'Homens grandes não sabem bater lance livre': entenda casos na NBA
Wilt Chamberlain e Shaquille O’Neal tinham dificuldade de frente para cesta. Atualmente, Giannis Antetokounmpo é quem sofre
Mais Esportes|André Avelar, do R7

Quem acompanhou a cultura do basquete no início dos anos de 1990, certamente se lembra do célebre Homens brancos não sabem enterrar. Se lançado sob uma nova versão, o filme diria que há ainda um outro problema: ‘homens grandes não sabem bater lance livre’. A mecânica de arremesso de jogadores de mais de dois metros de altura ainda é um enigma na NBA.
Na comédia, Sidney Deane (Wesley Snipes), negro, dribla a própria desconfiança e aceita formar dupla com Billy Hoyle (Woody Harrelson), branco, e que parecia não saber jogar, para desafiar atletas amadores em jogos rápidos pelas quadras públicas de Los Angeles, nos Estados Unidos. Transportado para a atualidade, quem Sidney escolheria para uma eventual competição de lances livre?
Certamente, não seriam os jogadores mais altos. Há algumas exceções na maior liga de basquete do mundo, claro, mas os números levantados pela Betway, em um trabalho com a Basketball Reference, mostram a dificuldade dos gigantes ao longo dos anos, quando estão sozinhos, parados, de frente para a cesta.
Ben Wallace, de 2,06 metros, que jogou na NBA de 1996 a 2012, lidera a triste estatística. O pivô terminou a carreira com 41,4% de aproveitamento, o equivalente a 1.109 acertos em 2.679 tentados. O também ex-pivô Chris Dudley, de 2,11 m, que atuou de 1987 a 2003, aparece na segunda posição, com 45,8% de acertos.
A terceira posição é de um nome que ainda está nas quadras. Andre Drummond, de 2,08 m, irrita os torcedores dos Los Angeles Lakers quando vai para a linha de lance livre. Até hoje, foram 3.099 arremessos tentados, para 1.457 convertidos, o equivalente a 47,1%. A posição de Drummond? Pivô — companheiros de posição, DeAndre Jordan (47,4%) e Clint Capela (53,4%) também são nomes de destaques no ranking indesejado.

Por outro lado, atualmente, o camaronês Joel Embiid e o sérvio Nikola Jokic têm respectivamente aproveitamento de 80,8% e 83,5% da linha de lance livre, além de também arriscarem bolas de três pontos. Para mostrar que não é um padrão internacional, o grego Giannis Antetokounmpo teve um aproveitamento de 69% na última temporada, mas carece de uma crise de confiança.
Não raro os jogadores fazem propositalmente falta no jogador, em tática já usada com Wilt Chamberlain e Shaquille O’Neal. Para ajudar na pressão, a torcida adversária em geral faz uma contagem regressiva de dez segundos para apressar o astro.
Na temporada em que anotou a histórica pontuação centenária, em 1961/1962, Chamberlain chegou a ser enviado para a linha de lance livre em 17 oportunidades em uma única partida. Durante um período, chegou a mudar o estilo de arremesso e passou a jogar a bola debaixo para cima. Não adiantou muito. O pivô, de 2,16 m, terminou a carreira com 51,2% de aproveitamento.
A tática de parar Chamberlain foi repetida nos anos 2000 com o “Hack-a-Shaq”. O ataque ao Shaq, da mesma altura, foi a arma de muitos adversários, em momentos decisivos. O quatro vezes campeão da NBA, eleito o melhor jogador das finais em três oportunidades, acertou apenas 52,7% das bolas quando esteve de frente para a cesta.
Para o site especializado Wired, a dificuldade desses homens grandes é sempre a mesma. A bola de basquete fica extremamente pequena, como uma bola de tênis para pessoas encontradas na média da população, e daí a principal dificuldade. Ou seja, nem tanto a angulação do arremesso em razão da altura, mas o que atrapalha é a dificuldade em posicionar as mãos na bola. Velocidade do braço e flexão das pernas podem ser trabalhadas. O tamanho da mão não dá para mudar.
Ainda segundo os estudos, posicionar a mão dominante atrás da bola, a outra exatamente ao lado, flexionar as pernas, alinhar o braço, cotovelo e mão e manter os olhos focados na parte de trás do aro fazem parte da receita para um bom arremesso de lance livre. O melhor ângulo seria o de 52 graus, com uma pequena margem de erro, dentro de uma velocidade adequada.
Pode parecer difícil ou, pelo menos, cheio de regras muitos. Mas não deveria ser difícil entre os melhores jogadores da história do basquete. Na contramão dos erros dos pivôs, os armadores e alas, de estatura e mãos menores, têm melhor aproveitamento. Stephen Curry é o recordista de lances livre convertido. As estatísticas apontam para 3.222 arremessos batidos, sendo 2.922 convertidos, o que resulta em um aproveitamento de 90,6%.
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