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Inter busca título histórico para coroar a 'saga' de Abel

Ex-lateral-direito Cláudio Duarte, do Inter nos anos 70, relembra conquistas e analisa o momento da equipe que pode se sagrar campeã neste domingo (21)

Futebol|Eugenio Goussinsky, do R7

Abel conseguiu unir o elenco do Inter
Abel conseguiu unir o elenco do Inter Abel conseguiu unir o elenco do Inter

Voltar a comemorar um título do Campeonato Brasileiro é um desejo que acompanha o torcedor do Internacional desde 1979, ano que encerrou um capítulo de glórias na história do clube, campeão também em 1975 e 1976. O mundo deu muitas voltas desde então, o nacional passou a ser disputado em pontos corridos e o futebol no país perdeu aquele brilho de outrora.

Craques como Falcão, Figueroa, Carpegiani não estão mais em campo, mas para o torcedor, independentemente do modelo de jogo, voltar a conquistar o principal título nacional, se vencer o Flamengo, neste domingo (21), a partir das 16h, no Maracanã, é um pouco, reviver o passado.

"A expectativa que tenho é a mesma de antes do jogo entre Inter e Fluminense, no Maracanã, pelas semifinais de 1975. O Flu era uma máquina, e o Inter ainda não tinha se firmado no cenário nacional. Éramos um time mais regional. O técnico Rubens Minelli fez uma alteração importante, tirou o Escurinho da meia e colocou o Caçapava como volante. Ele parou o Rivellino, vencemos e fomos para a final. Hoje, o momento é outro, a equipe não é boa como aquela, mas o título teria um sabor especial", lembra o cardiologista Miguel Gus, 59 anos, torcedor fervoroso do Inter.

Um dos líderes daquela equipe, o ex-lateral-direito Cláudio Duarte, conta que aquele esquadrão do Inter foi montado com consistência e planejamento. Algo que, no atual cenário do futebol brasileiro, não acontece. O time do Inter se formou a partir de 1969, mesmo ano em que o Beira-Rio foi inaugurado, com a inclusão de jogadores de acordo com as necessidades. Falcão, por exemplo, estreou em 1973.

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"É muito difícil comparar o Inter dos anos 70 com o de hoje. Naquela época, a formação dos elencos era diferente. O time campeão em 1975 e 1976 já deveria ter sido campeão em 1974, ano de rendimento excepcional, sendo campeão invicto do Gaúcho e tendo time para ser campeão nacional. O Inter, naquela época, capacitava a equipe, em pontos nos quais via alguma fraqueza. A montagem do time começou em 1969. Era a época da Lei do Passe e as equipes não trocavam seus jogadores como hoje", lembra.

No banco, a participação dos técnicos Rubens Minelli (em 1975 e 1976) e de Abel Braga, no atual Inter, foram determinantes. O treinador campeão em 1979 foi Ênio Andrade. Minelli soube moldar a equipe, sem tanta pressão e com certa tranquilidade. Já Abel teve o papel de, além de se superar, levar a equipe a superar seus percalços em uma temporada muito turbulenta, que pode ser descrita como uma saga.

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Gus lembra de todas as adversidades com as quais a equipe teve de se deparar, a começar pela saída repentina do técnico Eduardo Coudet, que deixou o clube para trabalhar no Celta. Depois, quatro jogadores tiveram lesões nos ligamentos do joelho (Rodrigo Moledo, Guerrero, Boschilla e Saravia), algo que o médico acredita ser inédito na história do futebol.

Abel foi contratado às pressas e, segundo informações que Gus recebeu de fontes do próprio Inter, chegou abalado, ainda por causa da morte de seu filho e o momento complicado na carreira. Durante o início difícil, o técnico ainda pegou covid-19 e sua recuperação não foi tão fácil, apesar dele não ter sido internado. Com uma força ímpar, Abel conseguiu resistir, reencontrando o ânimo para também ter a capacidade de motivar o grupo.

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"Ele mudou seu semblante, ficou mais animado, e o time foi vencendo a ponto de recuperar a posição, tendo ficado muitos pontos atrás do líder. Não pela qualidade do time em si, mas por todas essas circunstâncias, ainda tendo de enfrentar um Flamengo muito superior tecnicamente, caso o time conquiste o título, será um momento absolutamente marcante na história do clube. Nos anos 70, o Inter não era tão grande, mas tinha um elenco qualificado. Hoje, ao contrário, o elenco é mais limitado, mas o clube tem uma dimensão muito maior".

Técnico atualizado

Cláudio Duarte também enaltece o trabalho de Abel, seu contemporâneo nos tempos de jogador. Abel, inclusive, bebeu na fonte de Minelli, mostrando-se atualizado, ao contrário do que seus críticos diziam.

Abel montou um meio-campo versátil, com uma tática semelhante à de Minelli nos anos 70, em que os meias avançavam e recuavam. E, assim como o time de Minelli, já precursor naquela época, Abel soube variar o tipo de marcação, utilizando muitas vezes a pressão no próprio campo do adversário, situação que ficou plenamente configurada no jogo contra o São Paulo, em que o Inter venceu por 5 a 1, no Morumbi.

"Com a troca dos técnicos, no fim do ano passado, vieram dificuldades, mas aí surgiu a capacidade do comandante, líder e treinador, o Abel, com sua habilidade enorme de fazer gestão de equipe, de elenco, no quesito relacionamento, estabeleceu uma situação positiva que permitiu que o Internacional, apesar das dificuldades do momento anterior, se recuperasse e se apresentasse como um candidato ao título na condição de líder na penúltima rodada, após, durante vários momentos na competição não ser considerado o favorito", observa Cláudio.

Para o ex-lateral, que, na equipe de Minelli, tinha a liberdade de avançar e apoiar as investidas do ponta Valdomiro, o Inter chega com força.

"O Inter chega bem para esse jogo decisivo, sem a grande responsabilidade da conquista, em relação àqueles que investiram muito mais e se diziam sempre os melhores. O futebol é um dos poucos esportes em que nem sempre os melhores ganham. O Inter é candidato sim, não diria favorito, a disputar o título numa das melhores condições nos aspectos coletivo e associativo dos jogadores, com uma grande liderança e uma estabilidade emocional dos jogadores, que pode ajudar o Inter", completa.

Sobre a equipe campeã dos anos 70, Cláudio aponta outra característica própria: em vez de um único líder, a equipe tinha vários grupos que exerciam a liderança.

"Tínhamos um time em campo, mas um elenco muito forte, com jogadores que se tornavam ídolos mas se doavam e eram um suporte. O grupo era dividido por várias 'facções' positivas, quatro ou cinco grupos de jogadores que tinham afinidade entre si, mas que no campo, no trabalho e no treino se tornavam um só grupo. Isso foi deveras importante nas campanhas todas. Um jogo de futebol não é só saber jogar, tem de ter comportamento, determinação e comprometivento para entender que o futebol é um jogo associativo"

O segredo daquele time, segundo Cláudio, era saber evoluir mesmo nas derrotas. 

"Tínhamos um ditado muito batido na época em que nós dizíamos, a cada jogo nós ganhamos ou aprendemos. Perder nunca. O dia que não tivermos o resultado positivo, dizíamos, vamos aprender a lição do porquê não conseguimos. Esse era o lema daquele grupo", completa.

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