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Cosme Rímoli - Blogs

A última chance de Messi. De tirar a sombra de Maradona das costas. Nunca um jogador foi tão pressionado na final de uma Copa

Aos 35 anos, o futebol deu hoje, aqui em Doha, a última chance de Messi se livrar da sombra de Maradona. E fazer a Argentina tricampeã  do mundo, contra a França de Mbappé. Será tudo ou nada

Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli

Chegou a hora da verdade para Messi. Nunca um jogador foi tão pressionado em uma final de Copa
Chegou a hora da verdade para Messi. Nunca um jogador foi tão pressionado em uma final de Copa

Doha, Catar

"Messi é o melhor jogador do mundo. Vejo muitas características entre mim e ele. Se há alguém que pode ocupar o meu lugar no futebol argentino, seu nome é Lionel Messi.

"Messi tem algo diferente de qualquer outro jogador. Ele dá um exemplo de bom futebol ao mundo.

“Eu não vou deixar que as pessoas digam que Messi não é o fenômeno que ele é só porque ele não ganhou uma Copa do Mundo.


“As coisas que eu vi Leo fazer, tanto nos treinos quanto em jogos, não irão embora se ele não ganhar [uma Copa do Mundo].

"Messi é um grande com ou sem Copa do Mundo. Em 56 anos, eu nunca vi alguém como ele. Agradeço a Deus por ele ser argentino. Nós temos o Messi, o papa Francisco e a mim.


"É inútil querer tornar líder um homem que vai ao banheiro 20 vezes antes da partida. Isso é óbvio. Não deveríamos mais endeusá-lo. Messi é Messi jogando em Barcelona e Messi é Messi jogando pela Argentina; na Argentina é mais um.

"Eu o amo mais do que a ninguém. Porque sei o que ele sofre.


"No dia em que for campeão do mundo pela Argentina, ele vai me tirar das costas.

"E é isso que é o que mais quer.

"Se não for, eu vou estar sempre na sua sombra."

As declarações de amor, de raiva e as palavras proféticas são de Diego Armando Maradona.

Mesmo morto em 2020, ele está mais vivo do que nunca nesta final de hoje, aqui em Doha, no estádio Lusail, na decisão entre Argentina e França.

Messi não sairá o mesmo no fim desta partida.

O recordista, seis vezes melhor do mundo, precisa provar a ele e ao povo argentino. 

Merece, no mínimo, o mesmo carinho, amor, consideração, retribuição do que Maradona.

Nos números frios, Diego não chega nem perto do que foi Messi. Por conta da sua tendência autodestrutiva, sem limites. Drogas, bebidas, mulheres, escândalos, noites em claro.

Mesmo assim, seu talento fascinante e sua liderança o fizeram inesquecível.

Resgatou a autoestima de um país conquistando "sozinho" a Copa do Mundo do México, de forma fabulosa, quando a Argentina acabara de ser humilhada pela Inglaterra na Guerra das Malvinas.

Maradona e Messi em 2010. O resultado foi desastroso. Diego não era um bom técnico. E Messi, imaturo
Maradona e Messi em 2010. O resultado foi desastroso. Diego não era um bom técnico. E Messi, imaturo

Diego ganhou a alma dos argentinos com a conquista no México. A primeira Copa "de verdade". A de 1978 teve fortíssima influência do regime militar, pressionando árbitros, com jogadores peruanos entregando o resultado, perdendo por seis gols, para que a Argentina chegasse à final.

Os argentinos adoram cultuar um personagem. Transformá-lo no herói ou no bandido. 

E Messi foi até a Copa América, de 2021, no desinteressante argentino herói do mundo mas frustrante na Argentina.

Os títulos, a fileira de Bolas de Ouro conquistadas pelo Barcelona não interessavam.

E o seu país? Maltratado por crises financeiras intermináveis, violência, desigualdade, o futebol era a única fonte de orgulho com Diego.

Com Messi, só frustrações.

Até que calou os brasileiros no Maracanã em junho do ano passado. Os perdidos ex-comandantes de Tite não sabiam o monstro que estavam criando. Messi e os argentinos passaram a se amar como nunca. O necessário era o básico vencer.

Depois de 28 anos, uma conquista continental, com a camiseta argentina.

E hoje, depois da frustração de 2014, o futebol reservou a última chance a Messi.

Aos 35 anos, ele não tem mais o arranque, a explosão muscular capaz de executar o drible mais rápido do que o zagueiro tocar na bola.

Com a mesma idade, Maradona estava decadente, de volta ao futebol portenho, no seu Boca Juniors, quase andando em campo. A do México, que ganhou, tinha 26. E a da Itália, vice, tinha 30 anos.

A relação mais próxima que tiveram foi a convivência em 2009 e 2010, quando Maradona comandou a Argentina, na péssima campanha na Copa da África do Sul, com o time eliminado pela Alemanha, nas quartas. Perdendo por 4 a 0.

Nunca foram próximos.

Só no imaginário do povo argentino.

A imagem que atormenta Messi. E que ele tem a chance de exorcizar hoje, aqui em Doha
A imagem que atormenta Messi. E que ele tem a chance de exorcizar hoje, aqui em Doha

Que já entendeu que Messi não tem a personalidade forte de Maradona.

Mas cobra forte o seis vezes melhor do planeta.

Os argentinos entendem que, já que é tão especial para o mundo, que seja para a Argentina.

Faça igual a Maradona.

E conquiste a Copa hoje, em Doha, no Catar.

Ninguém será tão cobrado quanto Lionel Messi hoje.

Não chegará nem perto a pressão sobre Mbappé.

A Copa América foi a primeira conquista de Messi com a seleção argentina principal. Não bastou
A Copa América foi a primeira conquista de Messi com a seleção argentina principal. Não bastou

Ele já foi campeão em 2018.

Messi e Copa do Mundo significaram frustração para a Argentina.

Hoje será tudo ou nada.

Ou se livra de vez da sombra de Maradona.

Ou terá para sempre um reinado de constrangimento no seu país...

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Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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