas não descarta comparecer à Corte caso seja intimado formalmente

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