São Paulo, Brasil
A realidade bateu à porta de Daniel Alves.
Ele pode ser o jogador com mais títulos na história do futebol mundial.
As 42 conquistas impressionam, o fizeram um dos atletas brasileiros mais ricos da história.
Só que, muito orgulhoso, ele não quer encerrar sua carreira sem disputar uma Copa do Mundo como titular absoluto.
Em 2006, viu Cafu e Cicinho irem para a Alemanha. Em 2010, ficou na reserva de Maicon. Em 2014, começou o Mundial do Brasil como titular. Perdeu a posição para Maicon.
Em 2018, Tite o faria titular e até capitão do Brasil. Mas Daniel Alves teve uma grave contusão e teve de operar o joelho direito. E perdeu o Mundial.
Vaidoso e muito próximo de Tite, ele fez de sua última missão no futebol disputar o Mundial do Catar. Só que para isso, o treinador da Seleção Brasileira disse o óbvio ao atleta. O quer jogando competitivamente.
Daniel Alves queria seguir atuando na Europa. De preferência no Barcelona. Mas, mesmo se submetendo a receber o menor salário, na temporada passada, cerca de R$ 68 mil mensais, quantia baixíssima para um atleta com tanta mídia, o clube catalão não quis a prorrogação do vínculo. Seu rendimento físico não é mais o mesmo.
Ele entrou em campo apenas 17 vezes pelo clube catalão. Fez apenas um gol e deu quatro assistências. Disputou partidas menos importantes no time comandado por Xavi.
Sua última partida foi contra o Villarreal, na derrota do Barcelona, por 2 a 0. Dia 22 de maio. Ou seja, está há mais de dois meses parado.
Ele chegou a insinuar que seria ótimo voltar para o PSG, jogar em Paris, com Neymar, Messi e Mbappé. Mas sua oferta não foi levada em consideração.
Daniel Alves fez questão de aproveitar as férias e procurar uma equipe europeia para seguir sua carreira. Ou seja, um jogador de 39 anos, que deseja ser o titular da Seleção Brasileira, parado mais de 60 dias.
Faltando quatro meses para o Mundial, Daniel Alves percebeu que o futebol moderno de elite tem as portas fechadas aos jogadores de 39 anos. A saída, mais fácil, como antecipou o blog, é mesmo o Athletico Paranaense. Sua proximidade com Mario Celso Petraglia, homem que comanda o clube, é enorme. E Felipão já teria até contar com o veterano lateral.
Mas em entrevista ao jornal The Guardian, Daniel Alves em vez de celebrar essa chance que o Athletico Paranaense lhe oferece para disputar a Copa do Mundo, ele preferiu atacar publicamente o São Paulo.
"Não podemos ficar em cima da história porque então nenhum capítulo é escrito. Foi o que tentei fazer, mas fui crucificado [em São Paulo]. Não descarto nenhuma situação, mas se eu voltar ao Brasil, será para o Athletico Paranaense", disse o jogador.
Sim, Daniel Alves garantiu que o clube que o tratou como a maior contratação de todos os tempos, ofereceu o maior salário que já pagou para qualquer atleta, com a diretoria e os treinadores sabendo que ele é lateral direito, o aceitou como meio-campista medíocre, para se poupar, esperar pela Copa do Catar. E ainda lhe deu a camisa 10. Este clube o 'crucificou'.
Lógico que os dirigentes no Morumbi ficaram revoltados com a imagem que o midiático atleta passou para o mundo. Ainda mais o presidente Julio Casares, que conseguiu um acordo sensacional ao jogador. São R$ 24 milhões, em 60 parcelas de R$ 400 mil, desde a sua saída em julho de 2021.
A relação se estremeceu tanto que a direção não quer ter mais nenhuma relação com o jogador. A não ser extritamente profissional. Pagar o que deve a ele e ponto final. Seu clube do 'coração' não quer mais saber dele. A relação não poderia ser pior.
Quanto à vaga reservada, de forma absurda, por Tite a Daniel Alves, mesmo aos 39 anos, o jogador tenta disfarçar.
"Ninguém joga porque é amigo do técnico. É o trabalho dele que está em risco. Tite e eu trabalhamos juntos há anos. É uma relação de confiança e de exigência de performance."
Tite não corre mais risco nenhum como treinador da Seleção. Já está decidido pela direção da CBF que ele não continuará comandando o Brasil após a Copa do Mundo do Catar. Ou seja, a frase de Daniel Alves não tem sentido.
Ele sabe que é protegido do treinador, só não assume publicamente.
Sua situação, para empresários acostumados a negociar com o Exterior, é muito fácil de resumir. Clubes da elite da Europa não querem o jogador de 39 anos.
A saída para chegar à Copa em forma, em um futebol competitivo, seria um mercado menor. México ou Brasil.
Jogar no Athletico Paranaense.
E satisfazer seu capricho de disputar a Copa do Mundo do Catar.
Como titular absoluto, situação que nunca viveu.
Enquanto isso não acontece, segue aproveitando a Europa.
E Tite segue.
Com o tapete vermelho esticado.
Esperando seu lateral de 39 anos para levá-lo ao Mundial.
Desprezando toda a lógica do futebol moderno.
O quer também porque é o único jogador que Neymar respeita, ouve, obedece. Desde os tempos de Barcelona, do PSG.
Daniel Alves demonstra não ter pressa.
Age como quem sabe que seu lugar na Copa está reservado.
Basta estar jogando onde for.
Graças à estranha lógica de Tite...
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