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Da vida na fazenda ao sonho da NFL, Duzão fará testes no Miami Dolphins

Esportes|Do R7

O Brasil descobriu a NFL. Depois de Cairo Santos, é a vez de Durval Queiroz escrever a sua história na maior liga de futebol americano. Duzão, como é conhecido, pode alcançar dois feitos inéditos: o de único atleta do País que já jogou o Campeonato Brasileiro de Futebol Americano a integrar uma equipe da NFL, o Miami Dolphins, além de ser pioneiro no Brasil a disputar uma posição de linha, sem ser a de kicker (chutador). Duzão é um defensive tackle, aqueles jogadores que ficam no centro da linha defensiva do time e buscam parar o quarterback adversário e impedir as suas corridas pelo meio. Seria responsável em marcar, por exemplo, Tom Brady.

Indicado por Ken Joshen, técnico principal do Cuiabá e único olheiro da NFL habilitado para atuar no futebol americano no Brasil, Duzão teve o seu primeiro contato com a liga graças ao NFL Undiscovered. Criado para encontrar e lapidar atletas fora dos Estados Unidos, o programa, que selecionou quatro jogadores, contou com outros seis estrangeiros neste ano. Duzão, com seu corpanzil de 1,94 metro de altura e 150 quilos, foi um deles. Ele percorreu um caminho longo até assinar contrato de três temporadas no valor de US$ 1,7 milhão, cerca de R$ 6,7 milhões.

Nascido em Cuiabá e criado em uma fazenda em Diamantino, no Mato Grosso, o filho mais velho de dois irmãos não planejava jogar futebol americano até entrar na faculdade. Seus planos eram outros. Por crescer andando a cavalo e mexendo com gado, ele se formaria engenheiro agrônomo e voltaria para casa a fim de ajudar a família de pecuaristas. "Esse sempre foi meu plano, desde quando fui para o colégio agrícola, aos 14 anos. Me formaria para ajudar meu pai na nossa fazenda", contou Duzão.

Antes de chegar ao futebol americano, ele fez carreira em outro esporte. Dos 4 aos 19 anos, praticou judô. Só depois de ser algumas vezes campeão brasileiro o mato-grossense se redescobriu longe dos tatames. Além das medalhas, levou consigo ensinamentos que se tornaram importantes no novo esporte. "Muitos dos olheiros da NFL e meus treinadores falam que foi o judô que me deixou mais ágil em campo. Minha base e meu equilíbrio influenciam muito na minha posição".


Quando se mudou para Tangará da Serra (MT) para estudar, amigos o apresentaram à bola oval e definiram sua função, a mesma que o levou aos Estados Unidos. "Eles só disseram: ‘Duzão, você precisa parar o cara que estiver com a bola’". Foi assim. Amor à primeira vista. Ele se transferiu de faculdade em busca de uma melhor estrutura para se desenvolver. Ali, seu sonho já não era mais aprender a pilotar um avião ou viver na fazenda. "Queria me destacar e defender a seleção. Em um ano, fui convocado. Em 2017, fui escalado para fazer meu primeiro jogo".

Foi neste mesmo ano que a NFL começou a abrir as portas para estrangeiros. Após duas temporadas, o brasileiro resolveu arriscar nos testes do dia 1.º de abril. Após uma série de treinos, ele caiu nas graças do Miami Dolphins, um time médio dos Estados Unidos. "O que eles me falam foi que um cara do meu tamanho não poderia se mover como eu me movo", resumiu.

Comparado aos atletas das universidades americanas e da sua posição, Duzão foi o melhor no 3 Cone Drill (corrida entre cones), o terceiro mais rápido no tiro de 40 jardas (36,5 metros) e o 12.º no salto vertical e em distância. O próximo passo é focar na parte técnica e mostrar que tem condições de fazer parte do elenco de 53 atletas para a temporada. Os nomes que formarão o grupo serão divulgados dia 31 de agosto. Caso não seja selecionado, ele tem vaga garantida nos próximos anos para continuar seu desenvolvimento na NFL. "Se treinar duro, vou ficar no time principal".

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