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BRASILEIRO 2022

Arrecadação do Barça é similar a dos 20 maiores times do País juntos, diz estudo

Futebol|Do R7

Não é de hoje que o futebol brasileiro está em crise. Um estudo da empresa de marketing esportivo Sports Value mostrou que o Barcelona faturou sozinho em sua última temporada um valor que se aproxima do total arrecadado pelos 20 clubes brasileiros com as maiores receitas de 2017. O relatório reforça o enorme hiato entre o mercado do futebol nacional e o europeu.

O Barça arrecadou mais que qualquer europeu, em um ano considerado atípico. O faturamento total da temporada 2017/2018 foi um recorde para o clube catalão: 914 milhões de euros, o equivalente a mais de R$ 4 bilhões. Parte da receita está relacionada à venda de Neymar ao Paris Saint-Germain. A transação garantiu ao clube a quantia de 222 milhões de euros, valor da multa contratual. O valor chega a quase R$ 1 bilhão, de acordo com a cotação atual.

Já entre os clubes brasileiros, não há motivos para comemorar. Os 20 times com maior receita conseguiram arrecadar juntos em 2017 um total de R$ 5,02 bilhões. O Flamengo obteve o maior faturamento. O time rubro-negro arrecadou R$ 649 milhões, apenas 15% do total do clube catalão em sua última temporada. O Palmeiras vem logo em seguida com R$ 504 milhões. Já o São Paulo ficou na terceira posição, com o faturamento total de R$ 480 milhões.

Quatro parâmetros foram utilizados para comparar o Barcelona com os brasileiros: arrecadação com direitos de TV, marketing, transferência de jogadores e receita de estádios, que inclui programas de sócio-torcedor. O relatório aponta alguns fatores responsáveis para tamanha discrepância entre os valores arrecadados: gestão da marca realizada globalmente, gerência de negócios altamente profissional, além de marketing e comunicação global são alguns deles.


Amir Somoggi, responsável pelo estudo, observa o futebol brasileiro com preocupação. Para ele, é grave que os 20 maiores clube do Brasil tenham quase a mesma renda que um único time da Catalunha. De acordo com o especialista, este fenômeno é resultado da má gestão dos clubes do futebol brasileiro. O autor afirmou que o Brasil ficou para trás em relação aos europeus:

"O Barcelona, de 2003 para cá, acordou para a globalização da sua marca. Foi o mesmo ano em que os clubes brasileiros se depararam com os pontos corridos (no Campeonato Brasileiro). Então, poderia ter havido, em 2003, um momento efetivo de mudança quando mudou a legislação, estatuto do torcedor, etc. Foi naquele momento que os clubes falharam no Brasil", diagnosticou.


O autor do estudo diz que, ao analisar os números, é possível afirmar que os clubes brasileiros gastam dinheiro no futebol em si, mas não investem no negócio. Ao contrário do Barcelona, que, segundo ele, "gasta com escritórios de negócios ao redor do mundo". Somoggi explicou que o clube "investe na marca e tem patrocinadores espalhados pelo mundo inteiro", o que justifica o seu alto faturamento.

GESTÃO NO FUTEBOL - Questionado sobre a crise de arrecadação no futebol brasileiro, ele reconhece que a questão é complexa. "Não é só uma crise, é uma crise financeira, mercadológica, ética e de transparência". Somoggi afirmou ainda que o ambiente de negócios é péssimo no Brasil, o que dificulta a entrada de novos investidores, como russos e árabes, já conhecidos no futebol europeu. "A mentalidade da gestão dos times brasileiros não acompanhou o que aconteceu no mundo."


Todos estes problemas passam pela questão da gestão nos clubes. Somoggi criticou as mudanças de presidência nos clubes a cada biênio: "Não adianta a gente ficar mudando de presidente a cada dois anos, presidentes que não entendem nada do negócio e quererem atrair a atenção de gestor".

Ele apontou que os clubes deverão trabalhar internamente questões ligadas aos estádios, sócio-torcedor e patrocinadores, além de focar em um trabalho global. "O Brasil é um dos maiores mercados do mundo de futebol, mas não o único. Clubes americanos estão começando esse processo de globalização, chineses também, e nós ainda esperamos o que vamos fazer com o sócio torcedor. Estamos muito atrasados."

Receitas dos clubes (arrecadação de 2017, em milhões):

1 - Flamengo: 648,7

2 - Palmeiras: 503,7

3 - São Paulo: 480,1

4 - Corinthians: 391,2

5 - Cruzeiro: 344,3

6 - Grêmio: 341,3

7 - Atlético-MG: 311,4

8 - Santos: 287,0

9 - Botafogo: 280,5

10 - Internacional: 245,9

11 - Fluminense: 212,12

12 - Vasco da Gama: 191,5

13 - Atlético-PR: 161,3

14 - Coritiba: 119,1

15 - Sport: 105,5

16 - Bahia: 104,9

17 - Chapecoense: 99,8

18 - Vitória: 90,5

19 - Ponte Preta: 68,8

20 - Goiás: 64,8

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