Corinthians deu orgulho ao futebol brasileiro. Garotos e Guedes calaram 80 mil peruanos. Classificados às oitavas da Sul-Americana
O time reserva de Luxemburgo, muito bem montado, com Róger Guedes, superou toda a pressão, a hostilidade dos peruanos. E venceu novamente o Universitario. Está classificado para as oitavas da Sul-Americana
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
Róger Guedes foi o protagonista em uma jornada épica.
De encher de orgulho qualquer corintiano.
Entre jovens e reservas, o atacante mostrou outra vez por que é cobiçado por times árabes e por que estará entre os convocados do interino Fernando Diniz para a seleção brasileira.
O camisa 10 corintiano está jogando bem como nunca. E foi fundamental na vitória a fórceps, com garra, coragem, vibração, sem medo da pressão que o Universitario e sua torcida ensandecida, que lotou o estádio Monumental de Lima, chegando a um público incrível, de 80 mil pessoas.
O time de Vanderlei Luxemburgo conseguiu vencer por 2 a 1, atingir sua quarta vitória seguida. E conseguiu a classificação para as oitavas de final da Copa Sul-Americana, contra o argentino Newell's Old Boys. Róger Guedes teve participação efetiva nos dois gols.
Na batalha campal, após o segundo gol da equipe brasileira, cinco atletas acabaram expulsos pelo firme árbitro Wilmar Roldán.
O Corinthians enfrentou um clima hostil, de muito rancor por parte dos peruanos. Pela prisão do preparador físico Sebástian Avellino, que fez gestos racistas, imitando macaco, para a torcida corintiana, na vitória por 1 a 0, em Itaquera.
A partida chegou até a ficar ameaçada, não acontecer, por conta do medo da polícia peruana de apedrejamento do ônibus que levaria o time brasileiro até o estádio. Organizadas do Universitario combinaram, pela Internet, "se vingar" atirando pedras no ônibus do time paulista.
A proteção da polícia peruana e a ameaça de fortes sanções da Conmebol por um eventual WO, caso os brasileiros não entrassem em campo, fizeram o jogo acontecer.
E, desta vez, Vanderlei Luxemburgo soube montar muito bem sua equipe. Colocou três zagueiros, seis jogadores no meio-campo e apenas Felipe Augusto no ataque. Róger Guedes atuou no primeiro tempo mais como meia, compactando a equipe quando o Universitario forçava o ataque e, principalmente, como ponto de referência nos contragolpes.
O time peruano tinha muita vontade, não técnica. Por isso, o Corinthians conseguiu diminuir o ritmo do jogo, evitar correria nos primeiros 45 minutos de confronto.
Apenas o meia Quispe conseguiu encontrar espaço para bons arremates. No resto, o sufoco do time de Jorge Fossati vinha de cruzamentos inócuos, de qualquer jeito, para a área de Carlos Miguel, que teve outra atuação segura, mantendo uma interessante invencibilidade. O reserva de Cássio atuou em oito partidas e não perdeu.
A tensão estava em cada dividida. O Universitario precisava ganhar, mas jogava com raiva. No Peru, há enorme sentimento de que a prisão do preparador físico do Universitario foi injusta, exagerada. A imprensa local incendiou, envenenou os torcedores contra os brasileiros.
O 3-6-1 de Luxemburgo conseguiu travar o 3-5-2 de Fossati.
O primeiro tempo terminou como o Corinthians queria: 0 a 0.
O treinador brasileiro sabia que o Universitario não tinha saída a não ser escancarar, buscando pelo menos marcar um gol e levar a decisão aos pênaltis.
Na segunda etapa, Forsatti adiantou a marcação para travar a saída de bola corintiana.
Era tudo ou nada.
Acabou sendo nada.
Aos 24 minutos, em um contragolpe mais do que treinado, Bidu desceu pela esquerda e cruzou em direção à cabeça oxigenada de Róger Guedes. A testada foi lindíssima, a bola beijou a trave e voltou para Maycon estufar a rede peruana. Gol empolgante, de uma equipe muito bem montada.
Time preparado para sofrer, para ser pressionado. A atuação de Bruno Méndez, Caetano e Murillo foi ótima.
No sufoco, o Universitario conseguiu seu gol quase ao acaso. Em um cruzamento de Polo, que encontrou o braço de Biro aberto. Pênalti.
Flores empatou, aos 31 minutos.
O gol incendiou o estádio. E o time peruano ficou ainda mais escancarado, aberto, o mais ofensivo possível.
E foi aí que, outra vez, misturando talento e coragem, Róger Guedes deu uma arrancada com a bola dominada, enfrentando os mal posicionados zagueiros peruanos, e bateu forte, cruzado. O goleiro Romero não conseguiu segurar, e Ryan entrou, decidido, para marcar 2 a 1, Corinthians. Aos 47 minutos do segundo tempo.
O garoto de 20 anos não se conteve, tirou a camisa e comemorou, apontando-a para o alto. Mas, depois de ser xingado até não poder mais pela desesperada torcida do Universitario, ele não se conteve e devolveu a provocação.
E mostrou a camisa do Corinthians para os torcedores.
Foi o que bastou para todo o time do Universitario tentar agredir o corintiano. Jogadores se empurraram, se xingaram. O Corinthians ficou acuado na entrada do seu vestiário, enquanto dezenas de soldados peruano impediam o confronto aberto, que transformaria a partida em luta de MMA.
Enquanto isso, a torcida peruana urrava, querendo ver os brasileiros apanhando.
A confusão durou quase 20 minutos.
Roldán recomeçou a partida, mas, antes, expulsou Ryan e Matheus Araújo, pelo Corinthians. E Di Benedetto, Calcatterra e Gúsman (reserva) do Universitario.
Rivera ainda acertou a trave de Carlos Miguel.
Mas a batalha acabou em 2 a 1 para o Corinthians.
Graças à estratégia de Luxemburgo.
À técnica, à raça de Róger Guedes.
E ao coração dos corintianos, que calaram 80 mil peruanos...
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