Em um duelo de 'Rojas', a Espanha, atual campeã mundial, foi derrotada pelo Chile por 2 a 0 no Maracanã, nesta quarta-feira pelo Grupo B da Copa do Mundo, e deu um inesperado adeus à competição.
O Chile abriu o placar logo aos 20 minutos de jogo com Eduardo Vargas e sacramentou a eliminação espanhola com Charles Aránguiz, aos 43.
Ao ser eliminada na fase de grupos, a Espanha repete o vexame de outras duas ex-campeãs mundiais que não avançaram às oitavas, a França de 2002 e a Itália de 2010.
Já o Chile chegou aos mesmos seis pontos da Holanda, que mais cedo havia vencido a Austrália por 3 a 2 em Porto Alegre. Com isso, os chilenos garantiram a classificação e brigarão na próxima segunda-feira com a Holanda em São Paulo pelo primeiro lugar do Grupo B.
No mesmo dia, a Espanha se despede de maneira melancólica do Mundial contra a também eliminada Austrália, em Curitiba.
O confronto entre chilenos e holandeses interessa diretamente à seleção brasileira, que, se mantiver o primeiro lugar do Grupo A, vai duelar nas oitavas com o segundo colocado da chave B.
Antes da partida, cerca de cem torcedores chilenos tentaram entrar à força no Maracanã. De acordo com a Fifa, 85 foram detidos pelos agentes de segurança do estádio.
Os torcedores, a maioria vestindo camisas da seleção chilena, invadiram a entrada destinada aos jornalistas e armaram uma grande confusão na sala de imprensa.
Muitos invasores que conseguiram chegar às arquibancadas foram denunciados pelos próprios torcedores aos seguranças do estádio.
Mas os incidentes não estragaram a linda festa da torcida chilena, que lotou o Maracanã e pintou de vermelho o estádio.
Após a surpreendente goleada sofrida para a Holanda na partida de abertura do Grupo, o técnico Vicente del Bosque fez mudanças na Espanha. Na defesa, tirou o zagueiro Gerard Piqué, improvisando o volante Javi Martínez na posição.
Na frente, os espanhóis entraram em campo com dois atacantes, o brasileiro naturalizado espanhol Diego Costa como centro-avante e o rápido Pedro, que substituiu o veterano meia Xavi.
Sabendo que uma derrota significaria a eliminação da atual campeã do mundo, a intenção de Del Bosque era clara: ganhar mais velocidade e chegar ao gol chileno com mais objetividade do que na partida contra a Holanda.
Do lado chileno, Jorge Sampaoli apostou na necessidade espanhola de buscar a vitória e entrou em campo com três zagueiros. O meia Valdivia, titular contra a Austrália, foi o escolhido para sair da equipe. Francisco Silva entrou em seu lugar.
Apesar do esquema mais defensivo, quem teve a primeira grande chance do jogo foram os chilenos. Com um minuto de jogo, Arturo Vidal fez boa jogada, invadiu a área espanhola pela esquerda e tocou para Vargas. O atacante do Napoli demorou para finalizar e foi desarmado por Jordi Alba, que mandou pela linha de fundo.
No escanteio, a bola sobrou para Jara cabecear com muito perigo para fora.
Melhores em campo e empurrados pela enorme massa chilena que lotou o Maracanã, os sul-americanos não demoraram para abrir o placar.
Aos 20 minutos, Alexis Sánchez roubou uma bola no meio de campo e partiu em velocidade pela direita. O atacante do Barcelona lançou Aranguiz, que não foi fominha e encontrou Vargas na cara do gol. O ex-jogador do Grêmio tirou de Casillas e abriu o placar com um leve toque.
Os espanhóis tentaram dar o troco aos 24 minutos. Diego Costa recebeu na área e deixou Xabi Alonso na cara do gol, mas o volante espanhol chutou em cima de Osmar Bravo.
Quatro minutos depois, Diego Costa foi lançado e finalizou de primeira, mas a bola bateu no lado de fora da rede, levando muitos torcedores a gritar gol.
Apesar desses dois lances, a Espanha não conseguiu impor seu estilo de jogo. Tão famosa pelo "Tiki-taka", de troca de passes e posse de bola que valeu um título mundial e outro europeu, os espanhóis mostraram-se irreconhecíveis em campo e ofereceram muitos contra-ataques aos chilenos.
A boa atuação dos comandados de Jorge Sampaoli no primeiro tempo foi premiada com mais um gol. Alexis Sánchez cobrou falta com perigo e Casillas, vilão da derrota para a Holanda com seguidas falhas, espalmou para frente. No rebote, Aranguiz dominou e fez o segundo gol do Chile, aos 43.
Na volta do intervalo, o que se viu foi muita correria dos dois lados e pouca objetividade no ataque.
A Espanha, desesperada, tentou diminuir a desvantagem e teve grande chance de marcar logo no início do segundo tempo.
Aos 7 minutos, Diego Costa ganhou de Jara no corpo e armou uma bonita bicicleta. A bola cruzou toda a área e caiu nos pés de Sergio Busquets, que só precisava empurrar para o gol. Mas o jogador do Barcelona pegou de canela e mandou pela linha de fundo, para desespero dos companheiros.
O Chile, bem postado e pegando forte na marcação, quase transformou a vitória em goleada com Isla, que apareceu na área para finalizar um contra-ataque puxado por Vidal com um carrinho, mas mandou por cima do gol de Casillas, aos 20 minutos.
Em minoria no estádio, os torcedores brasileiros se uniram aos chilenos para vaiar Diego Costa, substituído aos 23 por Fernando Torres, e para gritar "Eliminado!" a plenos pulmões para a Espanha.
Aos 40, Iniesta teve a última chance de fazer um gol de honra e acertou um chute colocado, mas Bravo, que negocia para ser goleiro do Barcelona na próxima temporada, voou para buscar.
Com o apito final, os mais de 70.000 torcedores que presenciaram a zebra saíram do Maracanã com a certeza de que viram o último capítulo de uma seleção espanhola que marcou uma era e que deverá passar por uma intensa renovação para voltar à elite do futebol.
am/dm