Possível volta de Ganso mostra carreira longe do ídolo Giovanni
Meia novamente deixa a desejar na Europa e tem retorno ao Brasil cogitado; ex-jogador se firmou no Barcelona antes de encerrar carreira no Santos
Futebol|André Avelar, do R7
Camisas 10, habilidosos, paraenses, criados nas categorias de base do Tuna Luso, mas com trajetórias completamente distintas no futebol. Paulo Henrique Ganso chegou a trilhar o mesmo caminho de Giovanni, mas a possível volta ao Brasil, depois de outro fracasso na Europa, demonstra o abismo entre os dois ex-craques do Santos.
Ganso, hoje com 29 anos, inegavelmente não rendeu o que lhe era prometido. Se sucessivas lesões nos joelhos o atrapalharam no Santos (2008 a 2012), o meia tentou se reencontrar no São Paulo (2012 a 2016). A habilidade no pé esquerdo deixava claro que ainda havia um craque ali ainda que fora do tempo do futebol atual.
COSME: Ganso. O minúsculo Amiens. A última chance de ser protagonista
Diferentemente de Giovanni, Ganso não foi bem em sua grande chance no futebol europeu. A crítica mais comum ao jogador era a de que ele não conseguia acompanhar o ritmo do ataque adversário e também deixava o jogo do seu time mais lento. Nem algumas boas partidas no Sevilla (2016 a 2018) o livraram de um empréstimo ao modesto Amiens (2018 até hoje).
Giovanni, ou ‘G10vanni’, como a torcida da Vila Belmiro acostumou a se referir ao seu camisa 10, deixou Tuna Luso (1991 a 1992), Remo (1993), Paysandu (1993 e 1994) e Sãocarlense (1994) para virar ídolo no Santos (1994 a 1996) . O curioso é que ele não precisou conquistar títulos para ter um lugar no coração dos mais apaixonados por futebol.
O meia, este destro e também com profunda visão de jogo, se tornou ídolo muito mais pela sua personalidade dentro de campo. A atitude do jogador no vice-campeonato no Brasileirão de 1995 foi a maior prova de que um ídolo não se faz apenas com troféus. A semifinal contra o Fluminense daquele campeonato está presente na memória talvez até mais do que a polêmica derrota para o Botafogo na decisão.
Em termos de título, Ganso tem muito mais troféus. A parceria com Neymar e Robinho nos primeiros anos foi fundamental para a sua carreira. O camisa 10 conquistou o tricampeonato Paulista (2010 a 2012), a Copa do Brasil (2010) a Libertadores (2011) e a Recopa (2012). No São Paulo, ele ainda conquistou a Copa Sul-Americana (2012). Daí veio a transferência para a Europa.
Relação fria
Giovanni, que levou o conterrâneo para fazer testes no alvinegro praiano, hoje mantém uma relação fria não só pela distância. Os dois chegaram a jogar juntos em 2010, mas a forma como Ganso saiu teria tumultuado o relacionamento. A amizade inclusive com a família foi praticamente acabada por relação à divisão do atleta mais jovem em uma futura venda.
"Temo pelo futuro dele [Ganso]. Pelas suas atitudes e pelas de quem o gerencia. Ele pode acabar em um time da segunda divisão da Espanha", chegou a dizer Giovanni, em entrevista ao jornal O Liberal, em 2012.
Na seleção brasileira, enquanto Giovanni disputou uma Copa do Mundo (França 1998), Ganso esteve apenas perto de uma (África do Sul 2010). O primeiro deles disputou 20 jogos e fez seis gols com a camisa verde-amarela; o segundo acumula dez jogos e um gol marcado.
Contato com Sampaoli
Fiel ao futebol ofensivo, Jorge Sampaoli, o atual técnico do Santos, conhece muito bem o futebol de Ganso. O argentino, que chegou nesta temporada ao CT Rei Pelé, trabalhou com o meia no Sevilla e, de cara, assim como muitos outros técnicos, se rendeu pela sua capacidade de armar o jogo.
As partidas foram passando, os resultados não saíram como o esperado e, de repente, Ganso não estava nem mais no banco de reservas. De alguém que, segundo o site Transfermarkt, chegou a valer 18 milhões de euros (aproximadamente R$ 77 milhões nos dias de hoje) em 2011, o atleta foi escanteado e virou moeda de troca com o Amiens.
Para se ter uma ideia, o time francês hoje briga contra o rebaixamento na Ligue 1 e, mesmo assim, Ganso também pouco frequenta os jogos. Até aqui, foram apenas 13 partidas e nenhum gol marcado, desde que chegou em agosto de 2018.
"Trabalhei com o Ganso no Sevilla, indiquei sua contratação. Ele tem qualidade incrível que ainda não pôde consolidar na Europa. Sua saída do Sevilla não foi como sua transcendência merece. Agora joga na França, mas vamos conversar com o presidente sobre as prioridades”, chegou a dizer Sampaoli, em sua apresentação no Santos.
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Pouquíssimo aproveitado e ainda com algumas jogadas magistrais no imaginário de dirigentes, Ganso teria sido sondado também por São Paulo e Flamengo. Até agora as negociações não avançaram.
Provação no futebol europeu
Se esperou sua volta para levantar um troféu relevante pelo Santos, o do Paulista e da Copa do Brasil (ambos em 2010), Giovanni esbanjou títulos com a camisa do Barcelona. Logo em seu primeiro destino na Europa, o jogador conquistou a Supercopa (1996), a Copa do Rei (1996/1997 e 1998/1999), a Recopa Europeia (1997) e o Espanhol (1997/1998 e 1998 e 1999).
Os inúmeros troféus não o fizeram propriamente ídolo, mas ajudaram Giovanni a se provar no futebol europeu. A imprensa esportiva e os torcedores entenderam rapidamente que toques tão bonitos quanto raros não levavam os times a grandes conquistas.
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Esse salto na carreira é justamente o que Ganso ainda persegue. Ainda que Giovanni tenha rodado por Olympiacos-GRE, Al Hilal-ASA e Ethnikos Piraeus-GRE, o agora ex-jogador deixou boa imagem no Velho Continente e, quando retornou ao Brasil, foi para terminar a carreira no Mogi Mirim e no Santos, quando já passava dos 37 anos.
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