Fluminense 1 X 0, e o Corinthians não consegue vencer faz 4 jogos
Um presente para os radicalistas das"Redes Sociais", que se alternam entre a paixão e o ódio por Andrés e Osmar, presidente e treinador do "Timão"
Silvio Lancellotti|Do R7 e Sílvio Lancellotti

Dependesse das chamadas “Redes Sociais”, o treinador Osmar Loss já estaria demitido do Corinthians, meras 20 partidas depois de assumir o encargo de Fábio Carille no recentíssimo dia 22 de Maio. E Andrés Sanchez já não seria mais o presidente do clube que o elegeu, para a sua segunda gestão, no também próximo dia 3 de Fevereiro. De “talentoso e independente” o treinador se transformou em “fantoche da Diretoria”. De “herói e salvador do Timão” o cartola se tornou um reles “desmanchador de elencos”.

Obviamente, as expressões que encaixei entre aspas não passam de resumos do que verberam as tais “Redes” e do que se reflete da polarização que infelizmente provocam ao estabelecerem o mundo como uma anteposição da luz e da treva, de acordo com a sua própria escolha de lugar. O mundo que, na verdade, se espalha numa infinidade de tons de cinza. Nem tanto ao mar, nem tanto à terra, pede com sabedoria e com singeleza o provérbio português.

Pois nesta noite de 22 de Agosto, na abertura do segundo turno do Campeonato Brasileiro de 2018, no jogo entre o Fluminense e o Corinthians, no Maracanã, se colocaram à prova a paixão e o ódio que o torcedor do “Mosqueteiro” simultaneamente devota por Andrés e Osmar. Detalhe: eu vou aqui chamá-lo de apenas Osmar, pois já existe, lá nos entornos alvinegros, quem lembre que, em Inglês, o termo “loss” significa “perda” ou “derrota”. E ocorreu, perdão pelo trocadilho horroroso, a “loss”, Fluminense 1 X 0.

Desde o seu confronto inicial, 4 X 4, nas Laranjeiras, um amistoso em 16 de Abril de 1933, foi a pugna de número 107 entre as duas agremiações. E o quadro de confrontos passou a exibir 38 vitórias do “Pó de Arroz”, 30 empates e 39 triunfos do “Timão”, 138 tentos a 141. Naquela data, 6.044 pessoas presenciaram o desafio. Nesta noite, houve 7.856 pagantes. Distantérrimo dos 146.043 do famoso 5 de Dezembro de 1976, quando cerca de 50.000 loucos só do Corinthians foram ao Rio testemunhar os seus rapazes sobrepujarem o elenco do Flu nos penais e conduzirem o “Mosqueteiro” à final do Brasileiro.

Verdade que o “Timão” acabou por cair, na decisão, em Porto Alegre, 2 X 0 em favor do Internacional. De todo modo, valeu o fenômeno que se eternizou nas antologias como “A Invasão do Maracanã”. O público desta quarta-feira também ficou bastante longe dos 40.547 do sábado de Carnaval de 1975, dia 8 de Fevereiro, quando um certo Rivellino, escorraçado do Corinthians, estreou no “Tricolor” e fez três gols num inesquecível resultado de 4 X 1, ou, a sua “Vingança do Reizinho”. Existe uma explicação, porém: as posições dos antagonistas na tabela. O “Pó de Arroz” 9ª colocação, 23 pontos. O “Timão 7ª, e 26. Pior, o Flu somava quatro pugnas sem sucesso. O Corinthians, três.

Aos 17’, porém, faiscaram nas mentes dos fãs do alvinegro os lampejos de raiva. Infração de Henrique, atrasado numa dividida com Pedro na lateral direita do ataque do “Tricolor”. Pelota levantada, Cássio não sai da sua meta para cortar, a retaguarda deixa passar, Pedro se apruma na testada, Gum desvia, Ralf só acerta um joelho na bola, Gum aproveita, Flu 1 X 0. Claro, para os acusadores de plantão, culpa de Osmar, que não sabe montar uma defesa e culpa de Andrés, que aceitou a manha dos empresários do paraguaio Balbuena e o deixou se transferir ao West Ham de Londres por uma ninharia. Ora, não parece mais justo dizer que o gol nasceu de um lance ensaiado por Marcelo Oliveira, o treinador do “Pó De Arroz” desde 22 de Junho?

Aconteceu, então, aos 40’, um episódio muito ruim, para o Corinthians, que os mau-humorados do alvinegro não podem atribuir a Andrés e a Osmar. Agarrado por Digão, o xodó Romero batalhou para se desvencilhar e atingiu o rosto do adversário, que dramatizou a queda, ao estilo de um certo craque de seleção. Cartão amarelo, talvez. Mas, o árbitro Ricardo Marques Ribeiro, de Minas, se decidiu pelo vermelho. “Timão” com dez. Todas as iras voltadas ao mediador. Um álibi para Osmar. O alívio para Andrés. Demitir um treinador por causa da derrota do seu elenco reduzido a menos um homem num exagero do árbitro? Nem um Eurico Miranda, em plena fúria, ousaria.

Na etapa derradeira se desenrolou um combate unilateral, o Fluminense integralmente no meio-gramado do rival, a esbarrar nas intervenções de Cássio, inclusive em situações de queima-roupa. Osmar até que procurou a reviravolta, no mínimo um empate, aos 65’, ao substituir os exaustos Pedrinho e Ralf, respectivamente um ponta-de-lança e um volante, por Mateus Vital e Jonathas, um armador habilidoso e um avante de potência. Procurou. E quase achou aos 80’, quando Danilo Avelar se esticou na área pequena do Flu e, desequilibrado, solou a bola pela linha de fundo. Única e última oportunidade. Corinthians, Osmar e Andrés, agora, na sua quarta pugna sem vencer.
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