Campeão Atlético apela para a quarta opção como técnico. O argentino desempregado 'Turco' Mohamed
Improvisação inaceitável. Depois das recusas de Jesus, Carvalhal e Berizzo, Atlético escolhe 'Turco' Mohamed, com currículo fraco, desempregado. E forma oposta de montar seus times em relação ao milionário elenco atleticano
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
Depois da desistência de Cuca e das recusas de Jorge Jesus, Carlos Carvalhal e Eduardo Berizzo, o Atlético Mineiro teve de apelar para seu plano D.
Apenas a quarta opção, o argentino Antônio "Turco" Mohamed, aceitou ser o treinador do campeão brasileiro e da Copa do Brasil. E comandar o elenco de R$ 180 milhões, com o foco assumido: conquistar a Libertadores da América.
A falta de confiança é tanta que o técnico queria três anos de contrato. Mas o Atlético ofereceu um. Com direito a outro ano, dependendo dos resultados do time.
Ou seja, Turco é uma aposta improvisada.
Coube ao executivo de futebol Rodrigo Caetano buscar nomes de treinadores importantes para que um deles assumisse o Atlético Mineiro. Ele apelou para o empresário Cristian Bragarnik, que está se tornando especialista em trazer treinadores argentinos ao país.
Foi Bragarnik o intermediário para a contratação, pelo próprio Atlético Mineiro, de Jorge Sampaoli. E de Ariel Holan no Santos.
O nome não provocou euforia na Cidade do Galo, muito menos entre os torcedores.
"Turco" Mohamed tem 51 anos e um currículo mediano para a expectativa gerada pela própria direção atleticana. Sua principal conquista é a Copa Sul-Americana de 2010, com o Independiente. Depois, três Campeonatos Mexicanos. E duas Copas do México, país com que tem profunda ligação, desde os tempos de jogador.
Treinador desde 2003, passou por equipes pequenas do México, onde encerrou a carreira como atacante rompedor, voluntarioso. Pouca técnica e muita força.
As equipes principais que comandou foram o Independiente, America do México e Monterrey. Teve uma passagem frustrada na Europa, no Celta de Vigo.
Estava havia um ano desempregado, desde que foi mandado embora do Monterrey.
O estilo dos times que comandou é muito diferente do que Cuca havia implementado, com sucesso, no Atlético Mineiro.
O argentino prefere que seus times sejam atacados. Por isso implementa marcação forte nas intermediárias e busca contragolpes velozes. Não é de propor o jogo, imprensar o adversário no seu campo, tomar toda a iniciativa da partida, como era o empolgante Atlético de 2021.
Essa contradição é o grande problema.
Foi terrível para o Atlético Mineiro quando Jorge Jesus deixou claro que não estava disposto a trabalhar em Belo Horizonte, magoado com o Flamengo por ter contratado Paulo Sousa. O estilo do elenco atleticano combina com as características de Jesus. A adaptação seria fácil.
Até com Carvalhal e Berizzo não seria tão fácil encaixar a maneira de pensar o futebol dos dois ao Atlético. Pior ainda com o "Turco" Mohamed.
O que demonstra total improviso da direção do clube diante de uma situação que Cuca já revelara desde o final da Copa do Brasil, em dezembro. Ou seja, houve muita letargia, demora dos dirigentes em definir a situação primordial do treinador do clube campeão do Brasil. E que deseja a Libertadores.
E mais: o Atlético Mineiro foi mexendo no seu elenco com indicações ainda de Cuca. "Turco" Mohamed nem sonhava em assumir o time brasileiro quando ficaram definidas as saídas de Diego Costa, Alonso e Nathan, por exemplo. Assim como as chegadas de Godin e Fábio Gomes.
A postura da diretoria atleticana, com seus mecenas bilionários, foi contra a lógica. Como acontece em vários clubes brasileiros. Contratar e dispensar independentemente da opinião do treinador que comandará a equipe, pressionado por títulos.
Mohamed não estava em condições de fazer exigências.
Muito pelo contrário.
Desempregado havia um ano, ele foi procurado pelo campeão do Brasil. E com salário milionário, de acordo com a imprensa mineira. Ou seja, ele se submeteu às condições que o Atlético impunha.
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Ele fez o que qualquer profissional nas suas condições faria.
O problema é o Atlético.
A expectativa de 2022 é gigantesca, depois do sucesso de 2021. Este ano é fundamental na busca de sócios-torcedores "fidelizados" para a nova arena do clube, que deverá ser inaugurada em maio de 2023.
Mohamed jamais teve um elenco tão poderoso para trabalhar. Com tantos egos para administrar. Com o objetivo/obrigação de conquistar a Libertadores, título que jamais ganhou.
Ou seja, o treinador é uma aposta improvisada alta demais.
Um clube tão importante, e vivendo momento tão especial na sua história, como o Atlético Mineiro não deveria se contentar com a quarta opção para técnico.
Com estilo totalmente oposto ao que fez o clube acabar com seu jejum de 50 anos no Campeonato Brasileiro.
E assumir o favoritismo na Libertadores de 2022, ao lado do Palmeiras e Flamengo.
O Atlético põe todo o seu trabalho vitorioso em risco.
Por pura falta de visão, agilidade de sua diretoria.
Seu futuro está nas mãos do argentino Antônio "Turco" Mohamed.
Desempregado havia um ano.
Com a maior conquista 11 anos atrás, uma Copa Sul-Americana.
Incompreensível...
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