Água Santa promete bicho 'gigante' em caso de título contra o Palmeiras na final do Paulistão
Clube de Diadema apostou em premiações em caso de vitórias e empates para estimular os atletas durante a competição; apesar da bolada, Netuno fechou estadual no azul
Campeonato Paulista|Gabriel Herbelha, do R7
Sensação do Campeonato Paulista e prestes a disputar a sua primeira final da competição, o Água Santa causou muita especulação e discussão para tentar explicar como esse pequeno time de Diadema alcançou tal feito.
Além do mérito esportivo, pelas grandes atuações e bom desempenho no torneio, há também uma razão financeira: o bicho.
Para quem é alheio ao vocabulário futebolístico, “bicho” é uma expressão que simboliza um incentivo financeiro prometido aos atletas em caso de vitória.
O diretor-executivo de futebol do clube, Júlio Rondinelli, confirma a prática e explica que o “estímulo” aumentou após o treinador, Tiago Carpini, e ele terem convencido a direção de que essa seria uma forma de motivar os atletas.
“Neste ano, em um convencimento não só meu como também do Tiago Carpini, a gente mostrou para eles [a direção do clube] que era um estímulo a premiação jogo a jogo direta, não tinha valor acumulado. Então isso motiva demais o atleta a buscar sempre a vitória”, declarou.
Pelas regras estabelecidas entre diretoria e atletas, vitórias como mandante e visitante e empates longe do Distrital de Inamar garantem a remuneração extra aos atletas.
“Como a premiação é bastante significativa, fez com que o elenco sempre buscasse a vitória desde a primeira rodada, sem alteração de valor nem de condição”, conclui Júlio.
De acordo com o apurado pela reportagem, o Água Santa pagou cerca de R$ 120 mil por vitória na fase de grupos. Como o clube venceu sete jogos e empatou um fora de casa, a premiação ficou acima dos R$ 900 mil.
A classificação contra o São Paulo, nas quartas de final, e o Red Bull Bragantino, na semifinal, teve bichos consideravelmente maiores do que os R$ 120 mil.
À reportagem, Júlio confessou que, caso o clube alcance o título inédito, a premiação será “gigante”.
Folha salarial alta para um clube sem divisão
Em comparação ao Palmeiras, rival na final, que será disputada nos dias 2 e 9 de abril, os Aquáticos têm uma folha salarial cerca de 22 vezes menor.
O Alviverde gasta mensalmente R$ 18 milhões em salários; já o Água paga cerca de R$ 850 mil ao seu elenco.
No entanto, ao vermos a realidade do futebol brasileiro, o Água Santa é uma exceção de um clube em sua situação, que, em 2023, não tem divisão e disputa apenas o campeonato estadual.
Se disputasse a Série B de 2022, por exemplo, o clube da região do ABCD teria o sétimo maior gasto salarial da competição, à frente de times tradicionais, como Guarani, CRB, Náutico e Brusque.
Finanças no azul ajudam o clube
Apesar do gasto milionário com as premiações, além dos salários, o bom desempenho no Paulistão e a venda de jogadores ajudaram o clube a fechar o primeiro trimestre do ano com superávit.
Por chegar à final do estadual, o clube já garantiu R$ 1,65 milhão da premiação estabelecida pela FPF (Federação Paulista de Futebol). A venda de dois atletas, Thiaguinho e Renato Júnior, ambos das categorias de base, geraram mais 500 mil dólares (R$ 2,57 milhões, na conversão de valores).
No "melhor momento” em sua trajetória no futebol, como o próprio diz, Júlio, que admite sondagens de grandes clubes do país e dificilmente vai continuar no Água, explica que o sucesso é a consequência de uma boa gestão, que envolve não cometer loucuras.
"Existe continuidade, o clube passou a entender que uma boa gestão era importante para atingir esses objetivos em três anos. A gente teve somente dois treinadores [desde 2020], que foram Tiago Carpini e Sérgio Guedes, então a gente busca um equilíbrio nas decisões, não tomar nenhuma decisão intempestiva que prejudique o clube e faça com que onere o clube em decisões desequilibradas.”
Palmeiras tem folha salarial 22 vezes maior que a do Água Santa; entenda as duas realidades