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O motoboy que quer ser piloto e desafiar a elite da motovelocidade

Diego 'Curumim' Fernandes, de 32 anos, contrariou a lógica e conseguiu tudo emprestado para realizar sonho de participar de uma prova em Interlagos

Automobilismo|André Avelar, do R7

Diego 'Curumim' Fernandes, de 32 anos, chegou na 4ª colocação em Interlagos
Diego 'Curumim' Fernandes, de 32 anos, chegou na 4ª colocação em Interlagos Diego 'Curumim' Fernandes, de 32 anos, chegou na 4ª colocação em Interlagos

Pela manhã, entrega de peças e documentos. No período da noite, o bagageiro dá lugar à mochila térmica para o delivery de pizzas. Em comum, o capacete amarelo, a NXR Bros de 160 cilindradas e a paixão pela velocidade. Amor esse que Diego Fernandes conseguiu levar para correr um fim de semana no Autódromo de Interlagos, em uma etapa do Superbike Brasil.

Curumim, como é conhecido, trabalha como motoboy na capital e no interior de São Paulo e ainda faz bico de entregador de pizza em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista. Além de pagar as contas de casa, a vida sobre duas rodas do homem de 32 anos ajuda justamente a permanecer ainda mais tempo em cima da moto. Curumim quer juntar dinheiro para voltar a correr de moto.

Curumim trabalha como motoboy de manhã...
Curumim trabalha como motoboy de manhã... Curumim trabalha como motoboy de manhã...

Enquanto se dividia entre uma entrega e outra na Sport Plus Racing, uma das equipes presentes no principal campeonato de motovelocidade da América Latina, Curumim ficava de olho em uma antiga CBR RR de 1.000 cilindradas. A moto de 2005 era dada como perdida na oficina até que surgiu o desafio:

“Curumim, se você conseguir arrumar essa moto, pode correr com ela”, disse um dos chefes da equipe.

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O rapaz então prontamente aceitou a proposta e começou a trabalhar para deixar uma das queridinhas de todo o motociclista pronta para voltar às pistas. Nem a ausência de importantes componentes eletrônicos e freios apropriados foi impedimento para recuperar o xodó dos amantes da velocidade. Nesse meio tempo, ainda ganhou um sorteio para participar gratuitamente da categoria Escola, uma das 11 sob o guarda-chuva da organização.

...E faz bico de entregador à noite
...E faz bico de entregador à noite ...E faz bico de entregador à noite

“Não teria condições de arcar sozinho com todos os custos para correr. Não teria como não pagar uma conta em casa ou deixar de trazer alguma coisa do mercado só para correr de moto. Consegui tudo emprestado para realizar um sonho que me proporcionaram”, disse o piloto de fim de semana, que emprestou de um amigo até mesmo o macacão da Alpinestars, com as cores do ídolo Valentino Rossi, heptacampeão na MotoGP, na classe-rainha do motociclismo.

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Os custos do esporte, mesmo para uma categoria de pilotos não profissionais, pode muito bem ultrapassar limites do imaginário. A BMW S1000 RR, sempre uma das primeiras do grid, não sai por menos de R$ 70 mil na loja; o aluguel dos boxes, com direito a mecânicos para a moto fica por R$ 3,5 mil; mais R$ 1,5 mil de inscrição e outros R$ 1,5 mil para dois jogos de pneus. Além disso, a gasolina aditivada, no valor de cerca de R$ 300.

Como se não bastassem os custos, também há o risco que o esporte em si oferece. Os 260 km/h na reta de Interlagos, com joelhos e cotovelos raspando no chão nas curvas tornam-se assustadores mesmo para quem está acostumado já que o asfalta passa sempre muito perto. Mesmo assim, Curumim, que já sofreu acidente nas ruas e chegou a passar sete dias na UTI, mostrou incomum talento natural e chegou na quarta posição em um grid de 30 motos, na 4ª etapa, em São Paulo. Isso com um problema na moto, que teimava em não encaixar a sexta marcha e fazia o giro do motor despencar ao atingir o seu limite.

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“Tive a coragem de sentar o bumbum na moto e acelerar. Claro que recebi dicas dos pessoal que já andava a mais tempo e fiquei feliz porque realizei um sonho. No fim das contas, me diverti bastante. Quero agora trabalhar para ter mais uma oportunidade como essa”, disse.

Também piloto e idealizador do Superbike, Bruno Corano revela o prazer que tem ao “encontrar histórias como essa em autódromos pelo Brasil”. Ele ressalta a superação das pessoas para conseguir realizar um sonho.

“Fico contente quando vejo casos como o dele e de tantos outros. Embora mesmo dentro da pista a motovelocidade tenha riscos, é infinitamente mais seguro do que nas ruas. Pondero que essas pessoas estariam correndo e acelerando de qualquer forma, então é melhor que façam dentro da pista”, disse Corano.

A próxima etapa do Superbike acontece em 16 deste mês, no Autódromo de Goiânia (GO). Sem dinheiro, e sem moto para competir, Curumim não participará da prova. Ele espera juntar grana para participar da última etapa, em 2 de dezembro, em Interlagos, em São Paulo (SP).

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