Pane mental de Murilo tira o Palmeiras da terceira final seguida da Libertadores. Athletico, de Felipão, consegue o sonhado empate
A expulsão de Murilo, aos 47 minutos do primeiro tempo reverteu a semifinal no Allianz. De dominador, o Palmeiras passou a ser dominado. Com um jogador a menos, não conseguiu evitar o empate. A eliminação
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli

São Paulo, Brasil
O Palmeiras pagou pelas panes mentais que atacaram seus jogadores nas fases decisivas da Libertadores.
De nada adiantou o sufoco que o time passou contra o Atlético Mineiro, nas quartas da Libertadores. As expulsões infantis, vergonhosas, violentas de Danilo e Gustavo Scarpa não ensinaram nada ao elenco.
Depois de o Palmeiras dominar todo o primeiro tempo contra o Athletico Paranaense, vencendo por 1 a 0, gol de Scarpa, o zagueiro decidiu dar uma solada violentíssima em Vítor Roque no meio-campo. Inacreditável, inaceitável. E que mereceu o cartão vermelho.
A expulsão custou caro para o time de Abel Ferreira.
O time deu 12 chutes a gols e só sofreu três, com um jogador a menos, perdeu a iniciativa. Felipão tratou de adiantar suas linhas, abrir dois atacantes pelas pontas. Para pressionar o Palmeiras, que de Abel Ferreira, que tratava de se defender.
Mas uma cobrança de lateral de Marcos Rocha virou cruzamento. E Gustavo Gómez se antecipou à zaga atleticana e marcou 2 a 0.
Histeria no Allianz Parque lotado, aos nove minutos.
Só que haveria ainda mais angústia.
Fernandinho deu excelente lançamento nas costas de Marcos Rocha. Vitinho cruzou, Vítor Roque consegue ajeitar para Pablo marcar, 2 a 1, aos 18 minutos.
O Palmeiras até que contragolpeava. E teve uma chance incrível com Gustavo Menino, cara a cara, com Bento. O chute foi fortíssimo, mas Bento conseguiu defender. Chance imperdível, aos 27 minutos.
O golpe final, no entanto, foi do Athletico. Aos 39 minutos, Pablo ajeitou para o chute fortíssimo de Terans. A bola desviou em Piquerez e se tornou indefensável para Weverton. 2 a 2.

A partir daí, o desespero palmeirense, diante do bem postado Athletico.
De nada adiantou, o time de Felipão conseguiu segurar o empate, que valeu a classificação para a decisão. Porque venceu em Curitiba.
É inacreditável a falta de equilíbrio emocional do time de Abel Ferreira nestes momentos decisivos da Libertadores. Sua equipe, muito superior a de Felipão, caiu. Perdeu a chance de disputar a terceira final em seguida.
O Athletico, depois de 17 anos, volta à decisão da Libertadores.
Esta será a quarta final de Felipão na sua carreira.
E ele começou a conquistá-la ao desconfiar da foto de Raphael Veiga 'treinando', que o Palmeiras fez questão de divulgar, e que enganou muitos. O treinador preparou sua equipe para enfrentar Tabata, o substituto mais que provável, do meia que estava com entorse no tornozelo direito.
Abel Ferreira pagava, com juros, o fato de não ter um elenco tão forte como se divulgava. Seu banco de reservas é abaixo dos titulares. Tabata tem muito menos talento do que Veiga. López e Merentiel não mostram potencial para serem os artilheiros que o Palmeiras precisa há anos.
Além disso, Gabriel Menino não tem o mesmo nível que Danilo, expulso estupidamente contra o Atlético Mineiro, e que foi suspenso duas partidas, pela entrada violentíssima, e desnecessária, em Zaracho. E que não pôde estar em campo hoje, na semifinal fundamental.
Mesmo assim, Abel Ferreira tratou de ir para o confronto. Tinha de acabar com a vantagem que o Athletico conseguiu em Curitiba, na vitória por 1 a 0. Sua equipe foi montada para pressionar os paranaenses ainda na intermediária.
Felipão colocou seu time muito mais recuado do que em Curitiba. Queria segurar o ímpeto palmeirense nos primeiros 30 minutos, para que a vontade de ganhar se transformasse em afobação.
Mas não conseguiu resistir nem a dois minutos e meio. Tabata tomou a bola de Canobbio. Zé Rafael ganhou de Fernandinho invadiu a intermediária athleticana e cruzou para a área. Pedro Henrique se complicou ao tentar tirar a bola, ela sobrou para Scarpa que fuzilou Bento. 1 a 0, Palmeiras.

