Doha, Catar
11h40.
Nas portas dos fundos do luxuoso hotel West In. Cerca de 80 jornalistas e 10 torcedores filmam um ônibus que passa com todas as janelas fechadas. Os passageiros entraram a 100 metros de distância. Havia uma barreira de ferro e policiais que impediam a proximidade.
Eles não queriam ser vistos, filmados, fotografados.
Eram Tite e a grande maioria dos atletas da seleção brasileira, que estavam indo embora do Catar, depois de completadas cinco Copas do Mundo sem conquistas. Derrotados por europeus, como nas quatro anteriores.
Para Neymar, o Campeonato Francês recomeçará antes do fim do ano. O PSG enfrentará o Strasbourg no dia 28.
Tite estava com seu time.
Era a última atitude como treinador da seleção brasileira.
Depois de seis anos de trabalho consecutivos, da chance inédita de, após perder uma Copa, ficar e ser derrotado na seguinte.
Não só Tite e sua comissão técnica que se despedem da CBF.
Juninho Paulista também não será mais o coordenador da seleção.
O presidente Ednaldo Rodrigues decidiu por uma reformulação completa.
Tite se demitiu para não ser demitido.
Ednaldo ficou completamente decepcionado com o comportamento do treinador na Copa do Mundo. Com o envolvimento descabido com os jogadores.
Com a Dança do Pombo, com a presença dos auxiliares nas coletivas, com o tratamento diferenciado a Neymar, com o espaço exagerado para Thiago Silva e Daniel Alves. Com o time reserva inteiro contra Camarões.
Com a sequência de pênaltis, deixando Neymar, o melhor cobrador, fora.
Mas a gota de água foi Tite ir para o vestiário enquanto seus jogadores choravam desesperados com a eliminação da Copa do Mundo do Catar. Pouco falou. Também não os esperou no ônibus. Tentou passar tranquilidade, como se fosse normal o Brasil cair em uma Copa do Mundo.
Ednaldo não vê no mercado nacional um grande treinador para organizar o trabalho até a Copa de 2026.
Uma novidade que o blog conseguiu.
Há restrições quanto a Abel Ferreira.
Apesar de vencedor, o português é muito rígido em relação ao calendário. Certamente não aceitaria amistosos inúteis contra seleções fracas, apenas preocupado com o dinheiro.
E também ele é visto como um treinador defensivo. Que poderia desperdiçar a geração de atacantes talentosos que Tite até convocou. Mas não soube usar.
Ednaldo quer um treinador que cause impacto.
Mesmo sendo estrangeiro, tendo aprovado seu nome.
Jorge Jesus, que comandou o Flamengo, tem muitos defensores na CBF.
Luis Castro, do Botafogo, também.
Outros portugueses importantes serão analisados.
Assim como espanhóis.
Acabou a xenofobia.
Assim como a paciência com Juninho Paulista.
Ele não conseguiu, só deu desculpas, para não conseguir arrumar amistosos da seleção brasileira contra seleções europeias. A preparação da seleção foi falha. Tanto que acabou eliminada pela quinta vez contra um europeu.
Há também para ele uma gota de água.
Juninho Paulista decidiu liberar jogadores da volta ao Brasil por conta própria.
Além de Neymar, Éder Militão e Vinicius Junior, outros atletas deverão sair do avião fretado em Londres. E pouquíssimos chegarão ao Brasil.
Ednaldo Rodrigues promete ouvir pessoas próximas antes de escolher o novo dirigente.
Um dos candidatos é o ex-presidente do Corinthians Andrés Sanchez, que virou seu companheiro de viagens. Inclusive aqui no Catar.
Ednaldo quer uma preparação muito diferente da que aconteceu para esta Copa de 2022.
Com adversários realmente difíceis.
E não apenas que melhorem as estatísticas.
Como tanto fez o ex-técnico Tite.
Ednaldo Rodrigues jura que só vai decidir o nome em janeiro.
Não há pressa.
Porque o primeiro jogo com o novo treinador será em março.
Até lá, a seleção não entrará em campo...
Sete motivos que fizeram o Brasil ser eliminado na Copa do Mundo
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