Treinador desabafa contra críticas à derrota de Cigano no UFC: “Não passam de ratos”
Yuri Carlton afirmou que não se importa com o fato de o pupilo não buscar lutar no solo
Mais Esportes|Diego Ribas, do R7

Passados alguns dias da contundente derrota de Junior "Cigano" para Cain Velasquez no UFC 166, a equipe do brasileiro já se encontra de volta a Salvador, cidade onde o camp do peso-pesado foi desenvolvido.
E, entre os técnicos do catarinense, Yuri Carlton, primeiro professor de arte marcial do atleta, aceitou conversar com a reportagem do R7 para passar suas impressões do combate.
Sem afastar o inegável domínio do americano ao longo dos cinco rounds de disputa, o faixa-preta de jiu-jitsu fez questão, antes de qualquer comentário, de manifestar sua tristeza com as críticas recebidas pelo pupilo que, a exemplo da outra derrota que sofreu para Velasquez, se tornou alvo dos “valentes do teclado” via Twiter, Facebook e fóruns especializados.
— Não tem homem que não fique abalado com críticas não construtivas. Com as construtivas, a gente tenta entender e evoluir. A gente faz um trabalho com toda dedicação do mundo para representar o País e depois a gente vê pessoas denegrindo nossa moral. Eles não passam de ratos. O Cigano está bem, mas chateado, claro. Sua vida é o MMA.
Durante os quase 25 minutos de combate, Cigano tentou boxear e evitar ser derrubado, tática que, parcialmente cumprida, foi engolida pela supremacia física e estratégica do oponente, que o segurou por muito tempo na grade, minando sua força isométrica e comprometendo seu desempenho no decorrer dos assaltos.
No entanto, o cenário foi praticamente uma reedição do duelo realizado em 2012 entre os melhores pesos-pesados do mundo do MMA o que, devido à previsibilidade da forma de luta do campeão, frustrou ainda mais a equipe de Cigano.
— O Cigano não pegou o tempo de luta. Infelizmente, não deu, e o Velasquez impôs o ritmo dele sem dar nenhuma folga. Isso acontece, e só quem sabe é quem luta. Nossa estratégia é ganhar, não importa como [risos]. Pretendíamos usar mais a movimentação e anular as quedas e também as entradas do Cain, para que o Cigano usasse seu boxe mais eficiente, ou até mesmo algumas jogadas de jiu-jitsu que treinamos.
Responsável por entregar a Cigano o grau máximo da arte suave, Yuri, que treina com o peso-pesado antes mesmo do catarinense ingressar no boxe pelas mãos de Luiz Carlos Dorea, não questiona as habilidades do pupilo no chão, mas também não clama por mais momentos de combate no solo.
Lembrando que, ao contrário dos demais atletas do UFC, Cigano não teve carreira amadora em nenhuma modalidade isolada e, por isso, todas as suas habilidades são voltadas para o uso nas regras do MMA, Carlton reconhece, sem briga de egos, que seu aluno tem que buscar a luta em pé, como sempre fez no octógono mais famoso do mundo.
— O Cigano ainda é um garoto, e isso não é nenhuma desculpa. Ele só tem oito anos como atleta, então tudo para ele ainda é novo. Ele é um atleta de MMA, mas ele é um striker. Talvez ainda falte fazer mais lutas, mas isso vem com o tempo. Sinceramente, pouco me importa como ele vai ganhar, eu quero a vitória. Mas, se você perceber, ele tentou triângulo, tentou guilhotina... Foram poucas, mas quando a oportunidade surgiu, ele tentou executar. É tudo uma questão de momento.