Coaching de jogadores de futebol promete solução para má fase de craques
Especialista em psicologia do esporte garante melhora imediata no desempenho
Futebol|Francisco Valle, do R7
O que explica o fato de Lucas, uma das principais revelações do Brasil, não jogar nada na França? Por que Ganso, que brilhou com a camisa do Santos, não consegue exibir um bom futebol no São Paulo?
O coaching de jogadores Marcelo Astrolino, morador do Rio de Janeiro e especialista em psicologia do esporte, promete ter as respostas e mais: as soluções para esses casos algumas vezes inexplicáveis.
O R7 bateu um papo com Astrolino, que falou sobre o que é ser um coaching, mostrou os mapeamentos que faz com os atletas e comentou o caso específico de Lucas.
— Um coaching esportivo faz um mapeamento emocional dos jogadores para melhorar o desempenho deles dentro de campo. São esses fatores que levam o atleta ao erro ou ao acerto no momento decisivo de uma partida.
A parte psicológica já ganhou a atenção dos clubes há algum tempo. Porém, o coaching explica por que seu trabalho se diferencia do que já acontece nos grandes times de futebol.
— O meu foco não são apenas os problemas externos pelos quais o jogador passa, o clube só dá suporte extra campo para o profissional. A própria competição gera questões de stress que têm que ser trabalhadas. Mas, o que é mais inovador é que eu trabalho individualmente com cada um, são histórias e traumas diferentes.
A metodologia para isso, segundo Astrolino, é fazer com que o jogador entende seus pontos fracos, como ansiedade e emoções, e lide com isso no dia a dia para se sair melhor no momento em que está no campo.
— Eu sento com o cara e peço para ver os jogos de alto nível dele. A partir daí, pela observação, eu faço um mapeamento baseado na leitura corporal, que é o melhor jeito de adquirir informações do comportamento.
Depois da observação, o coaching passa para o jogador os pontos de deficiência que ele tem e começa um processo de autoconhecimento por parte do atleta, no qual ele vai aprender a lidar com suas emoções fora de campo e, posteriormente, transportá-las para dentro das quatro linhas.
A melhora, segundo Astrolino, já pode ser notada no jogo seguinte à consulta. Mas, ele deixa claro: não consegue transformar um mau jogador em craque e sim estimular aqueles que já têm talento, mas não conseguem desenvolvê-lo.
Lucas e Messi
Mas, como saber diferenciar quando o problema dos grandes jogadores é ou não emocional? Astrolino garante que não é tão simples assim, mas que, com um pouco de conhecimento, a diferença já é notável.
— Os casos de Lucas e Ganso são típicos de problemas emocionais. Jogadores jovens e talentosos que estão lidando com pressões e visibilidades de maneira muito rápida. Já o do Ronaldinho Gaúcho, por exemplo, é uma acomodação de um grande jogador que já não tem tanta vontade assim de jogar.
Questionado especificamente sobre Lucas, que saiu do São Paulo para o PSG tido como grande postulante a craque e não convenceu no clube francês, o coaching diz que conseguiria solucionar rapidamente o problema do meia.
— Ele não briga, não revida e não tem malícia. Isso, em campo, é muito visível. Quando ele leva isso para a competição, não consegue se impor. Esse traço tem que ser trabalhado melhor no social para que ele também possa mostrar o futebol que tem, para ele ser mais agressivo no jogo. Eu daria para ele em seis meses uma maturidade que ele só teria daqui a uns cinco anos.
Outro caso muito comentado no futebol é o de Lionel Messi, craque indiscutível no Barcelona, mas que deixa a desejar vestindo a camisa da seleção argentina. Para Astrolino, no entanto, o problema de Messi não é emocional, mas sim de estrutura.
— Nesse caso do Messi, eu não vejo bem assim [emocional]. Eu vejo que no Barcelona ele tem uma estrutura que funciona já há muito tempo. São grandes nomes que jogam com ele e para ele. O jogador, quando atinge esse nível de jogo, não por coincidência, já é dotado de uma inteligência maior para superar os desafios emocionais.