Sem Neymar, seleção repete drama de Pelé em 1962

Perder o seu maior craque em um Mundial, como aconteceu com Neymar, que está fora da Copa do Mundo de 2014, não é novidade para o Brasil. Em 1962, no segundo jogo contra a Tchecoslováquia, um drama assolou a seleção brasileira na tentativa de defender o título de campeão mundial, conquistado em 1958. Pelé teve uma forte contratura muscular e, mesmo permanecendo em campo até o fim do jogo, já que não havia substituição na época, ficou de fora do restante da competição.

O turbilhão vivido pelo treinador Aymoré Moreira naquele momento se assemelha ao que envolve Felipão no atual. A diferença é que Pelé deixou a Copa em seu início e Neymar ficará de fora a partir das semifinais. Pelé, na época, já era uma figura consagrada mundialmente, considerado o maior jogador do planeta. Muitos pensaram, na ocasião, que a Copa estava acabada para o Brasil. Mas Amarildo o substituiu e, com a participação decisiva de Garrincha, o outro ídolo nacional, o Brasil chegou novamente ao título.

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O ex-atacante Pepe, José Macia, fazia parte daquele grupo. Amigo de Pelé, ele testemunhou os momentos difíceis vividos pelo companheiro, já que, também contundido, passou um tempo no Departamento Médico, onde convivia com o craque cortado, aproveitando para lhe dar apoio.

—Tive um contato grande com o Pelé naquele momento. Ele ficou muito chateado mesmo. A seleção inteira também. O choque foi grande já que ele era o maior. Mas foi um drama superado logo contra a Espanha. O Amarildo foi bem e, se não foi o Pelé, foi o Amarildo e isso nos ajudou.

Amarildo, um meia expansivo e controvertido, do Botafogo, se adaptou logo à equipe. Jogou ao lado de muitos companheiros de Botafogo, como Garrincha, Didi e Zagallo. Do ataque da equipe do Rio, apenas Quarentinha não havia sido convocado. Pepe fala que o ambiente na seleção favoreceu o jogador.

—O Amarildo era um jogador extrovertido, muito confiante. Até hoje ele é assim. Na época, o Nilton Santos, com quase 35 anos, ficava um tempão conversando com ele, dando conselhos. E correu tudo bem.

Pepe acredita que, agora, a seleção de Felipão, pode se unir ainda mais, apesar de não estar jogando tão bem quanto o esperado.

—Os jogadores da seleção são de alto nível, a maioria atua em grandes clubes da Europa. Agora o elenco tem de vestir a farda de general e substituir à altura o Neymar. Se não for na técnica, porque ele é o melhor e não há igual no time, que seja na raça. Esta má notícia pode fazer cada um dar ainda mais um pouco de si para substituí-lo. E, com o grupo unido como está, ainda dá para o Brasil ser campeão.