Seu time é patrocinado pela Caixa? Se prepare para o bom e barato em 2015
É grande a possibilidade do banco deixar de patrocinar vários clubes que dependem desta verba
Futebol|Eugenio Goussinsky, do R7
Enquanto novas diretrizes da economia do País não são reveladas, boa parte dos clubes brasileiros vive um momento de indefinição. Após a reeleição da presidente Dilma Rousseff, há no mercado a forte impressão de que a Caixa Econômica Federal, dentro de uma nova política de contenção de gastos, deixe de patrocinar equipes de futebol.
Com isso, o retorno de muitos jogadores de nome, como Robinho, Luís Fabiano, Alexandre Pato, que tinha se tornado mais frequente, não só pode ser interrompido, como pode dar espaço para um novo êxodo em massa dos jogadores.
A tendência é essa, na visão de grande parte dos economistas, que já vislumbram mudanças de estratégia da equipe econômica assim que o novo ministro da Fazenda seja nomeado. Francisco Faria Júnior, da LCA Consultores, é um dos que pensam desta maneira. Para ele, os clubes precisam pensar em novas formas de arrecadação, que não dependam de verbas públicas.
— Ainda há dúvidas na política a ser adotada, já que a presidente ainda não disse quem vai ser o ministro da Fazenda. Mas o estágio atual da economia indica que o governo terá de fazer um controle das contas públicas no próximo ano e, neste meio de caminho, é possível que haja menos recursos da Caixa para os clubes de futebol.
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A possibilidade assusta grande parte das agremiações, já que a Caixa Econômica Federal, de longe, é a empresa que mais tem investido no futebol. O banco federal atualmente patrocina 14 equipes pelo Brasil, sete delas só na Série A, sem contar o Vasco da Gama, uma equipe de expressão que está na Série B.
São investidos, por ano, R$ 105,9 milhões em patrocínios nas camisas. O Corinthians recebe o maior valor, R$ 30 milhões por ano, em acordo que se encerrará no fim de 2014. Em segundo está o Flamengo, com R$ 25 milhões anuais. Depois vem o Vasco, ficando com a quantia de R$ 15 milhões. Na maioria das vezes a Caixa faz acordos por ano justamente para ter flexibilidade em caso de mudança estratégica do governo.
Faria Júnior aponta para o fato de os clubes manterem gastos exorbitantes em seus departamentos de futebol. Para ele, é algo que afeta entidades esportivas do mundo inteiro.
— Os valores no futebol estão muito altos. Mesmo clubes muito ricos, na Europa, que recebem muitos recursos, estão com dificuldades para se manter. Muitos deles tem de diminuir os valores.
Ele prossegue dizendo que, neste contexto inflacionado, sem tantos recursos estruturados, os clubes brasileiros passam mais sufoco. E terão ainda mais dificuldades com a ausência de um patrocinador forte como a Caixa.
— Os valores vão ter de ser reduzidos no Brasil também, e de forma mais intensa. Há uma grande possibilidade de vermos jogadores caros, que recebem altos salários, não poderem mais atuar no país.
Seguindo este ponto de vista, os clubes já se preparam para entrar em 2015 buscando remodelar suas equipes. Pressionados também pela Lei de Responsabilidade Fiscal do Esporte, que está para ser aprovada, eles terão de fazer cortes no orçamento.
E a repatriação de craques ou a contratação de estrelas ficará cada vez mais difícil. O torcedor de vários clubes de ponta já pode começar a se preparar para uma nova política do bom e barato no futebol brasileiro.