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BRASILEIRO 2022

Com estaduais ameaçados pela TV, proposta pode evitar o fim trágico

Desistência da TV Globo de transmitir o estadual do Rio de Janeiro abriu para que possibilidades fossem pensadas para manter as receitas dos clubes

Futebol|Eugenio Goussinsky, do R7

Estaduais terão de ser repensados para o futuro
Estaduais terão de ser repensados para o futuro J F PIMENTA/ESTADÃO CONTEÚDO

No mundo globalizado, o poder financeiro tem cada vez mais ditado as regras no futebol. Mas a lógica do futebol brasileiro sempre seguiu características próprias, baseadas muito mais nos interesses particulares dos clubes, em detrimento do bem geral. Além das questões regionais, que vêm mantendo os campeonatos estaduais.

Com a desistência da TV Globo de transmitir o estadual do Rio de Janeiro, veio o questionamento a respeito da continuidade dos estaduais, a partir de um modelo no qual a receita com a TV poderá não ser mais a principal fonte de recursos, por causa da ascensão do streaming.

Tudo ocorreu, ironicamente, em um momento no qual alguns clubes, capitaneados pelo Flamengo, insistiram em precipitar a volta dos estaduais, em meio à pandemia, colocando uma aura de importância enorme a esses campeonatos.

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E agora, neste surpreendente Brasil, na semana seguinte, fala-se na extinção dos estaduais, com o argumento de que, com um possível fim das verbas oriundas da TV, os clubes de menor porte não encontrarão outras fontes de recursos, tanto em empresas quanto em seguidores e visualizações na web.


Seria um exercício de futurologia cravar que os estaduais irão acabar a partir desta questão da TV. As federações regionais ainda têm uma força no cenário e dificultarão ao máximo o fim destes campeonatos.

Mas, sem dúvida, esse debate em torno da forma de transmissão dos jogos e das fontes de receitas dos clubes abriu espaço para muitas possibilidades.


O Brasil está cerca de 30 anos atrasado em relação ao que ocorre nos chamados países desenvolvidos. Na Europa, por exemplo, a negociação com a TV segue um modelo estabelecido nos anos 90, em que as ligas dividem entre os participantes as quantias negociadas, com algumas diferenças, entre um e outro país, de pagamento aos clubes com mais torcida, audiência e melhores resultados. Mas não há muita discrepância entre os clubes de maior e menor popularidade.

A questão é que lá, em sociedades, que bem ou mal, têm um projeto para o país, existem as ligas de clubes.


Aqui, o caminho é inverso. A necessidade de reorganização, principalmente por causa da pandemia, se faz presente, mas os interesses individuais dos clubes impedem, por exemplo, a formação de uma liga. Ou da criação dos clubes-empresa.

A tendência, no entanto, é a de que, com isso, prevaleçam os interesses dos clubes mais populares. Com maior potencial de venda. O Flamengo, com a diretoria atual, jamais aceitaria, por exemplo, dividir qualquer parte do bolo com alguém, dentro de uma liga nacional.

O ideal seria mesmo a formação de uma liga nacional, transparente, que valorizassse os grandes e os menores em busca de um objetivo comum.

E, como o Brasil tem suas características próprias, estas ligas poderiam ter ramificações em cada estado, organizando os campeonatos locais, buscando parceiros e receitas. Para fortalecer os clubes e revitalizar o futebol brasileiro diante do poderio europeu.

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