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Conexões ultrarrápidas do 5G podem revolucionar as transmissões esportivas

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O celular sem serviço no estádio de futebol era o antigo normal para o torcedor no período pré-pandemia. Mas ainda é comum a quem assiste a uma partida ao vivo pela televisão ouvir o vizinho gritar gol antes de a bola balançar a rede por causa do delay que existe entre a TV a cabo e o rádio, por exemplo. No futebol de hoje também acontece de o técnico fazer a última substituição e, na sequência, outro atleta em campo se machucar. O 5G, ainda em teste no Brasil, promete resolver esses problemas e trazer outras soluções que podem até aumentar o caixa dos clubes, das emissoras e dos patrocinadores.

O leilão para exploração dessa nova tecnologia deve ser realizado pela Anatel no fim do primeiro semestre de 2021. A promessa é de uma velocidade de transmissão de internet até 100 vezes mais rápida do que o 4G, sem queda e sem delay, com possibilidades que irão revolucionar a maneira como estamos conectados.

O smartphone no estádio não só terá sinal para mandar mensagens, como também poderá gravar vídeos em alta definição e até ser usado na transmissão da partida - a NBA fez alguns testes na pré-temporada deste ano com a tecnologia. Em parceria com a ESPN e AT&T, realizou uma transmissão alternativa em seu aplicativo conectada no 5G com apenas seis smartphones, dispensando as câmeras de TV (muito mais caras), conexões via satélite e cabos.

A realidade virtual também poderá ser explorada no esporte. Um Corinthians e Palmeiras poderá acontecer na Neo Química Arena, por exemplo, e uma holografia mostrar a partida em tempo real no Allianz Parque. Foi o que aconteceu em menor escala em teste realizado em outubro do ano passado numa ação da Claro e da Ericsson, em parceria com o Allianz Parque.

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Com a estrutura do 5G, o músico Lucas Lima, da Família Lima, estava na sede da empresa de telefonia, no Morumbi, e apareceu no palco em forma de holograma no Allianz Parque. Ele conversou com músicos que estavam presencialmente em um palco, mesmo estando a aproximadamente 17 quilômetros de distância. Juntos tocaram uma música sem delay entre a banda e o cantor.

O encontro virtual só foi possível pela baixa latência (o tempo de resposta) da rede 5G. "O atraso da transmissão fica próximo de zero. Imagina uma rodovia com três pistas. Agora você vai e multiplica essas pistas em 15 ou mais vias. Essa melhora na transmissão permite recriar uma imagem virtual, capturada a partir de diversas câmeras e projetar essa imagem em outro lugar", afirmou Leandro Manú, cofundador da Arena Hub, centro de inovação localizado no estádio do Palmeiras, com intuito de desenvolver a indústria do esporte.

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O Allianz Parque é o único local no Brasil com licença da Anatel para testar o 5G. Além do evento ligado a música, havia a expectativa de realizar ações com a nova tecnologia inclusive no futebol, mas precisou ser adiada por causa da pandemia. "Iríamos fazer transmissões de games, uma inserção que poderia migrar para o futebol, mas ficou em projeto. A pandemia deixou em stand by", disse o diretor de operações do Allianz, Mike Willian.

A vice-presidente de marketing da Ericsson no Brasil, Georgia Sbrana, participou de todo o processo de estruturação da arena com a nova tecnologia. Ela disse que as possibilidades são inúmeras. "Vai ser possível, por exemplo, oferecer ao torcedor que está em casa a possibilidade de assistir a partida como se estivesse no banco de reservas do seu time", disse. Ou seja, o clube poderá vender ingresso virtual para o torcedor ver o jogo da beira do gramado.

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Outro exemplo citado por Georgia tem relação direta com o desempenho dos jogadores. A tecnologia deve ajudar na telemedicina. O departamento médico poderá avisar o treinador sobre o cansaço de cada jogador e o risco de lesão. "O monitoramento será feito em tempo real e com precisão que dará para saber o nível de cansaço e o risco de acontecer um problema muscular", afirmou.

Renato Gil, o outro cofundador da Arena Hub, lembrou também que o e-sport, as competições de games, será bastante impactado. "Uma transmissão digital não pode ter problema porque interfere na capacidade de jogo. A maioria dos campeonatos é presencial hoje em dia para garantir velocidade de conexão igual a todos. Com 5G a conexão vai se igualar e players no mundo inteiro poderão jogar cada um de sua casa".

Desde julho, a Claro está usando tecnologia de compartilhamento de frequências (DSS), que aproveita o espectro atual já alocado para a empresa, para prover o acesso 5G. Ou seja, usa a mesma frequência do 4G e 3G para testar um pouco da nova tecnologia. A rede, no entanto, ainda não pode desfrutar de outras vantagens fundamentais do 5G, como a baixa latência (espécie de tempo de reação entre um pacote de dados ser enviado para a rede e retornar ao dispositivo). A baixa latência, por exemplo, possibilitará o uso da tecnologia para veículos autônomos.

O leilão das faixas de frequência do 5G devem acontecer entre junho e julho em quatro bandas: 700 MHz; 2,3 GHz; 3,5 GHz e 26 GHz. As diferentes faixas são como diferentes rodovias por onde circulam os dados que se conectam a smartphones e computadores. O Allianz Parque tem feito os testes na frequência de 3,5 Ghz. É a mesma frequência que o 5G já opera em 19 estádios dos Estados Unidos e que também está testando essa tecnologia.

Georgia acredita que o uso do 5G demorará ainda um pouco para estar funcionando plenamente. "O Brasil entrou na era do 5G em julho deste ano com o DSS. O Brasil está preparado, foi o primeiro país da América latina a fazer os testes. Para maturar e ter expansão a gente imagina de três a quatro anos. Se o leilão acontecer de fato no primeiro semestre de 2021, acredito que as experiências amplificadas acontecerão entre 2023 e 2024", completou.

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