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O recorde 'eterno' de João do Pulo no salto triplo do Pan-Americano

Marca de 1975 no México, que foi também a melhor do mundo por quase uma década, fará 44 anos como recorde da competição em 15 de outubro

|Eduardo Marini, do R7

João do Pulo saltou 45 centímetros além do recorde mundial na Cidade do México
João do Pulo saltou 45 centímetros além do recorde mundial na Cidade do México

As edições dos Jogos Pan-Americanos passam, os saltadores decolam sonhando em voar, mas o recorde do salto triplo na competição, do brasileiro João Carlos de Oliveira, o João do Pulo, continua a resistir ao tempo e às tentativas de todos os atletas que vieram depois.

No próximo dia 15 de outubro, a marca de 17,89 metros, atingida aos 21 anos, no Pan da Cidade do México, por esse paulista de Pindamonhangaba, então cabo do 2º Batalhão do Exército de São Paulo, incluindo-o entre os gigantes do atletismo mundial, fará 44 anos.

O recorde de João sobreviveu incólume também a Lima 2019: o vencedor da prova, o americano Omar Craddock, não passou dos 17,42 metros, marca 47 centímetros menor. Almir Cunha dos Santos, brasileiro melhor colocado na modalidade, terminou em quarto, com 16,70 metros.

Mais do que pular, João do Pulo, àquela altura, voou. Incinerou os recordes brasileiro, sul-americano, pan e olímpico. E dissolveu o mundial, os 17,44 metros de Viktor Saneyev, da então União Soviética.


De Oliveira, como era conhecido nas competições pelo mundo, atropelou a marca do rival soviético em quase meio metro. Quarenta e cinco centímetros para ser exato, um dos mais duradouros recordes da história do Pan. Da Cidade do México 1975 até Lima 2019, foram mais 11 edições, entre elas a do Rio de Janeiro, em 2007. São Paulo foi sede da quarta, em 1963.

O pulo do João, no dia 15 de outubro de 1975, resistiu como maior do mundo por praticamente uma década, até 16 de junho de 1985, quando foi superado, num único centímetro (17,90 metros), por um do americano Willie Banks, em Indianápolis, no seu país.


No Pan, o feito resiste. Mas fora dele, nas disputas mundiais, a evolução de técnicas, os programas de adaptação e condicionamento físico, os métodos de treinamento e o aparato tecnológico adaptado à modalidade levaram os atletas a atingir marcas impressionantes nos últimos 25 anos.

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O recordista mundial é o britânico Jonathan Edwards, com impressionantes 18,29 metros, cravados em 7 de agosto de 1995 em Gotemburgo, na Suécia. Todas as dez primeiras marcas atuais do salto triplo estão acima dos 18 metros. A décima, do mesmo Edwards, é de 18,01 metros.


Como recordes nacional e sul-americano, o feito de João também teve vida longa: sobreviveu por quase 32 anos. Foi superado em 20 de maio de 2007, em Belém, no Pará, também por um mero centímetro, por outro brasileiro: Jadel Gregório. Não por coincidência, Jadel foi treinado, em um período, pelo ex-técnico de João, Pedro Henrique de Toledo, o Pedrão.

João do Pulo foi tricampeão mundial de salto triplo em 1977 (Düsseldorf), 1979 (Montreal) e 1981 (Roma). Mas não teve o mesmo desempenho em Jogos Olímpicos. Ganhou medalha de bronze nas Olimpíadas de Montreal (1976) e de Moscou (1980). Nesta última, subiu ao pódio em meio a denúncias da imprensa internacional de que teria sido boicotado com a anulação fraudulenta de saltos seus que deveriam ter sido validados. Tudo para que os soviéticos Jaak Uudmae e Viktor Saneyev, seus maiores rivais à época, ganhassem ouro e prata em casa, o que acabou ocorrendo.

A carreira de João do Pulo foi encerrada de forma brutal, com apenas 27 anos, em 22 de dezembro de 1981, num acidente de carro na pista Campinas-São Paulo da Via Anhanguera. Por quase um ano, médicos tentaram salvar sua perna direita, muito atingida no impacto, mas o tratamento de quase um ano numa unidade de terapia intensiva não foi suficiente. A saída foi amputar a perna, colocando ponto final na trajetória esportiva do atleta.

Fora das competições, João estudou Educação Física e abraçou a política. Foi eleito deputado estadual por São Paulo pelo Partido da Frente Liberal (PFL) em 1986 e 1990, mas não conseguiu novos mandatos em 1994 e 1998.

Abatido pelos maus resultados políticos e o esquecimento por parte dos veículos de comunicação, viveu seus últimos anos solitário, deprimido e com problemas financeiros. O sustento vinha do soldo de segundo tenente reformado do Exército. Neste período, chegou a ser preso por alguns dias, por não pagar a pensão de um de seus dois filhos. Morreu no dia 29 de maio de 1999, aos 45 anos, de infecção generalizada. Os médicos teriam diagnosticado também cirrose hepática, provocada supostamente por alcoolismo. Pelo que contribuiu para a história e a evolução do esporte brasileiro, certamente merecia uma reta final de vida menos sacrificada.

A Record TV é a emissora oficial dos Jogos Pan-Americanos Lima 2019. Você pode acompanhar os eventos ao vivo no R7.com e conferir todas as transmissões e as íntegras no Playplus.com.

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