Árbitros e VAR transformam alguns jogos em esporte desconhecido
Poucos além dos palmeirenses entenderam os nove minutos de acréscimo contra Chape. No Corinthians, árbitro volta atrás e dá pênalti polêmico
Futebol|Eduardo Marini, do R7
O Campeonato Brasileiro entra em sua 26ª rodada com as polêmicas geradas pelo VAR chegando ao limite do inaceitável.
Em pelo menos dois jogos da noite da quarta-feira (16), o sistema de arbitragem transformou as partidas em algo muito distante de espetáculos geradores de prazer.
Na vitória por 1 a 0 do Palmeiras sobre a Chapecoense, no Allianz Parque, em São Paulo, apesar do tempo parado com a expulsão do zagueiro Gum, da equipe goiana, poucos além dos torcedores do Palmeiras entenderam e aceitaram os nove minutos de acréscimo no segundo tempo – vinte por cento de um tempo – numa partida que estava zero a zero.
O Palmeiras fez o gol aos 54 minutos, nos últimos segundos dos nove minutos misteriosamente computados e dados pelo árbitro, e venceu a partida. A arbitragem da CBF tem obrigação de explicar o que levou seus enviados a dar tanto tempo extra.
Tivesse esse fato ocorrido, por exemplo, no segundo gol da vitória do Flamengo por 2 a 1 sobre o Fortaleza, no Castelão, e não na partida do Verdão, era possível imaginar uma comissão de representantes de equipes paulistas nas redes sócias, nos veículos de comunicação ou na sede da CBF, nesta quinta-feira (17), a pedir anulação da partida ou outra providência drástica para deter o “esquema VARmengo”.
É a síndrome do pau a todo custo – todo custo mesmo, qualquer custo - no líder da vez. Mesmo porque unir todos contra um é bem mais fácil do que ter os eventuais desgastes gerados pela coerência.
No empate em 2 a 2 entre Goiás e Corinthians, o árbitro Wagner do Nascimento Magalhães, do Rio e da Fifa, deixou um lance correr, também nos acréscimos, mas depois, chamado pelo VAR para analisar a jogada, voltou atrás e deu o pênalti pela bola ter tocado no braço de um jogador do Goiás.
Aqui vale destacar um comportamento dos árbitros brasileiro em 2019. Eles não são obrigados a alterar mudar a interpretação quando chamados pelo VAR, mas a quase totalidade deles muda de ideia após ser convocado para ver o vídeo.
Muito estranho. Faz desconfiar de um misto de acomodação com falta de segurança e de vontade de contrariar a turma da cabine, que não necessariamente advoga por uma marcação contrária.
Esse segundo jogo acabou no pior dos climas, com a equipe goiana reclamando do pênalti e a corintiana querendo mais minutos para ver se ocorria a virada, já que o adversário, àquela altura, tinha dois jogadores expulsos.
O VAR é uma ferramenta positiva. Mas o trabalho irregular de seus operadores, somado à insegurança dos árbitros brasileiros, vem transformando algumas partidas de futebol em um esporte que a gente desconhece.
Ninguém merece.