Parecia que a noite seria histórica novamente no Allianz. Porque o gol encheu de confiança não só a torcida, mas o time de Abel Ferreira. A marcação do Athletico dava espaço aos meio-campistas palmeirenses. Dudu flutuava, conseguia encontrar espaço para dribles, toques de primeira, que desarrumavam a defesa de Felipão.
Marcos Rocha e até Piquerez se lançavam para o ataque. Os primeiros 40 minutos foram massacrantes. Tivesse o Palmeiras um artilheiro, a situação ficaria insustentável para o Athletico. Como não tem, prefere apostar em promessas para tentar revendê-las com lucro, como se fosse um banco e não um gigante do futebol brasileiro, desperdiçou a chance de 'matar o jogo'.
Fernandinho, Erick e Alex Santana não conseguiam se posicionar. Tentavam marcar, mas deixavam a zaga exposta. A sensação era que o Palmeiras poderia até golear no segundo tempo.
Mas havia Murilo...
O zagueiro decidiu intimidar a maior revelação do futebol brasileiro em 2022. Vítor Roque. E tratou de dar uma solada de cima para baixo na panturilha direita do atacante. Era para ficar as travas da chuteira.
O árbitro uruguaio Esteban Ostojich ainda teve a coragem de dar 'só' cartão amarelo. Mas o VAR fez justiça, o alertando da obrigação de expulsar o palmeirense.
E foi o que aconteceu.
Outra vez em um jogo importantíssimo, um jogador de Abel Ferreira decide intimidar um adversário. E sofre pane mental. E comete falta violentíssima, que merece a expulsão. Assim como foi com Danilo.

Felipão adorou o presente. E tratou de adiantar seu time. Mesmo cumprindo suspensão, por expulsão em Curitiba, ele passou as ordens para Paulo Turra.
O jogo foi outro. O Palmeiras ofereceu a classificação para a final da Libertadores ao Atlético.
Taticamente, o time se encolheu.
Felipão colocou Vitinho, Rômulo e Terans no intervalo. Enquanto Abel foi obrigado a colocar Luan e tirar Tabata, que fazia uma partida muito boa. Sem o nível ofensivo de Raphael Veiga, que nem no banco de reservas, ficou. A foto do treinamento foi uma farsa.
O gol de Gustavo Gómez, aos nove minutos, de cabeça, fazia um placar injusto. 2 a 0 não refletia o jogo no segundo tempo.
E a alegria palmeirense virou aflição, quando Pablo marcou aos 18 minutos. 2 a 1.
O time de Abel se retraiu ainda mais, querendo levar a decisão para os pênaltis.
Mas a pressão athleticana se consolidou com o chute fortíssimo de Terans, que desviou em Piquerez, aos 39 minutos.
2 a 2.
Acompanhar Weverton lutando na área do Athletico, nos escanteios dos últimos minutos da partida, foi lastimável.
O Palmeiras caiu na Libertadores mais fácil.
Não foi derrubado só pelo competitivo, vibrante, Athletico de Felipão.

Acabou sabotado por seus próprios jogadores.
Murilo, Danilo e mesmo Scarpa fizeram o time ser eliminado.
Expulsões ridículas, indignas de jogos tão importantes.
Adeus terceira final seguida da Libertadores da América...