Dica aos goleiros: cientistas descobrem quais são os chutes com mais chances de virar gol
Estudo avaliou tendências de finalização entre os times mais bem colocados na liga espanhola
Futebol|Do R7

Pesquisadores da Faculdade de Educação e Desporto de Álava, na Universidade do País Basco, estão desenvolvendo novos métodos para aprimorar o treinamento de goleiros no futebol. Um estudo publicado em abril marca a primeira análise acadêmica focada nos chutes a gol sob a perspectiva dos goleiros. Essa abordagem, segundo os autores, pode tornar o treinamento dos goleiros mais eficaz e ajustado à realidade do jogo.
“Queríamos explorar as situações reais enfrentadas pelos goleiros para que o treino fosse mais relevante. Caso contrário, corre-se o risco de treinar situações raras e negligenciar as mais comuns”, afirmou Markel Pérez, um dos responsáveis pela pesquisa. Ele destaca que, embora equipes de elite possivelmente já utilizem dados semelhantes, o estudo torna esse conhecimento acessível a qualquer treinador ou clube.
A pesquisa contou com a colaboração dos treinadores de goleiros Arkaitz Crespo e Jon Zabala, do SD Eibar, e analisou 2.238 finalizações contra 15 goleiros ao longo de 179 partidas da La Liga 2019/2020. Foram observadas 16 variáveis específicas, como a direção da bola, a parte do corpo usada pelo jogador na finalização, a área e distância do chute, além das ações realizadas pelo goleiro para tentar a defesa.
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Entre os principais achados, o estudo revela que os chutes de primeira, ou seja, sem domínio prévio da bola, representam cerca de 75% dos gols sofridos.
“São jogadas rápidas e imprevisíveis, que exigem uma reação quase instantânea. O goleiro tem pouco tempo para se posicionar ou ativar os reflexos. Isso mostra a importância de incluir esse tipo de situação no treinamento”, explicou Pérez.
Outro fator de dificuldade identificado são os chutes desviados, quando a bola muda levemente de trajetória ao bater em outro jogador. “Nesses casos, a tomada de decisão se torna mais difícil, pois o movimento da bola não é linear. Exercícios de reação rápida podem ajudar os goleiros a lidar com esse tipo de incerteza”, acrescentou.
O estudo também avaliou tendências de finalização entre os times mais bem colocados na tabela. Segundo os dados, as equipes de elite costumam concluir as jogadas após trocas de passes, com menos ênfase em cruzamentos ou bolas paradas.
Para Pérez, essa informação pode ser útil para preparar os goleiros de acordo com o estilo do adversário: “Antes de enfrentar um time de ponta, o treinamento pode focar em jogadas construídas com múltiplos passes, já que são essas as situações mais prováveis.”
A equipe pretende expandir a pesquisa para outras ligas e países, com o objetivo de verificar se os resultados se aplicam a diferentes contextos. “Fatores como o clima — se o campo está molhado ou seco — também podem alterar as dinâmicas de jogo e o desempenho dos goleiros”, concluiu Pérez.