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Do frescobol ao bronze: brasileiras surpreendem e encantam no tênis

Luisa Stefani e Laura Pigossi chegaram ao bronze olímpico com algo em comum: desde criança jogaram tênis com paixão

Olimpíadas|Eugenio Goussinsky, do R7

Laura (esquerda) e Luisa mantiveram a concentração na disputa final
Laura (esquerda) e Luisa mantiveram a concentração na disputa final Laura (esquerda) e Luisa mantiveram a concentração na disputa final

Nesta segunda-feira, 2 de agosto, Laura Pigossi vai completar 27 anos. O presente, recebido dois dias antes, não poderia ser melhor: um objeto metálico de bronze, de 500 g, pesando dez vezes mais do que uma bolinha de tênis. A medalha de bronze conquistada nos Jogos de Tóquio 2020 é inédita para o tênis brasileiro, tanto no masculino quanto no feminino.

Pela atuação dela, com sua parceira Luisa Stefani, 23 anos, parecia mesmo que esse presente já estava encomendado desde que elas souberam, cerca de uma semana antes do início da Olimpíada, que iriam participar da competição. Substituíram uma série de duplas que desistiram de encarar tão difícil desafio.

Um ponto em comum se destaca na vida delas e aponta para a origem desta conquista há mais de 10 anos, quando ambas eram crianças. As duas iniciaram no tênis com alegria, já apaixonadas pelo esporte. E estimuladas pelos familiares.

"Nos jogos, elas acreditaram em si mesmas como jamais havia se visto antes em um brasileiro no tênis olímpico. Parecia que elas estavam predestinadas para a conquista. Foram aguerridas o tempo inteiro, sem baixar a cabeça em um momento sequer, nem quando estavam em desvantagem. Foi uma autoconfiança impressionante", diz Patrícia Medrado, ex-tenista, campeã pan-americana em 1975 e por 11 anos número 1 no ranking brasileiro.

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A maneira com que elas se inseriram no tênis, é o tipo de situação em que o esportista utiliza esse apoio familiar para ir se estruturando com confiança. Em outros casos, que não é o delas, o esportista supera resistências familiares ou da sociedade e se forma exclusivamente por ele mesmo.

Patrícia ficou encantada com a facilidade delas em acreditar em si mesmas. Para a ex-tenista isso foi fundamental também para que o entrosamento fluísse. Até os Jogos de Tóquio, elas haviam atuado juntas apenas em três torneios, apesar de, ambas sendo naturais de São Paulo, se conhecerem desde criança.

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"O entrosamento delas deu certo porque elas estavam acreditando nelas mesmas. O aspecto psicológico foi o mais importante para essa vitória", afirma.

No caso de Luisa, ela iniciou perto dos 10 anos de idade, em São Paulo, após uma viagem com a família para o Guarujá. O frescobol foi o motivador, já que a mãe dela, desajeitada nas brincadeiras diante do mar, fez questão de entrar em uma academia para aprender a golpear com uma raquete.

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A mais acessível era a de tênis. E, logicamente, a filha quis entrar para não ficar de fora das brincadeiras. A partir de então, não deixou mais o esporte. Aos 14 anos, ela acabou indo morar com os pais na Flórida, onde estudou e, na universidade, ganhou bolsa para praticar tênis. No ano passado se tornou a duplista melhor colocada na história do tênis brasileiro, chegando à 23ª colocação.

Laura também contou com o incentivo do irmão mais velho. E, dentro de um mundo machista, em que as mulheres têm muito mais dificuldades para se inserir esportivamente, possivelmente a confiança transmitida pelo irmão, acabou a ajudando a se manter firme. Assim como suas paralelas e seus back-hands durante a campanha pelo bronze.

Antes do bronze, ela conquistou dois títulos de simples e doze títulos de duplas na turnê ITF (Federação Internacional de Tênis), chegando em 2020 ao 125º lugar no ranking de duplas.

A campanha

Nos Jogos de Tóquio 2020, Laura e Luisa estrearam vencendo por 2 a 0 a dupla formada por Dabrowski e Fichman, do Canadá. Em seguida venceram por 2 a 1 Plíková e Vondrouová, da República Tcheca.

Classificaram-se para as semifinais com vitória por 2 a 1 sobre as americanas Mattek-Sands e Pegula. Só foram perder nas semifinais, por 0 a 2 contra Bencic e Golubic, da Suíça. E, na final, viraram um jogo que parecia perdido, fazendo 2 a 1 contra Elena Vesnina e Veronica Kudermetova, do Comitê Russo.

"Essa vitória vai servir de estímulo para muitas meninas acreditarem que podem seguir no tênis. Claro que depende de vontade política, da Federação, de entidades, de empresas, para que o tênis feminino se desenvolva em um ambiente ainda machista no esporte. Os investimentos ainda são menores no tênis feminino. Mas essa conquista tão visível chega diretamente às meninas, vai servir de inspiração e pode ajudar a impulsionar esse crescimento", diz Patrícia.

A campanha de Laura e Luisa mostrou que a dupla estava obstinada e que a frase dita por Laura a Luisa, logo que souberam que iriam disputar os Jogos, não era só brincadeira: "As últimas serão as primeiras".

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