Entrevistamos Ed Boon, criador de Mortal Kombat e Injustice
O lendário diretor esteve na BGS e falou com o E-Sports
E Sports|Victor Fermino, do R7

Se você tem mais de 20 anos, é bem provável que tenha convivido com algumas das polêmicas dos jogos violentos nos anos 2000, como Grand Theft Auto e Manhunt. Se você é ainda mais velho, entretanto, sua memória deve incluir Mortal Kombat, que sempre foi um tremendo sucesso não só pela brutalidade visual mas também pelo estilo gráfico totalmente diferente da concorrência.
Ed Boon, que criou o jogo em parceria com seu amigo John Tobias, também é responsável pela franquia Injustice, e estava na Brasil Game Show divulgando o segundo game da série. Nós entrevistamos o cara, o que foi bem difícil porque tinha uma fila enorme para vê-lo.
E-Sports: Como é, para um fã de quadrinhos desde a infância, trabalhar com a DC Comics?
Ed Boon: É maravilhoso. Eles são grandes fãs de Mortal Kombat, e eu sou fã de quadrinhos da DC. É uma excelente combinação.

R7: Injustice tem o espírito de Mortal Kombat com o mundo da DC. Você tem planos de trabalhar com outra franquia famosa assim como fez com o universo da DC, já que são da Warner?
Ed: Eu acredito que seja possível. Nós gostamos de imaginar que Injustice é um pouco diferente de Mortal Kombat, mas eu tenho certeza que teoricamente poderíamos fazer alguma coisa, como um jogo da Marvel ou com personagens de filmes de terror como Freddy e Jason.
R7: A tecnologia mudou bastante desde 1992. Você acredita que as coisas são mais fáceis agora que você pode, por exemplo, rebalancear personagens através de patches?
Ed: Muito mais difícil. Muito mais difícil. É dez vezes mais difícil. Nós temos mais personagens, mais golpes por personagens e modo online, que torna as coisas muito mais complicadas. Desenvolvimento de games há 25 anos era brincadeira de criança comparado a hoje em dia.
R7: Tekken teve um crossover com personagens de Street Fighter e King of Fighters. Se a Bandai Namco chegasse e pedisse para colocar uma personagem de Mortal Kombat no jogo, você aceitaria?
Ed: Não. (risos) Seria uma oferta envaidecedora... agora que eu parei para pensar, se tivéssemos aprovação, nós iríamos considerar a oferta.
Eu gosto da ideia de jogos de luta possuírem jogabilidades tão distintas
R7: Seu estilo de game design é bem diferente de outros jogos de luta como Street Fighter, Fatal Fury e Art of Fighting. É menos focado em especiais e mais em fluidez e timing. Essa filosofia de design mudou muito nos últimos anos?
Ed: Eu gosto da ideia de jogos de luta diferentes possuírem jogabilidades tão distintas. Isso torna a comunidade mais interessante. Se tudo fosse igual, as coisas seriam muito chatas. Eu gosto de fazer as coisas diferentes.
R7: Mortal Kombat era muito popular nos anos 90 pela violência. Com o tempo, isso mudou, e hoje em dia é uma franquia conhecida por mais do que isso; é um jogo de luta acessível e competitivo. Você gosta dessa nova reputação?
Ed: Eu acredito que a violência e os gráficos digitalizados chamavam a atenção das pessoas. Não parecia com nenhum outro jogo da época, e isso era legal. Depois de um tempo, as pessoas se acostumaram com isso, e não tinha mais tanto choque. Foi aí que elas descobriram a jogabilidade de Mortal Kombat e gostaram. Ficamos muito felizes com isso.
R7: Quais são suas inspirações? Quando você joga no seu tempo livre, o que você busca em um game e o que te faz querer criar coisas novas?
Ed: Metade do tempo, quando eu jogo, eu fico estudando ele. Nesse momento, estou jogando Sombras da Guerra, Zelda e para mim, é quando você joga coisas diferentes que as ideias vão surgindo. A inspiração vem de todos os lugares. Tem um chamado Cuphead também, que é muito divertido, mas também muito difícil.