Aline Silva é a maior medalhista do Brasil no wrestling em Pan-Americanos
Abelardo Mendes Jr./Divulgação Secretaria Esportes - 9.8.2019Mais do que uma atleta de sucesso e medalhista de prata nos Jogos Pan-Americanos, o que se viu nas lutas de Aline Silva no wrestling foi uma mulher forte e bem sucedida.
“Isso é fruto da minha vida. Fui criada por uma mãe solteira, negra e que teve muita dificuldade para me criar”, lembra a brasileira.
A vida de luta de Aline começou ainda menina. Perto dos 11 anos, ela não ouvia muito Dona Lidia, a mãe dela, e ficava muito nas ruas da zona sul de São Paulo até que o esporte entrou em sua vida. “Só aprendia coisa errada na rua. O esporte me salvou e me trouxe para o caminho certo”.
Mas não pense que foi tão simples. Ela escolheu fazer judô e a família não a incentivou. “Quando comecei em um esporte de luta, eu não fui encorajada. Ao contrário, minha família falava: isso é esporte de homem, você vai virar mulher macho”, lamenta Aline.
Aline Silva se sente honrada em ser exemplo
Alexandre Loureiro/COB - 8.8.2019Depois de ser a primeira brasileira com medalha em campeonato mundial, com três medalhas nos Pan-Americanos (duas pratas e um bronze), e uma participação nas Olimpíadas do Rio 2016, ela entrou em outra batalha: lutar pela igualdade de gênero e pelo fim do machismo.
“Eu só ganhei essa medalha para poder inspirar outros jovens, para poder mostrar um caminho que deu certo, porque o esporte ensina a vida. Se eu ganhar e ficar calada e não fizer o que está ao meu alcance por todas as mulheres do Brasil, não me serviu de nada”, garante a brasileira.
Aline reconhece que escolheu um esporte muito voltado para o homens. O wrestling é dividido em duas modalidades: luta greco-romana e luta livre, 12 categorias são masculinas e apenas a metade é feminina.
“Entre as mulheres não tem luta greco-romana e falam que para manter as tradições. Na luta-livre, a categoria máxima para meninas é até 73 kg. Uma menina grande que ama wrestling não vai poder competir. A desculpa que escuto é que a malha de competição não vai ficar bem. Machismo, né? Hoje em dia ouvir isso é um absurdo”, afirma indignada a atleta.
A brasileira, de 32 anos, sabe que o caminho para igualdade entre homens e mulheres ainda é longo, mas não vai se calar. “Não podemos ver como normal e dizer ‘é assim mesmo’. Quando você não vê como inimigo, como algo nocivo, você não luta contra. Só conseguiremos mudar, se na hora que tivermos voz falarmos”.
Aline Silva é uma das cinco atletas que estão no documentário “Elas estão só começando”, disponível no Playplus.
Aline Silva na conquista da prata em Lima
Washington Alves/COB - 8.8.2019No esporte, os próximos passos dessa guerreira é a Olimpíada de Tóquio 2020. A primeira oportunidade de conseguir a vaga é no Mundial de Wrestling, esse ano. “Eu quero estar em Tóquio e quero medalha. Vou lutar para conseguir até o fim”.
Aline garante que só aposenta com um medalha olímpica. “Acho que se eu nao ganhar medalha, não consigo parar. Não dá para largar um sonho no meio. Desistir é muito mais difícil. Tem de ter muita coragem para desistir!”
A Record TV é a emissora oficial dos Jogos Pan-Americanos Lima 2019. Você pode acompanhar os eventos ao vivo no R7.com e conferir todas as transmissões e as íntegras no Playplus.com.
Para fazer rir! Veja os cliques do Pan que são ouro em bizarrice