Corinthians vende joia e prepara operação de guerra para quitar Itaquerão
Empréstimo do BNDES começa a ser pago em julho; Cassini vai para o Palermo, da Itália
Corinthians|Do R7
Sonhar tem seu preço. E no caso do Corinthians, um tanto salgado. Por isso, o departamento financeiro do clube tem se dedicado em fazer contas e mais contas para dar início, em julho, ao pagamento das parcelas relativas ao empréstimo para a construção da Arena, em Itaquera, o grande sonho da nação corintiana. A dívida com os bancos chega a R$ 750 milhões e o BNDES começa a recolher sua parte no próximo mês – o acerto com a Caixa terá início em novembro.
Além do auxílio bancário, em 2011, ainda sob a gestão de Gilberto Kassab, a Câmara Municipal de São Paulo aprovou que a Prefeitura concedesse até R$ 420 milhões de incentivos fiscais para a construção do estádio por meio de Certificados de Incentivo ao Desenvolvimento (CIDs), uma espécie de papel negociável no mercado.
O Corinthians recebeu os CIDs no valor de 50 mil cada um, e com eles poderia abater até 60% do Imposto sobre Serviços (ISS) e 50% do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU). Os papéis ainda poderiam ser vendidos no mercado financeiro – o comprador obteria desconto sobre o valor de face e também poderia usa-los para quitar dívidas municipais. Tudo isso em tese. Pois aí reside a grande polêmica dos CIDs, com clube e Prefeitura se acusando sobre a emissão (ou não) destes documentos.
Fato é que o Corinthians só conseguiu vender as duas primeiras cotas dos Certificados de Incentivo ao Desenvolvimento, no valor de R$ 50 mil cada, nesta terça-feira (19). E para a construtora Odebrecht, parceira responsável por erguer o estádio do Timão. O valor corresponde a 2,45% do total de CIDs emitidos pela Prefeitura de São Paulo.
Acompanhe a seguir em que pé estão outras receitas importantes para o Corinthians conseguir pagar a suntuosa dívida da Arena, hoje estipulada em mais de R$ 1 bilhão.
Renda
Desde que passou a jogar em sua casa nova, o Corinthians tem quebrado recordes de arrecadações de bilheteria. No entanto, o clube não pode contar com o dinheiro vindo das arquibancadas já que toda a verba angariada nas partidas vai para um fundo destinado ao pagamento da obra do estádio. Até agora, o Corinthians calcula que tenha mais de R$ 45 milhões nesta “poupança”. É por isso que a vexatória eliminação na Libertadores, para o Guaraní (PAR), foi tão sentida pelos cofres do clube, que esperava faturar alto com o torneio continental.
Naming Rights
Inicialmente, a ideia do Corinthians era que boa parte do custo do estádio fosse paga com a venda do nome dele. Mas isso não aconteceu, ao menos por enquanto. Para o departamento de marketing do Timão, o assunto segue em pauta. Em entrevista recente ao diário Lance, o novo diretor de marketing do clube, Marcelo Passos, reafirmou que a pedida às empresas interessadas segue de R$ 400 milhões pela parceria, que pode durar até 20 temporadas. “Os valores são os mesmos, nada mudou e não vamos baixar”.
Porém, corre nos bastidores que por conta da demora em fechar negócio o Corinthians já aceitaria R$ 300 milhões. Ou menos, em caso de contratos mais curtos (R$ 100 milhões por cinco anos). Contra o clube o apelido de Itaquerão, que pouco a pouco vai pegando entre os torcedores e afastando possíveis interessados em renomear a Arena Corinthians.
Camarotes
Faturar com a venda dos camarotes da Arena Corinthians, além das cadeiras cativas corporativas, é outra missão tida como emergencial entregue ao departamento de marketing do clube. O início da venda dos espaços começou há um mês e 20 dos 89 camarotes foram negociados. O clube acredita que possa faturar R$ 30 milhões por ano com camarotes e R$ 27 milhões com cadeiras cativas.
Patrocínio
O Corinthians fechou nesta quarta-feira (20) os últimos detalhes do patrocínio de camisa com a 99Taxis. O anúncio do acordo foi divulgado por meio da assessoria de imprensa da empresa, que pagará R$ 3,5 milhões até o fim do ano para estampar a marca no ombro do uniforme. A estreia do novo patrocinador do Timão acontecerá neste domingo (24), na partida diante do Fluminense, no Maracanã, pela terceira rodada do Brasileirão.
Até então, Caixa Econômica Federal e a Tim eram os únicos patrocinadores de camisa. A primeira paga R$ 30 milhões anuais, enquanto a segunda R$ 2,5 milhões.
Receitas de TV
Uma das principais fontes de renda dos clubes de futebol diz respeito à venda dos direitos de transmissão dos jogos para a televisão. Porém, neste ano, o Timão não tem nada a receber. Toda a cota de 2015, na casa de R$ 120 milhões, já foi adiantada pela gestão do ex-presidente Mário Gobbi. A partir do ano que vem o montante saltará para R$ 170 milhões.
Sócios-Torcedores
O Fiel Torcedor, programa de sócios-torcedores do Corinthians, superou a casa de 102 mil associados neste mês. O número ultrapassou a meta inicial do clube, que era de 100 mil. O crescimento se deu depois do lançamento do pacote “Minha Paixão”, que custa R$ 9 mensais e tem como público-alvo os corintianos que moram longe de São Paulo. Atualmente, o Fiel Torcedor rende R$ 2,5 milhões por mês aos cofres do clube.
Venda de Jogadores
Destaque do Corinthians no título da Copa São Paulo de Juniores, o meia-atacante Matheus Cassini (foto) foi negociado pelo Timão nesta semana. O clube não pensou duas vezes ao receber uma proposta do Palermo, da Itália, de R$ 5 milhões pela joia. O Timão, que detém 70% dos direitos econômicos do atleta ficará com R$ 3 milhões. Além disso, o clube terá 10% do lucro de uma futura venda de Cassini.
Nesta temporada, o clube já liberou três jogadores que eram das categorias de base. O zagueiro Pedro Henrique e o atacante Tocantins foram para o Bragantino, e o lateral-esquerdo Guilherme Arana foi emprestado ao Atlético-PR.